Economia

Juros vão cair? Campos Neto, do BC, defende decisão “técnica” e não “política”; assista ao vídeo

21 abr 2023, 14:18 - atualizado em 21 abr 2023, 14:18
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Recado: Em Londres, Campos Neto afirmou que “países que abandonaram o sistema de meta tiveram inflação muito mais alta” (Imagem: Lide/ Felipe Ferugon)

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que a decisão de cortar a taxa básica de juros, a Selic, deve seguir critérios “técnicos” e não “políticos”. A declaração foi dada, durante sua participação na Lide Brazil Conference, realizada em Londres nesta quinta (20) e sexta-feira (21).

A declaração é uma nova resposta da autoridade monetária ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tem atacado publicamente o Banco Central. Para Lula, manter a Selic nos atuais 13,75% impede o país de crescer, já que desestimula os investimentos de empresas e o consumo das famílias.

O presidente chegou inclusive a sinalizar que poderia rever a autonomia do Banco Central, sancionada pelo seu antecessor, Jair Bolsonaro, em fevereiro de 2021.

“O timing técnico é diferente do timing político”, afirmou Campos Neto. “Por isso que a autonomia [do Banco Central] é importante: para dar à sociedade a garantia que a gente tem funcionários técnicos tomando decisões técnicas”, afirmou à plateia.

Lula também não vê sentido em manter as atuais metas de inflação, consideradas muito baixas, diante da realidade global de choque de preços causado pelo desarranjo das cadeias produtivas, devido à pandemia de Covid-19, e do aumento dos preços do petróleo após a invasão da Ucrânia pela Rússia.

A atual meta de inflação de 2023 é de 3,25%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. para 2024, a meta é ainda menor: 3%, com a mesma margem de tolerância. O problema é que o próprio mercado projeta índices bem maiores, segundo o Boletim Focus do Banco Central.

O presidente do BC também defendeu a manutenção do sistema de metas de inflação, e sinalizou que se sente confortável com a atual meta de 3%. “O Brasil tem uma meta de inflação compatível com vários outros países emergentes”, disse.

“A inflação desancorada faz com que o custo da inflação seja muito mais alto e muito mais duradouro. Países que abandonaram o sistema de meta tiveram inflação muito mais alta”, acrescentou.

Campos Neto: Brasil não será uma nova Argentina

Campos Neto também aproveitou para alfinetar a proposta de arcabouço fiscal enviada pelo governo Lula ao Congresso nesta semana, atribuindo ao projeto um incipiente movimento de descolamento das expectativas do mercado. Segundo ele, “a inflação de mercado vinha caindo, mas, nos últimos dias ela deu uma volta por causa do texto do arcabouço.”

Apesar das preocupações, ele ressaltou que o Brasil não deve virar uma Argentina – pelo menos, por enquanto. De acordo com Campos Neto, a situação brasileira é bem mais confortável que a da vizinha, cuja inflação explodiu justamente por abandonar o sistema de metas, segundo o banqueiro.

Assista à palestra de Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, na Lide Brazil Conference, realizada em Londres.

Diretor de Redação do Money Times
Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.
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