Automóveis

Lei da oferta e da demanda falha nas montadoras e comprar carro não ficará mais barato; entenda

22 mar 2023, 14:04 - atualizado em 22 mar 2023, 14:16
montadoras
Montadoras dão férias coletivas aos funcionários devido à baixa demanda por automóveis (Imagem: REUTERS/Nacho Doce)

A Volkswagen, GM (General Motors), Hyundai, Mercedes-Benz e Stellantis precisaram interromper as operações de suas montadoras e dar férias coletivas aos funcionários, devido à desaceleração da demanda por automóveis.

A redução de vendas de veículos no Brasil está atrelada a alta dos juros, que diminui o potencial de financiamentos atrativos para o bolso do consumidor. Com a situação, há mais automóveis nos pátios das montadoras do que clientes que possam comprar.

Segundo dados da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), o ano de 2023 já iniciou em desaceleração do setor. Em janeiro, houve queda de 34% nos emplacamentos de automóveis, veículos comerciais leves, caminhões e ônibus, em comparação com dezembro de 2022.

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Em fevereiro, houve uma queda menos expressiva, de 9% em relação a janeiro.

Para Antonio Jorge Martins, professor do setor automotivo da FGV (Fundação Getúlio Vargas), o declínio da demanda, que está atrelada ao poder de compra do consumidor, é o principal fator envolvido na paralisação das montadoras. Entretanto, há ainda o custo elevado dos financiamentos, que impacta diretamente no poder de compra.

Além disso, aponta que a taxa de juros do financiamento, além de inibir o comprador, também impacta os bancos.

“Na medida que o custo está elevado, existe um risco maior para a instituição financeira que está concedendo o empréstimo, e com isso eles restringem a concessão de crédito”, explica.

Preços não vão cair, montadoras estão se precavendo

Apesar de a lei da oferta e da demanda indicar que, com muitos produtos e queda na procura, os preços diminuam, este não é o caso das montadoras.

O professor da FGV, Antonio Jorge Martins, aponta que a paralisação poderia, sim, gerar uma redução de preços, contudo, na prática, se trata de uma mudança de estratégia das montadoras de, ao invés de focar em volume de produção, focar em margem de rentabilidade.

“Na prática, o mercado mundial se voltam para pesados investimentos e, para tal, existe a necessidade de geração de lucro e de caixa. Neste sentido, elas preferem paralisar a produção até uma nova realidade de mercado e continuam produzindo com os mesmos preços”, explica.

Dessa forma, a paralisação atual é justamente uma forma de evitar que os preços precisem ser avaliados. “Adequando a produção ao nível de demanda, elimina-se a necessidade de uma redução de preços”, avalia.

Fatores para retomar a produção

De acordo com Martins, na prática, a primeira coisa que precisa acontecer para a retomada da produção é que a demanda, efetivamente, se eleve.

Além disso, a recuperação do poder aquisitivo e as condições de compra são fatores importantes. Neste cenário, pontua que, diante da dificuldade de reverter o poder de compra da sociedade no curto prazo, a melhora nas condições de venda pode impulsionar a demanda, por exemplo, com menores custos e melhores prazos de financiamento.

Repórter
Formada em jornalismo pela Universidade Nove de Julho. Foi redatora na área de marketing digital por 2 anos e ingressou no Money Times em 2022.
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