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Lensa viraliza Inteligência Artificial, mas seu avatar está trabalhando para eles

04 dez 2022, 12:40 - atualizado em 04 dez 2022, 12:40
Inteligência Artificial Lensa dados
A imagem em si, foto do rosto do usuário, não é comercializada pelo aplicativo, entretanto existem “brechas” nesses termos (Imagem: PIxabay)

O aplicativo Lensa virou febre recentemente entre os usuários da internet. O aplicativo lançou uma funcionalidade no dia 21 de novembro chamada Magic Avatars, que mescla selfies e arte digital com uso de inteligência artificial.

O Magic Avatars custa entre R$10 e R$ 20 por pacote de imagens gerado e pede ao usuário que importe entre dez e vinte fotos suas, com variações de fundos, expressões e posições. 

Mas além de pagar com dinheiro, o usuário também é o produto, e paga o serviço com seus dados. Conforme os pontos da Política de Privacidade de Dados do aplicativo, sua imagem está protegida, porém, seu avatar ultra-realista nem tanto. Confira:

Quais dados são realmente seus?

No ítem 2 do termo, é discorrido sobre quais dados do usuário são coletados de forma direta. Entre eles, suas fotos da galeria do celular.

“Fotos e vídeos que você fornece quando usa o Lensa, por meio de sua câmera ou rolo da câmera, se você nos concedeu permissão para acessar sua câmera ou rolo da câmera. Você fornece essa permissão por meio da solicitação que aparece em seu dispositivo móvel (pode variar dependendo do sistema operacional do dispositivo).”

Além das fotos, seu gênero, dispositivo que usou para acessar  e localização baseado no seu IP.

Não apenas no aplicativo, como o tráfego fora dele também é monitorado pela empresa, sendo não apenas limitado para pesquisa, mas para uma ampla gama de situações. Confira a “brecha”.

“Com o seu consentimento, usamos tecnologias para coletar informações sobre suas atividades online ao longo do tempo e em sites de terceiros ou outros serviços online (rastreamento comportamental)[…]Isso nos ajuda a melhorar o Lensa e a fornecer um serviço melhor, incluindo, mas não limitado a, nos permitir estimar o tamanho de nosso público e padrões de uso e reconhecer quando você usa o Lensa.”

No que diz respeito à imagem em si, a foto do rosto do usuário não é comercializada pelo aplicativo. Entretanto existem “brechas” nesses termos.

Não usaremos seu rosto, apenas seu rosto

O termo diz não ter acesso às fotos originais carregadas pelo usuário. Essas fotos são armazenadas apenas no dispositivo e excluídas após 24 horas.

“O que vemos são apenas as informações anônimas, conforme descrito acima, sobre as características técnicas da foto (posição dos rostos, orientação, sua topologia em sua imagem e/ou quadro de vídeo).”

O aplicativo, inclusive, possui uma ferramenta para que o usuário possa excluir as fotos carregadas no dispositivo antes das 24 horas de ultimato. Tudo parece bem protegido, mas é agora que a “brecha” entra em vigor.

“As imagens (foto ou vídeo) que você nos fornece no ou por meio do Lensa e/ou outras informações relacionadas a rostos humanos obtidas de suas imagens (foto ou vídeo) e/ou usando tecnologias TrueDepth API, como ARKit, são os “Face Dados” . Os dados faciais serão considerados os dados pessoais”.

Ou seja, não se encaixam nessa categoria as imagens geradas por Inteligência Artificial, estas por sua vez não são consideradas como dados pessoais pelo aplicativo e não possuem qualquer diretriz de privacidade.

O termo não discorre sobre como são usadas as imagens, porém é discriminado bem claro como os dados pessoais (sua foto) não é usada.

“Não obstante qualquer disposição em contrário em outras Seções desta Política de Privacidade em relação aos Dados Pessoais, nós não:

  • Usamos os dados faciais para identificar qualquer usuário individual.
  • Usamos os dados faciais para fins de autenticação, publicidade ou marketing ou para atingir um usuário de maneira semelhante.
  • Usamos os dados faciais para criar um perfil de usuário ou, de outra forma, tentar, facilitar ou encorajar terceiros a identificar usuários anônimos ou reconstruir perfis de usuário com base nos dados faciais.
  • Transferir, compartilhar, vender ou fornecer os dados faciais para plataformas de publicidade, provedores de análise, corretores de dados, revendedores de informações ou outras partes. Para possibilitar que você use a função Magic Avatars do Lensa, processaremos imagens/fotos de rosto humano (fornecidas por você) por meio da tecnologia Stable Diffusion AI . No entanto, suas fotos enviadas são excluídas imediatamente após você receber o resultado no recurso Magic Avatars.”

Uma atenção especial para o último item. É novamente deixado claro que as fotos usadas para gerar os avatares com Inteligência Artificial são excluídas, e essas, apenas essas, se encaixam na categoria de dados pessoais.

Finalmente, no item 5 do termo (como usamos as informações coletadas), em uma parte que trata sobre exceções dos usos de imagens, é reforçado que as imagens, e os dados que se encaixam como pessoais, são excluídos do aplicativo após 24 horas.

Porém, para aplicar diferentes filtros estilizados ou efeitos às fotos, dizem poder fazer upload dessas fotos para os provedores de nuvem que usam (Google Cloud Platform e Amazon Web Services).

“Nesse caso, as fotos: (i) ficam disponíveis para nós anonimamente e (ii) são excluídos automaticamente em até 24 horas após serem processados ​​pela Lensa.”

Na nona subseção deste mesmo item: “Para treinar nossos algoritmos de rede neural. Usamos suas fotos e vídeos para treinar nossos algoritmos para um melhor desempenho e mostrar melhores resultados. Temos um interesse legítimo em fazê-lo e fazemos o possível para minimizar os dados que recebemos e não anular os direitos e liberdades dos usuários a esse respeito.”

Repórter do Crypto Times
Jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Repórter do Crypto Times, e autor do livro "2020: O Ano que Não Aconteceu". Escreve sobre criptoativos, tokenização, Web3 e blockchain, além de matérias na editoria de tecnologia, como inteligência artificial, Real Digital e temas semelhantes. Já cobriu eventos como Consensus, LabitConf, Criptorama e Satsconference.
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Jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Repórter do Crypto Times, e autor do livro "2020: O Ano que Não Aconteceu". Escreve sobre criptoativos, tokenização, Web3 e blockchain, além de matérias na editoria de tecnologia, como inteligência artificial, Real Digital e temas semelhantes. Já cobriu eventos como Consensus, LabitConf, Criptorama e Satsconference.
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