Coluna da Roberta Scrivano

Lideranças femininas no mercado financeiro e de inovação dão dicas de como se tornar referência nessas áreas

19 out 2022, 10:25 - atualizado em 19 out 2022, 11:49
Mulher Trabalho
Participação das mulheres no mercado financeiro está crescendo. Veja os relatos de líderes e executivas de sucesso na carreira (Imagem: Pixabay)

A participação das mulheres está crescendo no mercado financeiro, de tecnologia e de inovação. Entretanto, essa mudança acontece a passos mais lentos do que gostaríamos.

De acordo com dados da B3, as mulheres ocupam apenas 23,62% dos postos do mercado financeiro nacional.

Líderes e executivas de sucesso contam como foi a entrada no mercado de trabalho e o que é importante ter em mente para avançar em uma carreira de sucesso. Confira:

Roberta Antunes, CGO e co-fundadora da Hashdex

Eu acredito que Blockchain é uma tecnologia que tem o potencial de impactar significativamente a grande maioria das indústrias. Mas, pelo fato de blockchain e cripto fazerem uma intersecção com o mercado financeiro tradicional e o setor de tecnologia, duas áreas historicamente dominadas por homens, a participação de mulheres em projetos de blockchain ainda é muito restrita. Se quisermos um futuro no qual as mulheres tenham mais espaço na liderança, precisamos trazer essas mulheres para a blockchain agora.

Carolina Zanotta, CLO e diretora de governança e ESG da Trybe 

Quando migrei de uma advocacia de escritório para gestora de um departamento jurídico de empresa, tive que me reinventar como profissional e me abrir para novos aprendizados, em especial gestão de pessoas e liderança. Digo que foi quando me reapaixonei pela minha profissão. Foi um momento transformador e do qual me orgulho por ter experimentado com tanta abertura, pois nem todo mundo está disposto a abrir mão de uma trajetória mais linear.

O maior aprendizado que tirei dessa transição foi sobre a necessidade de ser curiosa e estar aberta a novas experiências. Minha dica para quem procura uma trajetória de liderança menos linear, independentemente da área de atuação, é se colocar aberta para novas oportunidades e não se auto-sabotar. Quando a oportunidade surgir, não se prender àquela primeira impressão de que precisamos estar mais preparadas para assumir um novo desafio. Pelo contrário, agarrar a oportunidade sem racionalizar muito e se permitir experimentar, dar um voto de autoconfiança e mergulhar de cabeça. Ainda que esteja insegura, a verdade é que somente saberá vivendo um dia após o outro. E no tempo, sua autoconfiança irá naturalmente crescer à medida em que a curva de aprendizado vai se estabilizando.

Juliana Innecco, head de investimentos do Torq, núcleo de inovação aberta da Sinqia

Para trabalhar com inovação não existe uma formação acadêmica única que te prepare totalmente. Nesse mercado, há pessoas formadas em administração de empresas, engenharia, publicidade, economia, direito, entre outras carreiras. Não basta o conhecimento técnico, que é adquirido em cursos, especializações e MBAs – também são importantes aquelas habilidades chamadas de “soft skills”. O ser empreendedora ou agente de inovação está ligado a uma mentalidade, ao apetite ao risco e à capacidade de enxergar além do óbvio. Construa a sua comunidade, se rodeie de pessoas que agregam valor, conheça o ecossistema, estude, seja atenta e questionadora. Pode não ser uma jornada tão fácil, mas para mim é cheia de aprendizados, desafios e a certeza de que estou contribuindo para a construção de algo de impacto para a sociedade.

Maria Teresa Fornea Caron, fundadora da BCredi e atual VP do ecossistema imobiliário da Creditas

Inovar é querer mudar o status quo, ser inconformada e querer fazer a diferença. Uma boa dica é escolher um tema ou problema que te provoque e gere interesse, já que você dedica bastante tempo e energia a ele. O mais importante é que o propósito seja genuíno. A partir daí, é importante procurar pessoas interessadas pelo mesmo propósito, exercitar a resiliência e ter uma boa dose de coragem para fazer acontecer. A evolução acontece um passo de cada vez e não em um tiro curto, por isso lembre-se sempre de se cuidar em meio a tudo e estar aberta a testar, acertar, errar e mudar de rota. O que vale é aproveitar a jornada e não se fixar em qual será o destino final.

Daniela Furlani, head de marketing da Gavea Marketplace

O percentual de mulheres que atuam em posições de liderança tem crescido ao longos dos anos, e alguns dos fatores importantes que nós, como mulheres, temos que levar em conta – essencialmente – é o de interagir bem diante das diversidades de habilidades e conhecimentos e dos desafios entre os profissionais, além de absorver o conceito de melhoria contínua para nossa carreira. Eu posso dizer que esses princípios têm agregado muito, principalmente, quando aplicados com resiliência e flexibilidade na gestão de pessoas e dos desafios do time como um todo. Vale ressaltar que precisamos ter a capacidade de empatia e sempre ajudar as pessoas a alcançarem mais, porque liderar é agir como exemplo e mostrar as soluções

Camila Souza, head de marketing da RGS Partners

Para manter-se à frente no mercado, em um cenário de constantes e rápidas transformações, as organizações devem construir lideranças capazes não apenas de adotar as mudanças, mas de prosperar a partir delas. As mulheres, em especial, lidam bem com cenários de mudança, por terem flexibilidade e inteligência emocional como aliadas. Conduzir um negócio pressupõe algumas características fundamentais, como prática de escuta ativa, espírito de cooperação e capacidade de agir em múltiplas direções

Cada vez mais clientes fazem escolhas por empresas mais conscientes e humanas. E uma comunicação mais humana é capaz de ampliar a capacidade de conexão e engajamento com diferentes públicos, bem como o potencial para a criação de relacionamentos de confiança. Nesse ponto, a contribuição feminina é inquestionável, aportamos sensibilidade e empatia à comunicação, palavras-chave para o momento, especialmente no segmento B2B.

À medida em que essas posturas vão sendo cada vez mais demandadas no ambiente corporativo, lideranças femininas tornam-se imprescindíveis.

Anna Carolina Xandó, Coordenadora de Comunidade da Voxus

É muito importante buscar fazer parte de uma empresa com cultura e ambiente que sejam receptivos para nós mulheres. A Voxus é uma startup que nasceu apenas com homens em sua criação e hoje mais de 45% da empresa são mulheres, pois houve essa preocupação em abrir espaço para pessoas diferentes do que já tinham na empresa.

Na Voxus a cultura é um dos pontos chave, pois é algo importante e que é praticado no dia a dia. Convivo em um ambiente onde sou respeitada, acolhida, tenho voz ativa, tenho autonomia, confiança, liberdade para propor projetos e abertura para expor minhas opiniões, agregando nas visões estratégicas e criativas da empresa.

Beatriz Nantes, COO do Grupo Empiricus

O principal conselho para mulheres que queiram empreender é estarem preparadas para adaptação, porque mesmo com muito preparo as coisas vão mudar e serão difíceis, então é muito importante estar preparada para mudar os planos quando a realidade muda.

Escutamos muito falar sobre resiliência, mas essa capacidade de adaptação é muito difícil. Escutamos muito sobre não desistir, mas na prática é algo muito difícil. Então meu conselho é esse, que a pessoa esteja pronta para mudanças, que é algo que não é fácil, mas com certeza mulheres ou homens que forem empreender irão se deparar com isso.

Isabel Nasser, sócia-fundadora da Kestraa

Dois conselhos que eu daria: o primeiro é construir um time bom, focar e investir bastante tempo em buscar as melhores pessoas para trabalhar com você. Acho que esse é um investimento que vale muito a pena sempre.

E a segunda dica seria buscar um mentor. Isso é uma coisa muito interessante para alguém que já tem mais experiência em empreendedorismo e que topa conversar e saber dos problemas, dar conselho às vezes até se aproximar bastante do negócio, mas é muito interessante ter uma mentoria de alguém que conheça um pouco do negócio e tenha essa experiência prévia, isso pode ajudar bastante.

Paula Ponzi, sócia-fundadora da Ovo Comunicação

Não basta ter boas ideias e bons produtos, é preciso ter bons argumentos e saber comunicar o que você precisa vender. Para isso, é necessário ser direto e objetivo. Foi com esse pensamento que comecei a construção da Ovo lá em 2017, depois de um background de mais de uma década no mercado financeiro, e é assim que conduzo o meu trabalho até hoje.

A assertividade e qualidade são grandes marcas do trabalho da Ovo. Nosso time é composto majoritariamente por mulheres que desempenham um trabalho excepcional. Me orgulho da história que estamos construindo com criatividade, respeito e muita seriedade. Se eu pudesse dar uma dica, diria para que as mulheres se comuniquem com firmeza e clareza, questionem comportamentos inaceitáveis, combatam o patriarcado e conquistem seus espaços sem medo

Thais Aquino, sócia e responsável pelos produtos internacionais da StartSe

Se empreender é resolver problemas não tenho dúvidas de que mulheres são grandes empreendedoras. Mulheres são peritas em encontrar e resolver problemas. São incansáveis em maximizar seu tempo para atender às suas necessidades, às de seus times, às de amigos, às da família e quem mais fizer parte do seu cotidiano.

Isso, sem dúvidas, nos aproxima de um mundo de gestão de qualidade diferenciada.

O que nos distancia do mundo da inovação? Preparo. As mulheres que são fundadoras e líderes de empresas de sucesso são preparadas. Conhecem o seu produto, o mercado, a concorrência, a estratégia de outros setores.

A boa notícia? Temos cada vez mais empresas de sucesso fundadas e geridas por mulheres. O mercado precisa de muito mais. Por isso, é fundamental que mulheres se capacitem, busquem conhecimento e se aproximem de quem faz a diferença.

 Viviane Ferreira, CHRO e cofundadora da Tiba

Nós mulheres precisamos, primeiramente, acreditar mais em nós mesmas e tentar deixar a síndrome da impostora de lado, por mais difícil que seja esta tarefa. Sobre ocupar mais espaços, é importante estudar sobre os temas de interesse, e participar de grupos e criar conexões com lideranças femininas são um bom ponto de partida. Em paralelo, as empresas precisam promover esta inclusão, construindo políticas efetivas de equidade de gênero.

O marco na minha vida profissional aconteceu quando migrei da área de operações para área de pessoas. Tive que me reinventar e ultrapassar barreiras muito desafiadoras e este momento foi um divisor de águas na minha vida. Foi quando eu entendi que era a minha paixão apoiar no desenvolvimento de pessoas, atendendo às expectativas da organização e, ao mesmo tempo, ter no meu dia a dia tecnologia e inovação em um ecossistema criativo, que me permitiu me desenvolver profissionalmente.

Tabatha Fonseca, head de pessoas & cultura da Gavea Marketplace

Sem dúvidas, ocupar espaço na área de tecnologia requer investimento em qualificação e, principalmente, na atuação como líderes humanos. Essa liderança humanizada é fundamental para a gestão dessa nova geração ‘tech’. Precisamos estar abertas a vulnerabilidade, criar ambientes seguros através da escuta ativa e diálogos francos e também abrir espaço para a co-construção de soluções, estimulando a autonomia e dando voz ao time.

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