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Light (LIGT3): Entenda por que investidores temem futuro da companhia

07 fev 2023, 13:48 - atualizado em 07 fev 2023, 13:48
Light
Mercado pode ter penalizado mais as ações da Light por causa do escândalo contábil da Americanas. (Imagem: Facebook/Light)

A Light (LIGT3) precisa refinanciar um volume relevante de dívidas que vence a partir de 2024, mas credores “dificilmente” aceitarão realizar a operação sem garantia de que a concessão da distribuidora do grupo será renovada após 2026.

A avaliação é da XP Investimentos, após a notícia de que companhia contratou a Laplace Finanças para assessorar na análise de estratégicas financeiras. Na segunda, Lauro Jardim, do jornal O Globo, disse que a empresa deve entrar com pedido de recuperação judicial.

As ações da companhia recuavam 9% hoje, acumulando baixa de 25% em uma semana. 

Para a XP, é possível que o mercado esteja penalizando mais a empresa por causa do escândalo contábil da Americanas (AMER3). O rombo na varejista, avalia, elevou a percepção de risco dos investidores.

“Mas situações que levaram as duas empresas a serem mais acompanhadas recentemente não se assemelham de nenhuma maneira”, disse a corretora.

No terceiro trimestre, a Light reportou aumento de 21% da dívida líquida, na base anual, a R$ 8,7 bilhões.

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Tudo sobre uma concessão

Diferente de outras empresas do setor, a concessão da Light Sesa é a única de distribuição detida pela Light S.A. – o que, na avaliação dos analistas da XP, aumenta os riscos ao grupo.

A companhia tem até junho de 2023 para demonstrar interesse na renovação. Após isso, a Aneel teoricamente possui 18 meses para responder (final de 2024).

“O consenso no mercado é de que a Light precisa negociar com a Aneel a renovação antecipada da concessão, dando assim maior segurança aos acionistas e credores”, diz a XP em relatório assinado por Camilla Dolle e equipe.

No entanto, dizem os analistas, para que a renovação aconteça, seria “prudente” uma revisão no contrato e a criação de metas mais realistas de perdas.

A Light tem um alto nível de perdas de energia na área de concessão, com elevado furto de energia (“perdas não técnicas”).

E se a Light não tiver concessão renovada?

No caso de não renovação da concessão, a Light teria cerca de R$ 10 bilhões a receber referentes a ativos nos quais investiu e que ainda não foram depreciados (RAB).

Segundo Dolle, o pagamento provavelmente seria feito pelo próximo concessionário, via outorga. Mas, diz, “provavelmente” haveria ainda discussões sobre prazos e valor a ser efetivamente recebido.

“Um ponto de atenção é uma possível complexidade para o Estado do Rio de Janeiro encontrar outros operadores privados com interesse em atuar na área de concessão da Light e ainda pagar o volume da outorga” .

Editor
Jornalista formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), com MBA em finanças pela Estácio. Colaborou com Gazeta do Povo, Estadão, entre outros.
kaype.abreu@moneytimes.com.br
Jornalista formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), com MBA em finanças pela Estácio. Colaborou com Gazeta do Povo, Estadão, entre outros.