Internacional

Lula defende ação do Brics ante ‘colapso sem precedentes’ do multilateralismo

06 jul 2025, 15:13 - atualizado em 06 jul 2025, 15:13
lula brics
(Imagem: REUTERS/Ricardo Moraes)

Em discurso na abertura da cúpula do Brics, neste domingo (6), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o mundo passa por um “colapso sem precedentes” do sistema multilateral, e que o bloco é, hoje, o grupo que tem de trabalhar pela sua atualização.

“A ONU completou 80 anos no último dia 26 de junho e presenciamos um colapso sem paralelo do multilateralismo”, disse Lula. “O Brics é herdeiro do Movimento Não-Alinhado. Com o multilateralismo sob ataque, nossa autonomia está novamente em xeque. Avanços arduamente conquistados, como os regimes de clima e comércio, estão ameaçados”.

A fala do presidente abriu a primeira das plenárias da cúpula do Rio, e a única que inclui apenas os membros plenos do bloco: Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Egito, Etiópia, Indonésia, Emirados Árabes Unidos e Irã. Nas demais, ainda neste domingo e na segunda-feira, os debates incluirão também os membros parceiros.

Na primeira rodada de discussão, centrada em paz, segurança e reforma da governança global, Lula criticou a perda de credibilidade e a paralisia do Conselho de Segurança da ONU, e a decisão da Otan de aumentar em 5% os investimentos em gastos militares.

“Se a governança internacional não reflete a nova realidade multipolar do século 21, cabe ao Brics contribuir para sua atualização”, defendeu.

A reforma do Conselho de Segurança é uma reivindicação histórica do Brasil, e se tornou um dos temas centrais do Brics, que tem dois dos países com direito a veto no Conselho entre seus membros, China e Rússia.

Este ano, na declaração final da cúpula, o documento final irá defender o apoio à entrada de Índia e Brasil em uma eventual reforma, mas sem restringir a esses dois países, além da inclusão de um representante da África. O tema foi um dos contenciosos na negociação da declaração, já que Egito e Etiópia não aceitavam que a África do Sul, membro inicial do bloco, fosse apontada como a representante da região.

Lula voltou a criticar os conflitos internacionais, citando nominalmente a invasão russa da Ucrânia, pedindo diálogo para um cessar-fogo e abertura de negociações de paz. Ele também mencionou os ataques de Israel à Faixa de Gaza, classificando novamente como genocídio.

Em sua fala, o presidente retomou a defesa brasileira da solução de dois Estados para a crise entre israelenses e palestinos, afirmando que a solução só será possível com o fim da ocupação israelense e a criação de um Estado palestino.

Esse é outro ponto que dificultou as negociações da declaração final da cúpula, sendo superado apenas no sábado. A posição é defendida pelo Brics, com exceção do Irã, que não reconhece a existência do Estado de Israel, além de ter sido atacado pelos israelenses há poucas semanas.

No debate, de acordo com uma fonte, os iranianos não queriam a menção à solução de dois Estados, mas foram vencidos pela maioria, inclusive porque já haviam aceitado a mesma linguagem em documentos anteriores.

“Um dos requisitos para entrada no Brics é a aceitação do arcabouço anterior de decisões do bloco, e isso foi aceito por todos os novos membros”, disse a fonte.

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A Reuters é uma das mais importantes e respeitadas agências de notícias do mundo. Fundada em 1851, no Reino Unido, por Paul Reuter. Com o tempo, expandiu sua cobertura para notícias gerais, políticas, econômicas e internacionais.
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