Majestade dividida: Duas ações para arrancar lucros do Ibovespa em maio, segundo 22 analistas

Abril não foi um mês fácil para investidores de bolsa. O Ibovespa, por exemplo, despencou 1,7%. As carteiras recomendadas dos bancos e corretoras também caíram juntas. O período foi marcado por uma série de notícias negativas, que vão de crises geopolíticas aos problemas do governo na hora de fechar o orçamento para o ano que vem.

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Mas, mais do que isso, o que de fato doeu no bolso do investidor foi a inflação ainda resistente dos Estados Unidos. Jerome Powell, o presidente do Federal Reserve, continua a bater o pé e ver números fortes para a economia americana. Dessa forma, o que antes era dado como certo (o corte) agora se tornou mais nebuloso, como explica a Ágora Investimentos.

“O mês de abril, talvez, tenha sido determinante para os investidores globais enfim entenderem o quão difícil será a missão do Fed em trazer a inflação para próximo da meta de 2% ao longo dos próximos meses (ou seriam anos?)”, provoca.

Diante desse cenário, recorda, os principais mercados internacionais colheram perdas generalizadas (e, em muitos casos, acima de 3%), embora não suficientes para reverter os ganhos que foram dos três primeiros meses do ano.

A Empiricus lembra que na ausência de uma agenda forte de balanços, os mercados focaram na macroeconomia. “A inflação comportada no Brasil não foi suficiente para reverter o pessimismo causado pela re-inflação nos EUA, principalmente considerando a interdependência da nossa política monetária com o cenário externo”, discorre.

Com todo esse clima ruim, o fluxo estrangeiro fugiu em direção aos rendimentos das Treasuries pelo quarto
o mês consecutivo, embora questões específicas internas também possam ter contribuído para isso.

“A mudança na meta fiscal de 2025, que passou a ser um déficit zero (ante superávit de 0,5% do PIB anteriormente), além da maior percepção de risco institucional, podem ter exercido sua influência”, destaca.

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E o lucro das empresas?

Apesar do cenário incerto, o BB Investimentos lembra que mesmo considerando o cenário macro, as expectativas para os lucros das empresas continuam altas.

“Incorporando o quadro macroeconômico e de mercados mais recentes, chegamos à conclusão que as surpresas negativas em relação ao desempenho da bolsa no Brasil ao longo desse primeiro quadrimestre, que tiveram como tema central o vai e vem das discussões sobre a condução de política monetária nos EUA, não foram traduzidas em revisões negativas de lucros por parte de nossos analistas.

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Os analistas dizem que pelo contrário, não houve revisões para baixo das estimativas de resultados para o ano, o que confere à bolsa um suporte de valuation e reafirma as projeções iniciais sobre o desempenho do índice. O BB tem expectativa de 141 mil pontos para o Ibovespa.

Mais indicadas

Em levantamento realizado pelo Money Times com 22 analistas, dois pesos-pesados empataram na lista de mais recomendadas: Itaú (ITUB4) e Vale (VALE3).  Veja lista a seguir:

Segundo o BB Investimentos, a mineradora segue apresentando evolução operacional com controle de custos. 

Para o banco, a empresa mostra uma alocação de capital disciplinada sem deixar de entregar um elevado nível de retorno ao acionista. 

A avaliação é feita mesmo em um momento de incertezas em relação ao cenário macroeconômico na China e seu enfraquecido setor imobiliário. 

“No 1T24, apesar da sazonalidade mais fraca do período, a Vale apresentou crescimento de volumes de minerais ferrosos e de cobre na comparação anual, o que compensou parcialmente os menores preços médios realizados, preservando as margens operacionais”, disse o BB Investimentos. 

A Vale reportou Ebitda ajustado de US$ 3,3 bilhões no primeiro trimestre, em linha com o consenso, e registrou a maior produção no período desde 2019 – o que ajudou no desempenho de custos no trimestre. 

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A Terra Investimentos afirmou que, com os resultados recentes, a empresa consolida sua posição como uma escolha atrativa para investidores interessados no setor de mineração. 

A corretora destacou a retomada esperada para níveis históricos de demanda por aço e a possibilidade de aumento da demanda por metais devido a conflitos como a guerra entre Rússia e Ucrânia.

Já o Santander reconhece que a tese de investimento da Vale continua altamente dependente da China, mas diz ver os fundamentos que apoiam os preços do minério de ferro no curto prazo ainda sólidos, especialmente no momento de transição na sazonalidade de produção no Brasil e na Austrália.

“Olhando para 2024, esperamos que o mercado de minério de ferro permaneça relativamente equilibrado”, disse o banco. 

Itaú não perde a pose

Os analistas citam continuidade de resultados favoráveis para sustentar a recomendação do bancão.

“Permanecemos com nossa indicação de Itaú, pois acreditamos que, dentre os grandes bancos de nossa cobertura, o Itaú segue a opção mais equilibrada entre crescimento e rentabilidade, graças a um mix de crédito favorável, dividido entre perfis PF, PJ, grandes empresas e varejo alta Renda”, disse o BB Investimentos. 

Para os analistas da instituição, mesmo com o prognóstico mais restritivo para o ambiente de política monetária, o Itaú deve registrar um impacto marginal neste momento. O banco, segundo eles, permanece com boas dinâmicas. 

“As quedas recentes das ações são uma oportunidade de ingresso”, disseram. 

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O Itaú foi a ação com pior desempenho no setor bancário de grande capitalização em abril – o que, para analistas do BTG, não faz sentido. “A ação é um consenso para os investidores e em um cenário de saques dos fundos de ações, ela pode sofrer, mas não vemos nenhuma razão fundamental para tirá-la”, notaram. 

Eles afirmam que o Itaú passa pela transformação digital mais eficaz entre os bancos. As premissas fornecidas pelo guidance do Itaú, segundo o BTG, sugerem um lucro líquido de R$ 40 bilhões (+12% na base anual) em 2024. 

O Itaú registrou lucro recorrente gerencial de R$ 9,8 bilhões, alta de 15,8% ante o mesmo período do ano passado, mostra documento enviado ao mercado no dia 06 de maio. 

O número ficou em linha com a expectativa da Bloomberg, que aguardava lucro de R$ 9,7 bilhões.

Menção especial para a Petrobras

A Petrobras galgou posições e agora e está em terceiro lugar, não figurando na liderança por apenas uma indicação. A petroleira recebeu 12 recomendações, contra nove do mês passado.

A melhora das expectativas das corretoras ocorre em meio a mais uma polêmica envolvendo o pagamento de dividendos. A petroleira chegou a suspender a distribuição de proventos extras em abril, mas voltou atrás, seguindo um posicionamento da União. 

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No dia 25, a Assembleia Geral Ordinária (AGO) da Petrobras aprovou a distribuição de um total de R$ 94,3 bilhões em dividendos relativos a 2023, incluindo nessa conta R$ 22 bilhões em dividendos extraordinários. A cifra corresponde a 50% dos R$ 44 bilhões mantidos na reserva de remuneração de capital. As ações passaram a ser negociadas ex-dividendos a partir do último dia 3 de maio.

Segundo o serviço de notícias Broadcast, do Grupo Estado, a decisão sobre os 50% restantes da reserva será tomada até 31 de dezembro. Para o Santander, embora amplamente antecipado e esperado pelo mercado, o pagamento recente é favorável, pois eleva o dividend yield 2024E para 13% (considerando o Brent a US$ 86 o barril). 

“A decisão da AGO inspira confiança em relação ao potencial pagamento dos 50% restantes ao longo do ano, o que elevaria o dividend yield do ano para 17%”, disse o banco. 

Com Kaype Abreu