Mercado em alerta: Tensões políticas e Super Quarta agitam a semana do Ibovespa
Tensões políticas, revisão de expectativas econômicas e Super Quarta: a semana já começou agitada para o mercado brasileiro. No Giro do Mercado desta segunda-feira (8), Paula Comassetto recebe Larissa Quaresma, analista da Empiricus Research, para comentar os principais destaques desse cenário.
Após uma queda de mais de 4% na última sexta-feira, o Ibovespa (IBOV) se recupera parcialmente nesta segunda.
A pré-candidatura de Flávio Bolsonaro à Presidência foi recebida com preocupação pelo mercado, que vê o movimento como uma divisão a direita e como uma desorganização das alianças que vinham se formando em torno do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. A atenção dos investidores segue no cenário eleitoral.
A movimentação da semana passada já é analisada como uma prévia da volatilidade possível para o período eleitoral do ano que vem. Além das mobilizações políticas, 2026 será marcado por diversos feriados prolongados e pela Copa do Mundo de futebol que devem acrescentar ainda mais volatilidade aos negócios.
Para a analista, o movimento do mercado, porém pode ter sido precipitado. “Ainda tem muita coisa para acontecer até as eleições do ano que vem e também existe uma discussão se essa pré-candidatura realmente vai acontecer”, afirmou Quaresma.
Hoje, com um cenário de recuperação parcial da bolsa, a especialista aponta uma abertura de oportunidades. Apesar da volatilidade prevista, Quaresma ainda aposta principalmente em empresas que dependem pouco do cenário macroeconômico e que podem anunciar dividendos nesse final de ano.
Macro e micro
Do lado corporativo, o principal destaque do dia ficou com o IRB (IRBR3), após o JP Morgan elevar as recomendações para compra. O anúncio da Lojas Renner(LREN3)de Juros sobre Capital Próprio (JCP) no valor de mais de R$223 milhões também chamou a atenção.
Entre as maiores quedas do Ibov, entram Natura (NTCO3), Hapvida (HAPV3) e Hypera (HYPE3).
Já do lado macroeconômico, investidores também digerem o Boletim Focus, divulgado hoje. A projeção do mercado para o IPCA de 2025 caiu de 4,43% para 4,40%, a quarta redução seguida. Para o de 2026, a perspectiva saiu de 4,17% para 4,16%.
As estimativas para o PIB, por outro lado, melhoraram: agora o mercado vê crescimento de 2,25% em 2025, 1,80% em 2026 e 1,84% em 2027.
“A queda das expectativas de inflação é muito importante para viabilizar um corte de juros sustentável para o Brasil. A expectativa da Super Quarta para os Estados Unidos é de um corte de juros pelo Federal Reserve (Fed) e no Brasil a aposta é de manutenção e juros e Selic a 15%”, afirmou a analista da Empiricus Research.
No cenário internacional, o debate segue em volta da possibilidade de corte de juros nos Estados Unidos e para a sucessão de Jerome Powell para o Fed. A principal aposta do mercado é na nomeação de Kevin Hassett para a presidência da instituição.
A possibilidade do cessar-fogo na Ucrânia também está no radar e movimenta a cotação do petróleo, após uma declaração do enviado dos Estados Unidos que afirmou que o fim da guerra pode estar muito próximo.