Pecuária de corte

Mercado firme do boi em Mato Grosso assiste atento aos casos da covid-19 em frigoríficos

24 jul 2020, 14:55 - atualizado em 24 jul 2020, 15:29
JBS
Trabalhadores das plantas da JBS são os mais afetados pela covid-19 no MT, segundo o MPT (Imagem: JBS/Imprensa)

Os donos do maior rebanho brasileiro de bois monitoram com atenção a situação dos frigoríficos do Mato Grosso, com os altos e baixos nos casos de contágio pelo novo coronavírus nos funcionários.

De um lado, pelo temor de agravamento, bloqueando plantas, enquanto pelo lado exportador o risco da China suspendendo as importações.

Até agora não há notícias de prejuízos maiores, mesmo com informações de 14 unidades contando com trabalhadores contaminados, em 14 municipios, envolvendo plantas da JBS (JBSS3), Marfrig (MRFG3), Minerva (BEEF3) e Agra Agroindústria de Alimentos, de acordo com o levantamento do Ministério Público do Trabalho (MPT).

A unidade do Marfrig em Várzea Grande ainda estaria suspensa, enquanto que a Agra teria reavido a habilitação para a China na semana passada. Os frigoríficos não comentam.

Num momento em que os negócios estão firmes, amparados pela entressafra encurtando a oferta, um ciclo de paralisações ou abates recuando por afastamentos de funcionários pode devolver a pressão aos pecuaristas.

“Sim, preocupa, mas até o momento não temos notícias de problemas na nossa região”, diz Carlos Eduardo Dias, da Marca 40. Ele fala de Alta Floresta, norte do Mato Grosso, onde há informações de seis funcionários afastados pela covid-19 do JBS. Segundo também os dados do MPT até ontem colhidos em Colider, na zona de Alta Floresta, há 78 testados com o vírus na planta do JBS.

Na torcida para o cenário ficar estável também está o presidente do Sindicato Rural local, Valmir Coco, para quem os preços até mudaram para cima de ontem para esta sexta (24). “O mercado firme” deu ganho de R$ 4,00 na @ do boi de pasto, indo a R$ 192, vaca a R$ 180 e novilhas a R$ 183. E escalas de abate para 1º de agosto.

A região Sudoeste do Mato Grosso já teve dias piores, com as indústrias de Pontes e Lacerda, por exemplo, cortando produção quando houve um número maior de funcionários afastados do abate e desossa. Agora vai se normalizando com a volta a serviço de muitos e a queda da contaminação na cidade, segundo o produtor Luciomar Machado. O MPT indica 58 casos entre funcionários de frigoríficos.

Em Araputanga, onde também há um JBS, a situação estaria ficando um pouco mais vulnerável nos últimos dias. O órgão de fiscalização aponta 46 notificações até quinta.

“Mas dentro da média de muitas outras regiões, sob ciclos de baixas em algumas cidades, outras em estabilização e pequenas altas em outros lugares”, completa o produtor, para quem o cenário segue no radar, mas sem prejuízos nos negócios, ainda mais com as escalas voltando ao normal.

No Leste do estado, o diretor regional da Associação dos Criadores do Mato Grosso, Marcos Jacinto, de Canarana, também aventa a “pontualidade” dos casos nos frigoríficos, mas entende, sim, que o período de “interiorização da pandemia” é “complicado”. Não longe dele, em Confresa há 75 testados positivos também do JBS.

Os últimos dados do IBGE, do 1º trimestre, mostram que o Mato Grosso concentrou 17% dos abates nacionais de bovinos e 21,2% das exportações.

 

Repórter no Agro Times
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
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