Retrospectiva 2023

Merreca de dividendos: As ações que frustraram acionistas em 2023; o que fazer?

18 dez 2023, 20:53 - atualizado em 18 dez 2023, 21:30
Dividendos
A estratégia de ganhar dinheiro na bolsa via dividendos continua com bons ganhos, mas algumas empresas ficaram aquém (Imagem: REUTERS/Bruno Domingos)

A estratégia de ganhar dinheiro na bolsa via dividendos continua com bons ganhos. Em 2023, o retorno do Índice de Dividendos (IDIV) acumulou alta de 25%, contra 23% do Ibovespa.

João Abdouni, analista da Levante Corp, lembra que desde o início de 2016, quando houve algumas alterações importantes como a Lei das Estatais, entre outros movimentos importantes no Brasil, o ETF (fundos negociados em bolsa) de dividendos entregou um retorno de 330%, contra 200% do Ibovespa e 90% do CDI.

Mesmo assim, alguns papéis ficaram devendo. O analista cita dois: Transmissão Paulista (TRPL4) e Taesa (TAEE11). Segundo ele, a receita das duas companhias são reajustadas por contratos ligados ao IPCA e IGP-M, índices que medem a inflação. Com o alívio nas taxas, os pagamentos de proventos vieram menores do que em períodos anteriores.

No acumulado de 2023, o IGP-M apresentava queda de 3,76%. Em novembro, houve uma alta de 0,59% ante outubro.

Neste momento, a Levante tem recomendação de compra para as ações da Transmissão Paulista e uma visão neutra para Taesa.

Já Luan Alves, da VG Research, cita Vale (VALE3) e Petrobras (PETR4), empresas que pagaram boladas históricas no ano passado devido à disparada do minério de ferro e do petróleo, respectivamente.

No caso da Petrobras, houve outra agravante: a chegada de uma nova gestão após a vitória do presidente Lula. Em agosto, a empresa mudou a sua política de dividendos, prevendo pagamento de 45% de seu fluxo livre de caixa em dividendos, contra 60% anteriores.

Segundo dados da gestora britânica Janus Henderson, a empresa teve a maior queda de proventos do mundo. A empresa pagou, na comparação anual, US$ 9,6 bilhões a menos em dividendos.

Dividendos: O que fazer com esses papéis?

No caso da Petrobras e Vale, analistas continuam otimistas com os papéis.

O BB Investimentos ressalta que a estatal segue apresentando bons resultados operacionais e financeiros. Além disso, tem perspectivas de aumento na produção e aproveita a combinação de menores custos operacionais e baixo patamar de alavancagem.

“A companhia apresentou em novembro o novo plano estratégico 2023-27, que entendemos como positivo, já que mesmo aumentando o capex em transição energética, manteve o teto dessa categoria de investimentos em 11% do total”, dizem.

As mudanças para a nova política de preços e de dividendos também trouxeram alívio aos investidores, “que tinham receio de alterações menos favoráveis”.

Em termos de múltiplos, o EV/Ebitda esperado para 2023 está em 2,7x, ante 4x dos pares de mercado, “deixando a relação risco/retorno favorável”.

No caso da Vale, o BB diz que apesar das incertezas em relação ao ambiente externo, em especial sobre o mercado imobiliário chinês, a empresa segue sendo destaque por sua evolução operacional com controle de custos.

Além disso, mostra alocação de capital disciplinada sem deixar de entregar um elevado nível de retorno ao acionista.

“Mais recentemente, a disparada no preço do minério, que ocorreu impulsionado por uma série de promessas de estímulo ao mercado imobiliário por parte de Pequim e fez o mercado antecipar um possível salto na atividade construtiva no próximo ano, favoreceu o desempenho das ações da Vale, mas que ainda segue sendo negociada abaixo dos pares”, completa.

A Ágora calcula que em termos de valuation, as ações são negociadas com múltiplo EV/Ebitda (valor de firma sobre resultado operacional) para 2024, muito descontado em relação aos seus pares globais (em torno de 15%).

“Vemos alguma proteção para o desempenho das ações no curto prazo, enquanto a empresa entra em um período de sazonalidade positiva para os volumes exportados de minério de ferro, justificando a permanência do ativo em carteira neste momento”, completa.

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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