Economia

Meta de inflação: Haddad descarta mudar meta de 2024, mas defende prazos maiores

29 jun 2023, 0:01 - atualizado em 29 jun 2023, 0:01
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Tempo ao tempo: para Haddad, cumprir meta de inflação dentro do ano-calendário cria “pressão desnecessária” (Imagem: Ministério da Fazenda/ Diogo Zacarias)

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, descartou uma mudança na meta de inflação de 2024, na reunião do CMN (Conselho Monetário Nacional) programada para esta quinta-feira (28). “[A meta do] Ano que vem já está definido. Isso não vai mudar. Estamos discutindo o futuro”, afirmou Haddad à jornalista Miriam Leitão, em entrevista veiculada pela GloboNews.

A atual meta de inflação de 2024 é de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos, o que significa que a faixa se estende de 1,5% a 4,5%. A declaração de Haddad contraria a pressão do próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de seu partido, o PT, para revisar as metas, consideradas muito baixas para o atual cenário econômico do Brasil e do mundo.

Desde o início de seu terceiro mandato, Lula criticou publicamente as atuais metas e cobrou sua revisão. “Se a meta está errada, muda-se a meta”, disse Lula, em um café da manhã realizado com jornalistas no Palácio do Planalto, no início de abril, ao ser questionado sobre o que era necessário para reduzir a taxa de juros. “Vamos ter que encontrar um jeito para que o Banco Central comece a reduzir as taxas de juros”, completou.

Na entrevista à GloboNews, contudo, Haddad afirmou que não pretende tocar nesse assunto amanhã, quando se reunirá com os outros titulares do CMN: a ministra do Planejamento Simone Tebet, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. “Estamos discutindo o futuro”, disse, em referência à meta de 2026, que está na pauta do encontro.

Mas Haddad reforçou que defende uma mudança no período de tempo estabelecido para cada meta. Atualmente, o Brasil adota o ano-calendário, isto é, o Banco Central deve encerrar cada ano com a inflação dentro do determinado pelo CMN. Para o ministro da Fazenda, “isso causa uma pressão desnecessária [sobre o BC]”.

“Só dois países adotam meta de inflação com ano-calendário; quase todos os países adotam horizontes relevantes de tempo, para acomodar eventuais choques econômicos”, explicou. Ele acrescentou que esse é um dos pontos em que o Brasil “está defasado em relação ao mundo”, quando se trata de boas práticas de política econômica. “Penso que esta é uma atualização do que precisa funcionar melhor”, completou.

Haddad critica “fetiche” por indicador único para decidir juros

O ministro mostrou otimismo com o rumo da inflação, e lembrou que o próprio mercado já reduz suas projeções, inclusive para este ano. “O mercado projetava inflação para 2023 acima de 6% até bem pouco tempo atrás; hoje, é de 5%, o que representa muito esforço”, disse.

Haddad também evitou polemizar com a visão do Banco Central sobre os rumos da inflação – principal cavalo de batalha entre a equipe econômica e o Copom (Comitê de Política Monetária). “Muitas vezes, em economia, você pensa que seu pensamento é técnico, e o do outro é ideológico”, afirmou. “Você vai conversar com pessoas que são bem formadas, nas melhores universidades do Brasil e do mundo, e há divergências”, contemporizou.

Ele pontuou, contudo, que é necessária uma visão mais ampla para tomar decisões na área econômica, como avaliar o mercado de crédito, o nível de endividamento das famílias e a capacidade de investimento das empresas.

“Sou a favor de modelo, porque modelo ajuda; de pesquisa; pesquisa ajuda. Nada substitui uma tomada de decisão bem embasada, mas existe também um pouco de arte no modo como você conduz a economia”, disse. “Quando você fetichiza um determinado indicador, você não toma a melhor decisão”, observou.

Diretor de Redação do Money Times
Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.
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