Motiva (MOTV3) vence leilão de concessão da Fernão Dias e ações sobem na B3; o que dizem os analistas?
A Motiva (MOTV3), antiga CCR, venceu o leilão de concessão da rodovia Fernão Dias (BR-381/MG/SP), que conecta a cidade de Belo Horizonte (MG) a São Paulo (SP).
A companhia disputou o certame com o Consórcio Infraestrutura MG e a operadora de rodovias Arteris, atual operadora da rodovia desde 2008 e ganhou com a oferta de deságio de 17,05% sobre a tarifa de pedágio nesta quinta-feira (11).
O contrato prevê concessão de 15 anos e um plano de investimentos de R$ 9,5 bilhões, com base nos dados de março de 2023.
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Em reação, as ações operam em alta nesta sexta-feira (12). Por volta de 11h30 (horário de Brasília), MOTV3 subia 1,55%, a R$ 15,74. Acompanhe o Tempo Real.
O que isso representa ao investidor?
Para a Ágora Investimentos/Bradesco BBI, a vitória da Motiva é positiva e reforça a capacidade da companhia de capturar oportunidades no cronograma de concessões do Governo.
Nas contas dos analistas André Ferreira e J. Ricardo Rosalen, a concessão deve gerar um valor presente líquido (VPL) próximo de R$ 450 milhões, equivalente a aproximadamente R$ 0,20 por ação – o que representa 1,4% do preço atual) –, considerando uma TIR (Taxa Interna de Retorno) real alavancada estimada em aproximadamente 20%.
“Não esperamos impacto relevante na alavancagem consolidada, o que deve permitir a participação em novos leilões, como Régis Bittencourt e Rota Mogiana em 2026”, escreveram os analistas, em relatório.
Já o BTG Pactual avalia que, apesar do desconto “agressivo” – de 17,05% sobre a tarifa do pedágio – levantar questionamentos sobre premissas de eficiência, “o histórico recente de execução ajuda a mitigar preocupações”.
“O mercado deve acompanhar de perto a execução do projeto e a agenda de eficiência.”
Já o Safra considera a notícia ligeiramente negativa para as ações. O banco prevê um VPL negativo de R$ 382 milhões – o que equivalente a 1,2% do seu valor de mercado atual – e uma TIR (real alavancada de 3,0%, 431 pontos-base abaixo do título público brasileiro indexado à inflação de 10 anos (NTN-B) e 15 pontos percentuais abaixo da TIR projetada pelo banco para o portfólio da empresa.
“É importante notar que a empresa não divulgou quais soluções de engenharia reduziriam o capex do projeto, pois considerou essa informação material e potencialmente prejudicial à competitividade da Motiva nos leilões previstos para 2026”, destacaram os analistas Luiz Peçanha e Arthur Godoy.
Hora de comprar MOTV?
Os bancos reiteraram a recomendação de compra das ações após a vitória na concessão da rodovia Fernão Dias.
O Bradesco BBI vê a ação a R$ 19,00 para o fim de 2026, o que implica em um potencial de valorização de 22,9% sobre o preço de fechamento de ontem (11), considerando o potencial adicional via reequilíbrios contratuais.
O BTG Pactual considera que a ação MOTV3 continua negociando a uma TIR real “atrativa”, acima de 14% sem alavancagem. Com recomendação de compra, o banco tem preço-alvo de R$ 17 – uma valorização de 9,7% nos próximos 12 meses.
Apesar da análise mais pessimista, o Safra manteve a recomendação outperform – equivalente à compra –, com preço-alvo de R$ 18,80, o que implica em um potencial de valorização de 21% sobre o preço de fechamento da última quinta-feira (11).