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Mulheres no topo: ‘O que a gente sabe de Brasil, Harvard não ensina’, diz executiva da XP

08 mar 2022, 17:27 - atualizado em 08 mar 2022, 17:27
Ana K Melo
Ana K Melo, Sócia e Head de Diversidade e Inclusão na XP Inc e líder do grupo Incluir fala sobre carreira nesse dia oito de março (Imagem: Divulgação/Bruno Azevedo)

O Dia Internacional da Mulher (8 de março) mostra, ano após ano, a necessidade de ir além das flores e presentes.

Eles são importantes como um sinal de consideração pelas mulheres, que tem sua falta notória em certos ambientes.

Foi o caso, por exemplo, do evento divulgado na terça, em celebração ao dia da mulher, que conta com a exclusiva participação masculina.

O evento em questão convida para uma série de debates sobre a participação feminina na política.

Mesmo ainda encontrando inúmeros desafios no meio político, as mulheres já se fazem presentes no ambiente, mas, mais uma vez, não foram convidadas a sentarem à mesa.

Sim, ao longo da semana o evento trará nomes como: Jair Bolsonaro (presidente da República), Arthur Lira (presidente da Câmara), Paulo Guedes (ministro da Economia), Tarcísio de Freitas (ministro da Infraestrutura) e Rodrigo Garcia (vice-governador de SP) para discutirem o que o organizador do evento chama de “fomento a participação feminina na política”.

Só esqueceram de considerar a participação feminina também para o evento.

Girl Power? Muito além disso, é dar voz para quem vive a causa e o que de fato celebra os dias das mulheres.

Nesse sentido, para completar o Dia Internacional da Mulher, Ana K Melo, Sócia e Head de Diversidade e Inclusão na XP Inc e líder do grupo Incluir, coletivo de pessoas PCDs da companhia, reflete sobre sucesso, carreira, o dia da mulher e inclusão.

Com quatros anos na XP, Ana fala sobre como a inclusão das mulheres em cargos de liderança é um tema discutido ao longo do ano dentro da empresa (Imagem: Canva/Elnur)

Ana é formada em marketing, palestrante e criadora de conteúdo nas redes sociais, a partir de sua experiência como mulher negra e pessoa com deficiência (PCD) no mercado de trabalho, reforça a importância da diversidade no mundo corporativo, trazendo também, para a discussão, pautas de equidade racial, de gênero e LGBTQIA+. 

A XP, desde que assumiu em julho de 2020 o compromisso público de equidade de gênero em todos os níveis hierárquicos até 2025, vem executando uma série de iniciativas para atingir a meta de 50% de mulheres no quadro total de colaboradoras.

Segundo resultados divulgados pela empresa, ela está bem próxima de atingir a meta.

No último ano, a corretora conquistou um crescimento de 120% de mulheres em cargos de liderança. Este aumento vai ao encontro do crescimento de aproximadamente 40% no número de mulheres em toda a companhia.

Mulheres no topo e a percepção de sucesso

Para Ana o sucesso é quase coletivo.

“Sucesso é quando você atinge uma posição na carreira em que você pode beneficiar outras pessoas”, define a executiva.

As mulheres ainda estão se adaptando a ocuparem esses cargos de liderança que as empresas estão ampliando.

A Sócia e Head de Diversidade e Inclusão na XP Inc conta que sua transição para líder foi “interessante”.

“Foi interessante porque quando você é promovida ou muda de função demora até você sentar na cadeira, vestir aquela posição”, diz. 

A sócia ressalta o conceito de liderança servil que, em linhas gerais, significa ser um líder que coloca as necessidades dos outros em primeiro lugar e ouve seus pontos de vista.

Algo que muitas mulheres já adotam como prática em suas rotinas.

Ela fala sobre a importância desse modelo de liderança para as tomadas de decisão.

“Como eu uso esse lugar à mesa? É trazendo questões que não são só minhas e da empresa. É para eu poder trazer outras vozes e perspectivas com a minha voz. Entender o que eu represento e que portas eu posso abrir a partir dessa jornada.”

Atrelado a isso, Ana evidencia como outro ponto auxilia em sua liderança: a visão 360º.

Ou seja, uma visão pautada no todo, no macro e como ela ajuda a entender e a levar outras pessoas com ela conforme sua evolução profissional, pois, a executiva compreende que foi assim que ela chegou na posição que está hoje.

Dia da mulher e suas reflexões

O 8de março gera no mínimo algumas reflexões, na perspectiva da executiva.

“Hoje em dia, com a influência das redes sociais, as empresas e as pessoas pensam muito mais sobre o que elas vão fazer em termos de iniciativa nesse dia”, afirma Ana.

A Sócia também conta como funciona na XP Investimentos, empresa que está há quatro anos.

“A gente aqui na XP busca ter um olhar o ano inteiro para esse tema. Um olhar genuíno. O dia da mulher vai ser mais um dia que vamos discutir esse assunto”, afirmou.

Para ela, essa inclusão o ano inteiro é central para trabalhar a inovação e garantir a sustentabilidade e o futuro do negócio. Visando, nesse sentido, entender os públicos que o negócio ainda não atingiu.

“Para a diversidade e inclusão em empresas, não existe uma receita de bolo. O que funciona para XP não vai funcionar para as outras companhias. É importante você conhecer seu negócio e conhecer quem você quer atrair”, diz.

“E principalmente entender que a gente está no Brasil. Eu sempre falo que ‘o que a gente sabe de Brasil, Harvard não ensina’, então é importante a gente olhar para dentro do nosso país e entender a diversidade do nosso país e as particularidades para a gente conseguir promover a inclusão nas nossas empresas aqui”, conclui a Head de Diversidade e Inclusão.

Dicas para esse e todos os dias

A carreira, como explica Melo, abrange todas as nossas experiências profissionais.

O olhar para o futuro de: “quando eu for gerente”, “quando eu for líder”, nos faz esquecer, muitas vezes, o que está acontecendo no momento, acrescenta a executiva. Ela ainda ressalta que todas as experiências profissionais são de suma importância e te ajudam a formar a personalidade profissional que vai te auxiliar a chegar onde almeja.

Assim, esse pensamento de que nada se perde, tudo se aproveita, ajuda a entender o quanto o mercado busca e precisa de diversidade e como as pessoas podem aproveitar essas oportunidades de forma confiante. Com isso, deixando de lado as ressalvas sobre a sua competência.

“Isso é uma coisa que a gente tem que quebrar enquanto mulheres, enquanto pessoas negras, enquanto pessoas com deficiência. Caso a gente entre numa empresa através de uma vaga afirmativa, quem precisou fazer a vaga afirmativa para te encontrar foi a empresa. Você só vai entrar se for muito boa para aquilo que está sendo pedido”, ressalta a executiva.

Além de deixar de lado os pensamentos vindos pela tão comum síndrome da impostora que a faz duvidar constantemente das suas capacidades, Ana aconselha também a não se comparar.

“Você está vendo uma foto minha, e não o meu filme”, exemplifica a executiva.

Ana finaliza que tudo se resume a sua jornada e à evolução constante ao longo dela.

“É entender quais são seus pontos fortes, descobrir e focar neles, se destacar nisso para ganhar tempo para se desenvolver naquilo que não é tão forte ainda. É ser humilde mantendo a escuta ativa e aceitando a colaboração. E não achar que vai controlar tudo e, quando na liderança, reconhecer que outras pessoas conseguem fazer várias coisas melhores do que você, mesmo que de um jeito diferente”, diz.

Estagiária
Formada em Gestão de Negócios e Inovação pela Fatec Sebrae e, atualmente, estudante de Jornalismo da Faculdade Cásper Líbero. Tem como propósito atuar visando os princípios éticos do jornalismo com comprometimento com a informação de qualidade e o combate à desinformação.
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Formada em Gestão de Negócios e Inovação pela Fatec Sebrae e, atualmente, estudante de Jornalismo da Faculdade Cásper Líbero. Tem como propósito atuar visando os princípios éticos do jornalismo com comprometimento com a informação de qualidade e o combate à desinformação.
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