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Não acabou: Banco regional dos EUA luta contra falência, após resultado do 1T23 indicar saques de US$ 100 bi

26 abr 2023, 13:09 - atualizado em 26 abr 2023, 13:12
First Republic Bank Banco
First Republic Bank está em apuros. (Imagem: REUTERS/Mike Segar)

O First Republic Bank (FRC) enfrenta uma liquidação implacável de suas ações desde que reportou os resultados do primeiro trimestre de 2023 na segunda-feira (24). Em menos de três dias, o papel acumula uma queda superior a 60%, sendo cotado atualmente a US$ 5,81.

No ano, a queda do papel no S&P 500 (SPX) tem a maior queda registrada no universo de empresas do índice, com mais de 90%.

O banco esteve no fio da navalha durante o mês de março, quando a falência do Silicon Valley Bank (SVB) deflagrou uma crise de confiança que logo se converteu em uma corrida bancária que atingiu diversos players intermediários do sistema financeiro americano.

No caso do First Republic, a perda em depósitos ultrapassou a marca de US$ 100 bilhões. O tamanho do dano supera a injeção de US$ 30 bilhões que o banco regional recebeu de JPMorgan, Wells Fargo, Bank of America e mais cinco grandes credores como esforço para manter a liquidez.

Agora, com a desconfiança dos investidores fazendo sangrar o valor de mercado da instituição, First Republic Bank volta a ter a possibilidade de uma falência pesando sobre si.

Diante desse contexto problemático, as três principais agências de crédito — S&P, Moody’s e Fitch — rebaixaram o grau de investimento do credor para refletir a possibilidade de um calote.

O pacote de sobrevivência do First Republic Bank

Para tentar escapar desse destino, a instituição anunciou um pacote de sobrevivência que inclui o aumento de depósitos segurados pelo FIDC, aparo dos empréstimos tomados para cobertura de saques, enxugamento do balanço de ativos e redução de até 25% do quadro de funcionários.

Outras medidas “estratégicas” também estão sobre a mesa. De acordo com a Bloomberg, o banco considera liquidar até US$ 100 bilhões em ativos de longo-prazo, como T-notes de 30 anos e notas hipotecárias. Com o resgate desses ativos, a ideia é viabilizar um levantamento de capital.

A CNBC News e a Reuters reportaram que o credor estaria buscando também a criação de um chamado ‘bad bank’ (na tradução livre, um ‘banco ruim’). O bad bank é uma estrutura financeira que separa ativos de boa e má qualidade, o que pode ajudar o credor a encontrar o caminho de uma aquisição.

De acordo com o balanço divulgado pelo FRC, perdas não realizadas em empréstimos e ativos tóxicos no trimestre são avaliadas em US$ 27 bilhões no trimestre. Esse montante teria de ser absorvido por um comprador, o que explica a dificuldade de se achar um interessado no momento.

Até o momento, nem a Casa Branca nem o regulador americano se pronunciaram sobre a costura de um acordo para salvar o banco.

Crise do FRC pode alterar curso do Fed?

Mesmo com a crise dos bancos regionais reganhando fôlego, analistas do mercado não acreditam que o Federal Reserve mude o prumo da decisão monetária na semana que vem.

Até o momento, a parte majoritária das apostas expressas no Fed Funds sugere que a autoridade executará um novo aumento de 0,25 ponto percentual na taxa de juros. A expectativa, porém, é que este seja o último aumento do atual ciclo de juros.

Desde que a crise bancária se instaurou na metade de março, os dirigentes do Fed tiveram de ‘caminhar e mascar chiclete’ ao mesmo tempo. Isso significa que a autoridade monetária precisa retirar liquidez de um lado, para combater a inflação através do aumento de juros, mas também evitar uma crise de insolvência ampla no sistema financeiro.

Estagiário
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
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