Comprar ou vender?

Natura (NATU3) recua 6% com 2T25 impactado pela Avon International; o que fazer com as ações agora?

12 ago 2025, 12:01 - atualizado em 12 ago 2025, 12:01
Natura
A Natura divulgou seu balanço referente ao segundo trimestre de 2025 (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

As ações da Natura (NATU3) até abriram o pregão desta terça (12) em alta, mas oscilaram para queda ainda na primeira hora do dia.

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Por volta de (horário de Brasília), NATU3 performava como a maior queda do Ibovespa (IBOV), com recuo de 6,70%, a R$ 8,77. Acompanhe o tempo real.



O mercado reage ao lucro líquido de R$ 195 milhões no segundo trimestre de 2025, que reverteu o prejuízo de R$ 859 milhões registrado no mesmo período do ano anterior. Embora a linha tenha sido positiva, analistas em geral avaliam o balanço como misto.

Agora, as operações da Avon fora da América Latina são classificadas no balanço como “mantidas para venda”. Excluindo efeitos não operacionais, o lucro líquido ajustado foi de R$ 598 milhões.

O relatório de resultados divulgado na segunda-feira (11) mostra Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) recorrente alcançou R$ 796 milhões, com margem de 14%, avanço de 0,8 ponto percentual em base anual.

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O Safra vê um trimestre mistro, mas com uma qualidade de relatório inferior devido à reclassificação de ativos como “mantidos para venda”.

Os analistas ponderam que a companhia permanece significativamente afetada por custos de transformação “não recorrentes” e pela Avon International, considerando que as “operações descontinuadas” tiveram um impacto negativo de R$ 250 milhões no lucro líquido consolidado.

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Mesmo que a marca Natura siga apresentando um crescimento consistente, a Avon LatAm (América Latina) continua a arrastar consistentemente a receita, com as operações no Brasil e nas Américas hispânicas contraindo em dois dígitos em moeda constante, na visão dos analistas.

O banco chama atenção ainda para a alavancagem, que “começa a atingir níveis preocupantes”, na visão dos analistas. A companhia reportou 2,2 vezes a relação dívida líquida/Ebitda, dado o contínuo consumo de caixa da Avon Internacional. Quanto maior é o indicador, mais elevado o risco financeiro.

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“No geral, mantemos nossa classificação Neutra, considerando a baixa visibilidade sobre a possível venda ou descontinuação da Avon International, bem como a baixa visibilidade sobre a recuperação da Avon LatAm”, dizem os analistas.

Para o BTG Pactual, o balanço entregou resultados operacionais abaixo do esperado, com destaque negativo para a Avon, enquanto as vendas da marca Natura e os ganhos na margem bruta foram os principais pontos positivos.

Do lado negativo, os analistas também destacam o aumento da alavancagem no período, assim como no primeiro trimestre.

O BTG destaca que nos últimos três anos vem afirmando que Natura enfrenta três grandes desafios:

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  • Alta alavancagem em um ambiente de altas taxas de juros, que foi parcialmente resolvida com as alienações da Aesop e da TBS (com um aumento na alavancagem mais recentemente);
  • Desafios na recuperação da Avon na América Latina, ainda em andamento em seus principais mercados latino-americanos;
  • Alienação da Avon International (e a extensão de seu consumo de caixa).

“Nos últimos trimestres, a administração demonstrou esforços bem-vindos para simplificar a estrutura da empresa, e reconhecemos que a potencial alienação da Avon International será um gatilho para as ações”, colocam os analistas.

O banco afirma que irá acompanhar de perto o progresso na frente das margens e da alavancagem financeira, bem como a consistência das tendências de crescimento das vendas tanto no Brasil quanto na América Latina, antes de assumir uma visão mais positiva sobre a tese. Dessa maneira, mantém a classificação Neutra.

Para XP, Natura é compra

Na visão da XP Investimentos, ainda que Natura tenha apresentado resultados difíceis de interpretar, vieram melhores do que o esperado. Os analistas destacam quatro pontos no período:

  • A reclassificação da Avon International e CARD (América Central) como ativos mantidos para venda, com a Natura informando que possuem um plano coordenado, com compradores e transações distintas que podem ocorrer cronologicamente, mas não necessariamente de forma sequencial;
  • O impulso no desempenho da Natura América Latina pelas eficiências da Onda 2, alinhado à nossa visão construtiva sobre a integração das marcas;
  • Ainda que a Avon International tenha apresentado mais um trimestre de queima de caixa livre, houve diminuição trimestre a trimestre;
  • Natura Brasil manteve-se sólida (+10% ano a ano) e ganhando participação de mercado; e
  • Os custos de transformação foram uma surpresa positiva na Natura LatAm, caindo 30% trimestre a trimestre.

“Contudo, a empresa trouxe uma visão mais cautelosa para frente, devido à forte desaceleração observada no Brasil a partir de junho, um cenário mais desafiador no México e uma potencial desvalorização na Argentina. No geral, os resultados estão alinhados com nossa visão construtiva sobre a Onda 2, enquanto a reclassificação da Avon International apoia nosso cenário base de desinvestimento desse ativo até o final de 2025”, diz a XP.

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Ainda assim, os analistas esperam alguma volatilidade futura nos ajustes da Onda 2 e relacionadas ao atual cenário macroeconômico, embora com resultados em melhoria sendo observados.A XP mantém a recomendação de compra.

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Repórter
Formada em jornalismo pela Universidade Nove de Julho. Ingressou no Money Times em 2022 e cobre empresas.
lorena.matos@moneytimes.com.br
Formada em jornalismo pela Universidade Nove de Julho. Ingressou no Money Times em 2022 e cobre empresas.