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Negociação de derivativos de energia salta no 3ºtri; BBCE vê evolução do mercado

14 out 2022, 8:42 - atualizado em 14 out 2022, 8:42
Energia Elétrica
Desde o início das negociações, a BBCE movimentou 9,1 TWh de energia elétrica em derivativos, sendo que os volumes do terceiro trimestre deste ano correspondem a quase 60% desse total (Imagem: Pixabay/Iradl)

As operações de derivativos de energia elétrica saltaram quase 10 vezes no terceiro trimestre, ante igual período do ano passado, segundo a plataforma eletrônica de negociação de energia BBCE, que enxerga amadurecimento gradual de um mercado que começou a se desenvolver no país há cerca de dois anos.

Dados antecipados à Reuters mostram que o volume de energia negociado em derivativos atingiu 5,3 terawatts-hora (TWh) entre julho e setembro, aumento de 890% no comparativo anual.

Em volume financeiro, os contratos somaram 827 milhões de reais, uma alta de 180% em base anual, de acordo com o levantamento da BBCE.

Trata-se do maior montante trimestral de derivativos de energia, superando todo o movimento realizado desde o primeiro pregão do instrumento pela BBCE, em janeiro de 2021.

O diretor de Produtos, Comunicação e Marketing da BBCE, Felipe Nasciben, atribui o aumento das negociações ao processo de amadurecimento do mercado e à maior adesão aos contratos financeiros, que podem ser utilizados como proteção contra a variação dos preços da energia (hedge) ou como uma aposta no comportamento das cotações.

Ele destaca que a BBCE –que tem como sócias uma série de comercializadoras de energia, incluindo empresas dos grupos Engie, Enel e EDP — vem conduzindo várias iniciativas educacionais com o objetivo de ajudar os agentes a entenderem o produto e suas potenciais vantagens e desvantagens.

“Há um movimento de crescimento paulatino, tivemos um pico interessante de volumes negociados mais concentrado no mês de setembro”, explicou.

Segundo o executivo, o aumento das negociações não reflete motivos sazonais, já que, em geral, os preços da energia tendem a ter menor volatilidade no terceiro trimestre, o que costuma levar à redução das operações no curtíssimo prazo.

“No entanto, esse mesmo movimento acaba fomentando um olhar para a frente, o mercado passar a olhar para um prazo mais longo”, disse ele.

“Agora o preço (de energia) está reduzindo por excesso de oferta em relação à demanda atual, o mercado já prevê ‘não vou ficar negociando mês que vem porque não faz muito sentido, vou negociar o ano que vem inteiro'”, acrescentou.

Desde o início das negociações, a BBCE movimentou 9,1 TWh de energia elétrica em derivativos, sendo que os volumes do terceiro trimestre deste ano correspondem a quase 60% desse total.

Os valores, no entanto, ainda são bem menores do que os registrados no mercado físico de energia. Em 2021, a BBCE fechou com 200 mil GWh de energia negociados, totalizando 27 bilhões de reais.

Sofisticação

Um dos principais diferenciais dos derivativos é que eles dispensam registro na Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), que é a responsável das transações do mercado físico de energia. Isso abre espaço para que agentes financeiros possam negociar contratos futuros que não estejam ligados à entrega física de energia.

Nasciben ressaltou ainda uma ampliação de 30% da base de clientes na plataforma, atingindo cerca de 100 empresas credenciadas, com destaque para players não tradicionais do setor de energia, como bancos e fundos, atraídos pelas oportunidades de negócios oferecidas pelos instrumentos financeiros.

À medida que o mercado evolui, as operações com derivativos começam a ficar mais sofisticadas, com os agentes vendo nesses contratos uma solução para problemas menos convencionais, afirmou o diretor da BBCE.

Ele cita como exemplo uma operação fechada recentemente com prazos longos, de mais de 10 anos, para hedge de autoprodução de energia intermitente entre submercados.

“O mercado de energia elétrica ainda está concentrado em negociar energia convencional e no Sudeste… Aqui no derivativo, percebemos essa sofisticação, indo para outros submercados, começamos a sair um pouco do óbvio”.

Apesar disso, Nasciben avalia que a negociação de derivativos de energia no Brasil ainda tem muito a crescer. “Não vemos a maximização do potencial que a gente espera de liquidez de negociação em tela, ainda não é um ritmo muito forte”.

Com a ampliação do mercado livre de energia no Brasil, as negociações de “trading” tendem a se intensificar. Vários bancos buscaram se posicionar no mercado, criando mesas de energia e lançando novos produtos, como BTG Pactual, Itaú e Santander.

Recentemente, a comercializadora de energia da XP fechou uma negociação bilateral envolvendo uma opção de compra de energia elétrica via derivativos, na primeira operação do tipo registrada no mercado brasileiro.

Além da BBCE, outro importante incentivo ao mercado vem da B3, que também trabalha com derivativos e vêm lançando soluções para aprimorar a segurança das transações bilaterais.

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