Internacional

O caos é o verdadeiro rei no Reino Unido

23 out 2022, 11:00 - atualizado em 21 out 2022, 16:36
Reino Unidoi
Boris Johnson é um dos nomes favoritos para assumir o posto de primeiro-ministro  (Imagem: REUTERS/Henry Nicholls)

Liz Truss entrou para a história como sendo a mandatária mais breve do Reino Unido. Apenas 45 dias separaram o início do governo e a sua saída definitiva pela porta da Downing Street N°10, a residência oficial do primeiro-ministro britânico.

A fugaz queda de Liz Truss é o símbolo renovado do turbilhão político e econômico que o Reino Unido enfrenta desde 2016, quando o Brexit recebeu aprovação plebiscitária. De lá para cá, caíram David Cameron, Theresa May, Boris Johnson e, por fim, Liz Truss,

Agora, os Conservadores se voltam aos seus correligionários para eleger um novo primeiro ministro a ser anunciado na semana que vem, sob interesses cada vez mais fragmentados dentro do partido. Entre os nomes que competem na liderança estão o ex-ministro das Finanças de Boris Johnson, Rishi Sunak, e o próprio Boris Johnson.

A volta ao poder de Johnson seria um feito extraordinário na vida pública britânica.  O ex-premiê, deposto pelos seus correligionários após protagonizar escândalos e causar dissidências políticas, tem crescido nas pesquisas dos ‘Tories’, mas é considerado uma figura altamente divisiva.

Do lado da oposição, o líder Trabalhista Keir Stamer promete continuar pressionando a opinião pública para que uma eleição geral seja convocada ainda esse ano.

A princípio, as próximas eleições parlamentaristas aconteceriam somente em janeiro de 2025. Para que o processo seja adiantado, Liz Truss precisaria anunciar a dissolução da Câmara dos Comuns e pedir ao Rei Charles III autorização para uma nova eleição geral. A possibilidade de que isso aconteça, no entanto, é remota.

O que foi a ‘Trussonomics’?

A renúncia de Liz Truss foi o resultado de seis semanas de caos na economia britânica. A premiê britânica tinha por base de campanha uma plataforma que unia corte de impostos e aumento de gastos públicos — via emissão de títulos da dívida pública — como fórmula para retomar o crescimento do Reino Unido.

Os detalhes da política econômica de  Truss estavam contidos em um mini orçamento, elaborado pelo antigo ministro das Finanças, Kwasi Kwarteng. O plano desencadeou um período turbulento para os mercados de títulos do Reino Unido, avessos aos cortes de impostos financiados por dívida por ele apresentados.

A fórmula heterodoxa de Liz Truss para enfrentar a inflação de dois dígitos e a histórica desvalorização da libra esterlina ante o dólar foi um completo fracasso. Truss e Kwarteng não conseguiram controlar o avanço dos preços e nem reapresentaram o caminho do crescimento sustentável para a nação que é a quinta maior economia do mundo.

Segundo o Instituto Nacional de Economia e Pesquisas Sociais do Reino Unido, o endividamento do estado embutido na ‘Trussonomics’  pode ter contribuído para que o país alcance um aumento de 8% no déficit fiscal (em relação ao PIB do Reino Unido) ainda durante o corrente ano fiscal.

O que vem pela frente?

A contenção de danos à política de Truss veio com a ascensão de Jeremy Hunt ao cargo de ministro das Finanças.

Como um dos primeiros atos, Jeremy desmontou praticamente toda a estrutura do “mini orçamento.

Segundo Alex Lima, estrategista-chefe da Guide Investimentos, há muitos cortes a serem feitos: “é necessário cortar cerca de 13 bilhões de libras para colocar a trajetória da dívida em um patamar estável”. Mais 36 bilhões deveriam ser apresentados para recolocar o país na trajetória de dívida antes da apresentação desse mini orçamento”, analisa.

O problema para o próximo premiê é que a ampliação desses cortes depende de uma batalha política grande a ser considerada, uma vez que os cortes nos impostos, notadamente do setor de energia, tinham sido recebidos com aprovação pela população.

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Estagiário
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
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