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O ciclo do agronegócio não terminou, mas é bom ter cautela

13 jul 2022, 12:31 - atualizado em 13 jul 2022, 12:31
plantação agronegócio
“O mercado já exibe alguns sinais que evidenciam a tendência de arrefecimento”, escreve o colunista (Imagem: Raylton Alves/Agência Ana)

Nos últimos anos, em meio à pandemia, enquanto outros setores da economia capengavam, o agronegócio exibia pujança.

O período vinha sendo marcado por aumento das margens e consequente crescimento dos resultados por conta da alta do preço das commodities e boas safras. Mas, sabe-se que ciclos como o atual não são infindáveis e, neste sentido, o cenário para o médio longo prazo se mostrará mais desafiador.

O mercado já exibe alguns sinais que evidenciam a tendência de arrefecimento. Embora o preço das commodities agrícolas ainda permaneça em alta, tanto por conta de uma manutenção de demanda e incerteza com relação a oferta, o lado dos custos continua a pressionar as margens.

A guerra entre a Rússia e a Ucrânia desequilibrou o mercado, provocando entre outras coisas, uma grande volatilidade com aumento do custo do transporte marítimo e dos insumos agrícolas. A palavra de ordem hoje é volatilidade nos custos e disponibilidade de entrega de físico.

Para se ter uma ideia, os gastos dos produtores brasileiros com adubo subiram para US$ 9,6 bilhões nos cinco primeiros meses deste ano, 178% acima dos de igual período do ano passado.

As importações de defensivos somaram US$ 1,74 bilhão em igual intervalo, crescimento de 94%. Isso mesmo em um cenário onde o produtor nacional reduziu o uso de fertilizantes em termos de kg/ha

Todo este cenário levará a uma maior pressão nas margens. Ao mesmo tempo, por conta da alta dos preços dos insumos, veremos menos apetite de produtores em abrir novas áreas, e maior restrição a investimentos por parte dos financiadores.

Além disso, os produtores tentarão se valer da “reserva” de fertilidade que áreas maduras tem e investirão menos em adubo. Mas esse acaba sendo um movimento de curto prazo, e nos anos subsequentes essas áreas precisarão novamente de aporte de nutrientes

Como resultado deste cenário, certamente viveremos momentos de margens e produtividade mais voláteis. Mas isso não quer dizer que o agronegócio vivenciará uma crise ou um cenário ruim nos médio e longo prazos, muito menos se espera margens negativas na produção dos próximos anos.

Na verdade, estamos saindo de um momento espetacular para um momento bom que demanda mais capacidade do produtor rural, de comprar bem e vender bem.

Ainda há muito espaço para investimentos no agronegócio. A demanda global por commodities agrícolas continuará crescente.

De acordo com o relatório Perspectivas Agrícolas 2022-2031, elaborado pela OCDE, o consumo mundial de alimentos deve aumentar 1,4% ao ano ao longo da próxima década, impulsionado principalmente pelo crescimento populacional. Já a produção agrícola global deve aumentar 1,1% ao ano.

Este descasamento exigirá investimentos em tecnologia, infraestrutura e treinamento, o que requer capital advindo do mercado.

Neste sentido, gestores com capacidade de identificar boas oportunidades de negócio com uma interessante relação risco-retorno e que atuam de maneira nichada, sairão na frente. O momento que vivenciamos hoje traz grandes oportunidades para fundos de crédito estruturado.

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Sócio e gestor da MAV Capital
Formado em Administração de Empresas pela Universidade de São Paulo, André Ito tem mais de 20 anos de experiência no mercado financeiro. Além de sócio responsável pelo time de Structured Finance e DCM na XP Investimentos ele também atuou em Investment Banking no BTG Pactual e como superintendente comercial dos bancos Pine e Pan. Além disso foi sócio responsável pelo Corporate Desk do Banco BBM.
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Formado em Administração de Empresas pela Universidade de São Paulo, André Ito tem mais de 20 anos de experiência no mercado financeiro. Além de sócio responsável pelo time de Structured Finance e DCM na XP Investimentos ele também atuou em Investment Banking no BTG Pactual e como superintendente comercial dos bancos Pine e Pan. Além disso foi sócio responsável pelo Corporate Desk do Banco BBM.
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