CryptoTimes

O primeiro ETF de bitcoin está prestes a ser lançado nos EUA; entenda o que é preciso saber

19 out 2021, 9:12 - atualizado em 19 out 2021, 9:12
Bitcoin Executium
Conheça neste artigo algumas das principais questões ligadas aos ETFs de bitcoin propostos nos Estados Unidos (Imagem: Unsplash/Executium)

Nesta terça-feira (19), será lançado o primeiro fundo negociado em bolsa (ETF, na sigla em inglês) de bitcoin (BTC) dos Estados Unidos, pondo fim a uma espera e a expectativas de seis anos.

Assumindo que tudo acontecerá devidamente, o ETF da ProShares começará a ser negociado na NYSE Arca sob o ticker $BITO.

Mas não é tão simples assim. O ETF será focado em futuros de bitcoin, ao invés de negociar a criptomoeda à vista, o que é um pouco diferente. Só porque a listagem acontecerá, não significa que ela estará disponível para todos.

Vamos ver algumas das principais questões relacionadas à extensa gama de ETFs de bitcoin propostos nos Estados Unidos.

Qual é a diferença entre entre um ETF de futuros e um ETF à vista?

Com Gary Gensler no comando da Comissão de Valores Mobiliários e de Câmbio (SEC), parece que o presidente da reguladora decidiu que um ETF de futuros deveria ser lançado – ao invés de um que negociasse bitcoin à vista. Aqui estão algumas das principais diferenças entre eles.

Com um ETF à vista, o preço do fundo estará mais próximo do valor à vista do ativo que negocia, neste caso o bitcoin.

Em comparação, um fundo de futuros poderá estar abaixo ou acima do valor à vista dos ativos – levando, potencialmente, a um prêmio ou a um desconto. (A curto prazo, os preços podem divergir, mas, geralmente, são semelhantes a longo prazo.)

Um ETF com base em futuros envolve o custo de rolagem de contratos futuros que estão prestes a expirar até aqueles que têm maior data de vencimento.

Um ETF com base no preço à vista não terá esse custo, mas precisará pagar para um custodiante para manter o bitcoin – algo relativamente único à criptomoeda. 

Ambos os tipos de ETFs ajudarão a aumentar a demanda por bitcoin. Para um ETF à vista, bitcoin seria adquirido como um ativo subjacente. Já para o ETF de futuros, negociadores geralmente protegem suas posições ao adquirir a criptomoeda.

Por que a SEC iria preferir um ETF de futuros de bitcoin?

Muito foi dito em relação à aprovação de fundos com base em futuros pela SEC e o desprezo em relação a um ETF de bitcoin à vista. A ideia por trás disso é de que existem maiores proteções para os investidores no mercado de futuros.

Um ETF com base em contratos futuros indica que será um fundo gerenciado ativamente. A companhia que emite o fundo irá negociar futuros de bitcoin, e o sucesso do ETF dependerá de suas estratégias de negociação.

Atualmente, os ETFs de futuros de bitcoin propostos incluiriam somente posições de compra (“long positions”). Isso significa que as empresas por trás dos ETFs somente poderiam obter posições de compra e não poderiam ter nenhuma posição de venda (“short position”).

Há outras companhias que estão tentando lançar ETFs de futuros de bitcoin inversos – destinados a posições de venda – mas eles ainda não foram aprovados.

Uma diferença importante, ao menos para a SEC, parece ser que, enquanto bitcoin à vista é negociado em meios que não são regulamentados a nível federal, os futuros são negociados na Bolsa Mercantil de Chicago (CME), a qual é regulamentada pela Comissão para Negociação de Futuros de Commodities (CFTC).

Há cinco ETFs de futuros de bitcoin na fila para serem lançados a curto prazo, com dois sendo potencialmente lançados nesta semana.

Poderá um ETF de bitcoin à vista ser aprovado?

A resposta para essa pergunta depende da SEC e, potencialmente, do sucesso de ETFs de futuros de bitcoin. Até o momento, a SEC não expressou qualquer sinal positivo de que irá aprovar um.

Sui Chung, CEO da CF Benchmarks – que fornece dados de mercado para futuros de bitcoin da CME e para o ETF da bitcoin da ProShares – disse que o lançamento de ETFs de futuros de bitcoin não deverá afetar negativamente as aplicações para ETFs à vista.

Por outro lado, Chung reconheceu que “se esses ETFs de futuros se saírem bem, se tornarem grandes e serem capazes de atender à demanda que há de investidores para bitcoin, por meio de canais de ETFs, então a SEC poderá argumentar que a demanda foi preenchida e que, portanto, não há necessidade de autorizar um ETF à vista.”

Quanta demanda haverá para um ETF de futuros de bitcoin?

Há muita expectativa para um ETF de bitcoin americano, pois, pelo fato de ser um ETF, poderá se tornar acessível para muitos cidadãos do país, especialmente de um modo eficiente para impostos.

Um dos jeitos mais comuns de investir nos Estados Unidos é por meio do plano de aposentadoria do tipo 401(K), e ETFs podem ser incluídos nesse veículo de investimento. 

Mas não é tão simples. Apesar de que ETFs de bitcoin estão programados para ser lançados, Chung disse que ainda depende de grandes empresas de investimento, como Charles Schwab e TD Ameritrade, se eles desejam tornar os ETF disponíveis para seus clientes.

“Eles podem estar dando suporte, mas o que estou tentando dizer é que isso não é uma garantia”, disse Chung. Ele acrescentou que é possível que essas empresas não tornem os ETFs disponíveis para todos os seus clientes, podendo somente permitir que determinados clientes acessem os ETFs.

Apesar disso, Ching notou que há muita demanda por bitcoin por meio de ETF, a qual ele espera que seja atendida nos próximos dias, quando o fundo for lançado. “Depois disso, a manutenção do interesse e a sustentação do fluxo de entrada são muito difíceis de prever”, disse ele.