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O que é Web 3.0 e como ganhar dinheiro com ela?

24 mar 2022, 13:19 - atualizado em 24 mar 2022, 13:19
A Web 3.0 é um conceito que ainda está sendo formado, mas já é possível gerar renda extra com ela. (Imagem: Freepik/upklyak)

O mero conceito de Web 3.0 ainda está em formação. A aplicabilidade na prática de uma internet descentralizada é algo extremamente embrionário – mas, segundo especialistas, tende a ser o futuro.

A infraestrutura dessa rede é composta por diversos aplicativos descentralizados (DApps) com suas próprias criptomoedas e funcionalidades.

Esse é o ponto que analistas dizem diferenciar a Web 3.0 da atual, a chamada Web 2.0. Nessa nova estrutura de rede de computadores, os dados; informações; metadados do usuário pertencerão a ele mesmo.

Em exemplos práticos, atualmente uma empresa como a Google (GOOGL) detém a posse dos seus dados, e pode vender eles para um marketing direcionado.

Isso porque o próprio usuário concordou com esses termos ao criar uma conta Google a fim de utilizar seus serviços.

Como funciona a Web 3.0?

Na Web 3.0 é o usuário quem controla essas informações e escolhe ceder para o protocolo que desejar através de sua carteira digital.

Isso porque todos os aplicativos descentralizados são acessados através da concessão de uso da chave pública do usuário. E essa chave pública fica guardada e protegida pela carteira digital na posse do indivíduo.

Esse inclusive é um erro muito comum que costuma confundir os iniciantes no mercado. A carteira digital guarda apenas duas chaves, a pública e privada. As criptomoedas, os tokens não fungíveis (NFTs) e os seus dados estão no blockckain, sempre de forma online e pública.

A chave pública dá acesso à informação do saldo na posse do usuário – e serve como um endereço para receber e enviar ativos para terceiros – enquanto a chave privada assina essa movimentação e de fato move esse saldo. Por isso é importante lembrar de nunca compartilhar sua chave privada.

Embora seja uma informação pública, a custódia do saldo, e de dados pessoais, ficam na responsabilidade do usuário, e não de uma empresa centralizada.

Existem diferentes graus de descentralização de dados na Web 3.0. Em um aplicativo descentralizado os próprios usuários fazem a checagem de informações e validação de blocos com seus nós validadores rodando a baixo custo e à domicílio. 

Entretanto, há casos em que a validação e a checagem de informações de uma plataforma da Web 3.0 ainda é feita majoritariamente pela empresa criadora.

Apesar desses níveis de descentralizações, em uma plataforma da Web 3.0, a custódia de ativos e dados continuam sendo feitas pelo próprio usuário.

Como acessar a Web 3.0?

Como mencionado anteriormente, é o usuário que escolhe ceder seus dados a um aplicativo descentralizado ao conectar sua carteira virtual no protocolo, e pode ser remunerado com isso.

Web 3.0
Formas de se conectar às plataformas na Web 1.0, 2.0 e 3.0 (Imagem: Reprodução/Twitter)

No caso de uma corretora descentralizada (DeX), o investidor faz a conexão de sua carteira virtual na plataforma e instantaneamente entrega informações como saldo em criptomoedas.

Mesmo após a corretora receber essas informações, o investidor ainda assim precisa permitir que o protocolo movimente esse saldo.

Em uma operação de troca de criptoativos (SWAP), por exemplo, de Bitcoin (BTC) para Ether (ETH), o detentor dos criptoativos precisa permitir que a plataforma mexa em ambos. Após conceder a permissão, e realizar essa operação, o contrato inteligente da corretora imediatamente irá retirar o saldo solicitado em bitcoin e depositar o valor equivalente em Ether.

Ou seja, os seus ativos, que estão sob sua custódia, não precisaram passar efetivamente por um terceiro, eles nunca deixaram a sua carteira virtual.

O mesmo preceito é aplicado no caso de uma negociação de um NFT em uma plataforma de compra e venda, como a OpenSea.

Em uma plataforma de vídeos, ou rede social, acontece a mesma coisa.

Em vez do consumidor estar conectado a uma conta que centraliza e detém seus dados, o exemplo da Google ou da Apple (AAPL), é possível conectar sua carteira virtual que contém informações como vídeos favoritos, playlists, publicações. Tudo gravado no blockchain.

Ganhando dinheiro com a Web 3.0

Plataformas de vídeos

Hoje já existem exemplos de plataformas de vídeos que funcionam dessa forma, e até possui seu próprio criptoativo nativo para fomentar a economia interna. A Odysee é um exemplo.

Nessa plataforma, o criador de conteúdo de vídeo tem a custódia do seu próprio material, por ficar gravado no blockchain, além de poder receber gorjetas e remuneração na moeda local, a LBRY.

É diferente do sistema de remuneração do Youtube, que tem um agente centralizador que escolhe os critérios para monetizar, ou não, os vídeos dos criadores.

Além do fato do conteúdo ser, na prática, propriedade da Google, e ter acesso às suas preferências para direcionar propagandas ao consumidor.

Outra alternativa de plataforma de vídeos da Web 3.0 seria a Theta Network. Nela, o criador de conteúdo recebe recompensas na criptomoeda Theta por produzir para a plataforma, e seus vídeos são NFTs, ou seja, de propriedade do próprio criador.

Redes sociais

Redes sociais na Web 3.0 também já existem. Um exemplo delas é a BitClout. Essa plataforma também possui sua própria criptomoeda (DESO), e remunera os criadores de conteúdos conforme sua relevância na rede.

A economia interna, que é possível através da Blockchain Descentralized Social, permite que haja transações entre usuários e gorjetas dentro da rede, além da rede remunerar pelas postagens feitas. A rede alternativa ao Facebook não possui anúncios pelo fato de sua descentralização.

Por consequência, seus dados também são seus, e ao contrário do Facebook, não existe um centralizador lendo as preferências e redirecionando propaganda ao consumidor final.

Navegador de internet

Uma alternativa de navegador da internet que tem um pé no ecossistema da Web 3.0, e pode gerar renda, é o Brave. Esse navegador bloqueia anúncios de terceiros de forma agressiva e oferece a opção ao usuário de receber os próprios anúncios e ser recompensado por isso. A recompensa é em forma da criptomoeda BAT.

Embora seja mais centralizado, a nova opção de criar uma carteira virtual do próprio ecossistema e a parceria com a rede Solana podem conferir uma certa confiabilidade no projeto.

Armazenador e indexador de dados

A permissão de utilização de dados por parte do usuário é algo que pode gerar renda para ele. A Filecoin, Arwave e o The Graph são um exemplo disso.

Filecoin e Arwave são um sistema de armazenamento descentralizado que busca armazenar as informações no blockchain. Os usuários que escolhem ceder dados, pessoais ou não, podem receber recompensas na criptomoeda FIL e AR respectivamente.

Enquanto o Filecoin armazena, o The Graph é um serviço de indexação de dados para consulta posterior. Os usuários que ajudam na indexação, chamados de indexadores, podem ganhar renda da rede proporcional à quantidade de trabalho que realizam e ao seu stake da criptomoeda nativa, a GRT.

Os Indexadores ganham recompensas pela indexação e taxas de consulta. Um paralelo direto ao The Graph na Web 2.0 seria o próprio buscador do Google, que faz a própria indexação de informações.

Entretanto, é sabido que na hora de buscar essas informações apenas as que seguem um melhor padrão de SEO aparecem no topo, ou a que o Google assume ser a ideal para sua pesquisa.

Aluguel de processamento gráfico

A Render é uma rede de renderização de unidades de processamento gráfico construída na Ethereum.

A plataforma tem o objetivo de conectar artistas e estúdios que precisam de poder de computação para processamento gráfico com usuários que estão dispostos a alugar seus próprios recursos.

Quem aluga o poder computacional recebe o pagamento em RNDR, o cripoativo usado na rede. A remuneração dele, assim como todas aqui citadas, é feito através de contratos inteligentes, e só são executados caso ambas as partes cumpram suas obrigações.

Jogos NFTs

Também fazem parte da Web 3.0. Uma vez que os jogos play-to-earn, ou jogue para ganhar, utilizam o conceito de propriedade digital e criptomoeda para fomentar uma economia interna do jogo. É importante saber analisar cada jogo para entender se essa economia é algo sustentável a longo prazo.

Neles, o jogador também conecta a carteira digital e entrega informações ao jogo como quais itens possui e quanto dinheiro do jogo tem de saldo. Essa auto-custódia facilita a troca de itens e criptomoeda entre jogadores.

Repórter do Crypto Times
Jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Repórter do Crypto Times, e autor do livro "2020: O Ano que Não Aconteceu". Escreve sobre criptoativos, tokenização, Web3 e blockchain, além de matérias na editoria de tecnologia, como inteligência artificial, Real Digital e temas semelhantes. Já cobriu eventos como Consensus, LabitConf, Criptorama e Satsconference.
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Jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Repórter do Crypto Times, e autor do livro "2020: O Ano que Não Aconteceu". Escreve sobre criptoativos, tokenização, Web3 e blockchain, além de matérias na editoria de tecnologia, como inteligência artificial, Real Digital e temas semelhantes. Já cobriu eventos como Consensus, LabitConf, Criptorama e Satsconference.
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