O que está mexendo com os mercados? Veja as principais notícias desta tarde

1. Petrobras reage e lidera recuperação do Ibovespa, mas Nova York freia ímpeto
A bolsa paulista buscava uma recuperação nesta terça-feira, guiada pela reação de Petrobras, um dia após a estatal perder 74 bilhões de reais em valor de mercado por preocupações sobre interferência do governo Bolsonaro na empresa.
Às 13h, o Ibovespa subia 1,38%, a 114.222,8 pontos. Na máxima, mais cedo, chegou a 114.406,69 pontos, mas perdeu o fôlego após a abertura de Wall Street. O volume financeiro somava 12,45 bilhões de reais.
O Ibovespa caiu 4,87% na segunda-feira, a 112.667,70 pontos, maior queda percentual diária desde abril do ano passado, com investidores enxergando aumento relevante do risco de interferência do governo em estatais.
Na visão da Ágora Investimentos, a Petrobras segue no centro das atenções, em meio a uma expectativa pela reunião do conselho de administração da companhia, que deve votar a indicação do general Joaquim Silva e Luna para comandar a empresa.
“Ainda sobre o tema, as notícias indicando a possível criação de um fundo para amortizar as flutuações nos combustíveis podem ajudar a reduzir as preocupações dos acionistas da empresa”, acrescentou em nota a clientes.
No exterior, o chair do Federal Reserve, Jerome Powell, vai falar em audiência perante o Comitê Bancário do Senado nesta tarde.
Wall Street abriu no vermelho com investidores vendendo ações de crescimento, como papéis de tecnologia, em razão de preocupações com o patamar das cotações. O S&P 500 cedia 1,4%, o que ajudava a tirar o Ibovespa das máximas.
2. Como a mudança no comando da Petrobras pode afetar as distribuidoras de combustíveis
O anúncio de troca de comando na Petrobras (PETR3;PETR4) criou muito ruído colateral no setor de distribuição de combustíveis, destacou a Ágora Investimentos. As ações da Cosan (CSAN3), Ultrapar (UGPA3) e BR Distribuidora (BRDT3) despencaram no pregão de ontem, seguindo a trajetória negativa dos papéis da estatal, que recuaram mais de 20%, bem como do Ibovespa, cuja desvalorização foi de quase 5%.
Nesta terça-feira, o Ibovespa opera com ganhos e as ações da Petrobras estão disparando. Às 12h06, o principal índice da Bolsa registrava ganhos de 0,41%, enquanto as ações ordinárias e preferenciais da Petrobras subiam 5,43% e 6,81%, respectivamente.
A indicação do general Joaquim Silva e Luna para substituir Roberto Castello Branco na presidência da Petrobras feita pelo presidente Jair Bolsonaro alimentou preocupações sobre o setor de combustíveis, como uma possível retomada do controle da BR Distribuidora pela Petrobras.
Embora os analistas da Ágora não tenham descartado essa possibilidade, eles acham que é um cenário pouco provável.
“Fundamentalmente não faria sentido, a nosso ver”, afirmaram Vicente Falanga e Ricardo França, em relatório.
Segundo a Ágora, a Petrobras poderia assumir novamente o controle efetivo da BR Distribuidora por dois principais motivos: (1) garantir capacidade de importação para abastecer o mercado brasileiro caso as importações de terceiros desapareçam (dada a potencial nova política de preços da Petrobras abaixo da paridade), e (2) tentar influenciar os preços dos combustíveis na bomba vendendo combustível a preços mais baratos.
No entanto, esse movimento é visto como irracional pela corretora, dado que, para abastecer o mercado, a Petrobras poderia aumentar suas taxas de utilização das refinarias. Quanto à tentativa de baixar os preços dos combustíveis por meio do controle da BR Distribuidora, os analistas acreditam que é “muito esforço para resultados pouco
efetivos”.
“Em primeiro lugar, as margens brutas de distribuição representam apenas R$ 0,14/litro de preços finais na bomba que estão próximos a R$ 4. Em segundo lugar, a BR vendendo combustível a preços mais baratos para seus postos de varejo não garantiria os varejistas repassar esses preços, portanto, a mudança poderia ser ineficaz”, explicaram Falanga e França.
Outra questão levantada pela Ágora refere-se à venda da participação da Petrobras na distribuidora, algo que a corretora acha que não vai acontecer.
“Dado todo o escrutínio em torno dos preços dos combustíveis no Brasil, vender o resto de seu ramo de varejo para o setor privado não seria um título político positivo”, comentaram os analistas.
3. Pfizer espera avançar em negociação com governo após registro de vacina contra Covid-19 na Anvisa
A presidente da Pfizer no Brasil, Marta Díez, disse que o laboratório espera avançar nas negociações com o governo brasileiro para a venda da vacina contra Covid-19 desenvolvida pela farmacêutica com a parceira BioNTech, após o imunizante receber o registro definitivo da Anvisa para uso no país, nesta terça-feira.
“Ficamos muito felizes com a notícia da aprovação e gostaríamos de parabenizar a agência pela celeridade e profissionalismo que demonstrou em todas as etapas desse processo”, disse Díez em comunicado da empresa.
“Esperamos poder avançar em nossas negociações com o governo brasileiro para apoiar a imunização da população do país.”
Apesar do registro definitivo, o primeiro concedido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária pra uma vacina contra a Covid-19, o governo brasileiro não tem qualquer acordo de compra da vacina com a Pfizer.
O laboratório tenta negociar a venda desde junho do ano passado, mas nos primeiros contatos não teve sequer resposta — incluindo uma carta enviada pela empresa ao presidente Jair Bolsonaro oferecendo 70 milhões de doses do imunizante.
4. Brasileiros estimam inflação de 5,3% nos próximos 12 meses
Consumidores brasileiros acreditam que a inflação oficial do país ficará em 5,3% nos próximos 12 meses. O resultado da pesquisa, realizada este mês pela Fundação Getulio Vargas (FGV), ficou acima das expectativas de inflação de janeiro deste ano, que era de 5,2%, e de fevereiro de 2020, que era de 5%.
O estudo é feito com base em entrevistas com consumidores em sete das principais capitais brasileiras. A eles é feita a seguinte pergunta: na sua opinião, de quanto será a inflação nos próximos 12 meses?
“O aumento da expectativa mediana da inflação dos consumidores para os próximos 12 meses tem sido influenciado pelo movimento de alta de alimentos e bebidas, produtos com elevada participação na cesta de consumo dos indivíduos. A sustentação dos preços, apesar da fraca atividade econômica, está associada à concessão de auxílios emergenciais e aos aumentos das commodities”, disse hoje (23), no Rio de Janeiro, Viviane Seda Bittencourt, pesquisadora da FGV.
Em fevereiro, 15,2% dos consumidores estimam taxas abaixo da meta de inflação para 2021 (3,75%), um ponto percentual acima do mês anterior.
Por outro lado, a proporção de consumidores que acreditam em taxas acima do limite superior da meta de inflação para 2021 (5,25%) ficou em 27,1%, 2,6 pontos percentuais abaixo do anotado em janeiro.
5. Confiança do consumidor dos EUA sobe em fevereiro, mostra Conference Board
A confiança do consumidor dos Estados Unidos aumentou em fevereiro, provavelmente diante da queda nas novas infecções por Covid-19 e expectativas de estímulo fiscal adicional.
O Conference Board informou nesta terça-feira que seu índice de confiança do consumidor subiu para uma leitura de 91,3 neste mês, de 88,9 em janeiro.
Economistas consultados pela Reuters esperavam alta a 90.