O que está mexendo com os mercados? Veja as principais notícias desta tarde

1. Ibovespa sobe com Treasuries e cena corporativa no radar
O Ibovespa ensaiava uma melhora nesta sexta-feira, após forte piora no final do pregão da véspera, com o noticiário corporativo doméstico incluindo renúncia do presidente do Banco do Brasil e os resultados de Embraer e Cyrela.
Às 13h15, o Ibovespa subia 0,49%, a 115.400,10 pontos. O volume financeiro somava 6,8 bilhões de reais. Com tal desempenho, o Ibovespa caminha para fechar a semana no azul.
Na quinta-feira, o Ibovespa caiu quase 1,5%, com o petróleo acelerando as perdas no final da sessão para quase 7% e o S&P 500 renovando mínimas do dia, o que reverteu abruptamente a tentativa de melhora na bolsa paulista.
Investidores continuam monitorando o comportamento dos rendimentos dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos, que subiram para máximas em mais de um ano na véspera, afetando negativamente as bolsas.
Mesmo após o Federal Reserve sinalizar nesta semana que não pretende elevar os juros nos EUA tão cedo, o economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Rosa, disse que há receios de que um crescimento forte daquela economia acelere a inflação.
No Brasil, Rosa destacou que, com a pandemia de coronavírus atingindo níveis alarmantes, os investidores se retraem diante de um ambiente político cada vez mais conturbado, comprometendo os fundamentos econômicos.
2. Brasília em Off: ritmo da vacinação definirá futuro do auxílio
O Ministério da Economia trabalha com dois cenários para uma eventual prorrogação do auxílio emergencial além das quatro parcelas já previstas para 2021.
Tudo dependerá do ritmo de vacinação no país. Se os grupos prioritários estiverem imunizados até o final de junho e o contágio cair, poderia haver apenas o pagamento de um valor residual aos mais vulneráveis com a edição de uma nova emenda constitucional.
Mas se houver um recrudescimento ainda maior da pandemia, a solução seria acionar o mecanismo de calamidade criado pela PEC Emergencial, no qual o governo precisa adotar contrapartidas, como congelar salários, para gastar mais.
Vacina já
A defesa da vacina se tornou o samba de uma nota só da equipe econômica. Não há fala do ministro Paulo Guedes ou de qualquer membro de sua equipe em que a frase “a melhor política é vacinação em massa” não esteja. Ao contrário do presidente Jair Bolsonaro, Guedes falou até sobre sua ânsia pela vacina.
“Já queria ter vacinado. Eu acho ótimo. Sou candidato a vacinar, quero me vacinar”, disse ele em entrevista à CNN Brasil.
A fala é bem diferente do tom adotado pelo ministro em dezembro do ano passado ao conversar com jornalistas: “Eu como cidadão tenho direito à privacidade sobre se vou tomar e qual vacina tomarei. É como o voto, por exemplo. Perguntam se eu votei, em quem eu votei. Vai que meu candidato está criticando o governo?”, disse ele na ocasião.
Debandada
Depois de acusar o golpe e classificar ele mesmo como debandada a saída de Salim Mattar e Paulo Uebel, Guedes não quer mais a imagem de que sua pasta está sendo abandonada.
Segundo um integrante da equipe, o ministro já pediu a auxiliares que comunicaram sua decisão de deixar o governo que não saiam agora porque a pauta de reformas foi destravada. O caminho teria sido aberto pela mudança no comando das duas casas do Congresso e a aprovação da PEC Emergencial.
Guedes tentou manter André Brandão no Banco do Brasil, mas não houve jeito. Segundo um integrante da equipe da instituição, Brandão estava com a cabeça feita diante da ingerência de Bolsonaro, que se irritou com os planos de enxugar a instituição, e vinha se distanciando do cargo desde o final de janeiro.
3. Etanol: distribuidoras queimam estoques, preços evaporam e devem sair em vermelho das usinas
Com a semana toda o etanol hidratado em queda livre nas bases distribuidoras, não se deve esperar que o biocombustível feche com preços positivos nas usinas no balanço final de 15 a esta sexta (19).
As restrições mais rígidas de enfrentamento à pandemia são imediatamente sentidas no consumo.
Além do que a safra do Centro-Sul começa oficialmente em 1º de abril, o que limita os negócios já que as distribuidoras ficam no compasso de espera de maior oferta de etanol.
Vieram queimando seus estoques este dias.
De acordo com o Indicador Diário do Etanol, do Cepea, as empresas de Paulínia (SP) reduziram em 2,39% o litro na quinta, a R$ 2,733, seguindo recuos desde o dia 12. Dois deles também significativos.
Hoje deve se repetir, ampliando o acumulado negativo do mês que está em 5,25%.
Também pelo Cepea, os preços nas indústrias tiveram um leve decréscimo na semana anterior, em 0,04%, em R$ 2,9059, igualmente livres.
Em paralelo, o petróleo também apresentou recuos seguidos, aliviando riscos de aumento da gasolina.
Perdeu o suporte de quase US$ 70, depois da queda livre de ontem, quando evaporou mais de 7% em Londres, por conta dos temores da demorada saída europeia de crise sanitária e estoques americanos.
4. Brasil perde espaço e ações mexicanas atraem apostas na América Latina
Os investidores em ações latino-americanas que buscam evitar um cenário de maior incerteza no Brasil estão mapeando oportunidades no México.
As ações mexicanas têm atraído apostas otimistas em meio à visão de que o país deve se beneficiar da aceleração da economia norte-americana, que deve crescer 5,6% neste ano, de acordo com a mediana das projeções de economistas e estrategistas compiladas pela Bloomberg.
Além da perspectiva de exportações crescentes e remessas impulsionadas pelos cheques de estímulo em seu vizinho do norte, o México executou um dos orçamentos mais austeros do mundo durante a crise da Covid-19.
No Brasil, a incerteza política crescente e dúvidas sobre o ritmo da recuperação econômica têm levado a uma postura mais cautelosa.
“O México está em melhor posição para um desempenho superior” na região, disse Emy Shayo, estrategista de ações para América Latina do JPMorgan, em relatório nesta semana.
Ela elevou as ações do México para overweight (recomendação acima da média), citando a forte posição fiscal do país e a expectativa de crescimento mais forte dos EUA. O Brasil foi rebaixado para neutro após cerca de quatro anos de recomendação overweight.
O Ibovespa acumula uma queda de 3,5% em 2021, enquanto o índice Mexbol subiu 6,4% em moeda local no mesmo período. A bolsa brasileira vinha registrando desempenho anual mais forte em relação ao seu par regional desde 2016. Enquanto as mortes por coronavírus no Brasil estão em patamar recorde, os casos têm desacelerado no México, que busca superar a pior recessão em cerca de um século.
O apetite por Brasil também foi impactado pela inflação em alta e maior ceticismo em relação às reformas prometidas pelo presidente Jair Bolsonaro durante sua campanha eleitoral.
“O forte crescimento nos EUA provavelmente beneficiará o México, que também gastou menos do que seus pares emergentes em meio à pandemia”, disse Will Pruett, gestor que administra cerca de US$ 7,4 bilhões na Fidelity Investments, incluindo cerca de US$ 400 milhões no Fidelity Latin America Fund. Pruett está ligeiramente overweight no México e neutro no Brasil.
5. Bank of America prevê entradas de US$ 1,6 trilhão em ações este ano
Se investidores continuarem apostando em fundos de renda variável no ritmo atual, esse movimento poderia injetar a quantia “impressionante” US$ 1,6 trilhão em ações neste ano, segundo estrategistas do Bank of America.
Apesar da volatilidade do mercado puxada pelo aumento dos rendimentos dos títulos e apostas de inflação, fundos de ações atraíram um recorde de US$ 68,3 bilhões na semana até 17 de março, de acordo com relatório do BofA na quinta-feira.
Em uma base anualizada, as entradas alcançarão a casa dos trilhões de dólares, superando o recorde anterior de US$ 300 bilhões alcançado em 2017, de acordo com previsão de estrategistas liderados por Michael Hartnett.
Os fluxos indicam que as ações continuam sendo o instrumento de investimento mais procurado, apesar da queda em setores mais caros, como tecnologia. Os títulos registraram entradas de US$ 110 bilhões este ano, apenas um terço dos US$ 347 bilhões em ações, já que os retornos dos índices acionários continuam atraentes com os juros ainda próximos de mínimas históricas.
Por enquanto, investidores preferem ações dos EUA entre os principais mercados em 2021, tendo injetado cerca de US$ 138 bilhões em comparação com apenas US$ 264 milhões na Europa, de acordo com dados do BofA e EPFR Global. Na última semana, fundos dos EUA registraram entrada recorde de US$ 53 bilhões.