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O que são as assinaturas de Schnorr e a atualização Taproot da rede Bitcoin?

30 set 2020, 11:56 - atualizado em 30 set 2020, 11:56
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Embora o bitcoin continue sendo a criptomoeda mais valiosa e o primeiro blockchain a existir, enfrenta inúmeros desafios. Os endereços da futura bifurcação Schnorr/Taproot abordam alguns desses desafios e será a atualização mais significativa do Bitcoin desde a bifurcação SegWit em agosto de 2017 (Imagem: Pixabay/TheDigitalArtist)

O bitcoin continua sendo a criptomoeda mais bem-conhecida e valiosa, com uma capitalização de mercado de US$ 200 bilhões.

Como um blockchain de primeira geração, o Bitcoin enfrenta inúmeros desafios. Por exemplo, velocidades de transação são limitadas a aproximadamente sete transações por segundo.

Porém, qualquer atualização ou melhoria para o Bitcoin deve passar por um processo rigoroso criado para assegurar as propriedades essenciais do Bitcoin como uma criptomoeda descentralizada e resistente à censura não sejam comprometidas.

Propostas de Melhoria do Bitcoin

Para desenvolver, manter e melhorar o blockchain Bitcoin, os desenvolvedores do Bitcoin Core propõem Propostas de Melhoria do Bitcoin (BIPs). Referem-se a um documento em que desenvolvedores propõem uma solução para um problema na rede Bitcoin.

Por exemplo, após a apresentação e implementação BIP 141, mais comumente conhecida como Testemunha Segregada (do inglês “Segregated Witness” ou SegWit), velocidades de transação aumentaram e taxas de transação caíram significativamente na rede Bitcoin.

Basicamente, isso foi possível sem um aumento no tamanho de bloco sem impactar as propriedades descentralizadas do Bitcoin.

O processo de BIP foi criado por Amir Taaki, ex-desenvolvedor do Bitcoin.

Taaki acreditava que o processo de desenvolvimento do Bitcoin seria melhorado ao criar um processo estruturado e transparente. Taaki enviou a primeira BIP (BIP 0001) em 29 de agosto de 2011 e descreveu o processo de BIPs.

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Assinaturas de Schnorr são uma possível solução por envolverem o agrupamento dos dados transacionais (Imagem: Pixabay/Pixaline)

A bifurcação Schnorr/Taproot do Bitcoin

A bifurcação (ou “soft-fork”) Schnorr/Taproot é a atualização mais significativa ao Bitcoin desde a bifurcação SegWit de agosto de 2017. O acréscimo de assinaturas de Schnorr ao protocolo Bitcoin foram discutidas por anos.

Assinaturas de Schnorr serão implementadas como parte de uma maior atualização chamada Taproot. Taproot havia sido proposta por Greg Maxwell, desenvolvedor do Bitcoin Core, em 2018 e é baseada em uma proposta mais antiga chamada Árvores de Sintaxe Abstrata Merkelizadas (MAST).

Taproot promete aumentar a fungibilidade do Bitcoin, melhorar a funcionalidade dos contratos inteligentes e impulsionar a privacidade ao fazer com que todas as transações fiquem parecidas aos observadores externos do blockchain.

A atualização irá implementar um novo estilo de assinatura criptográfica, as assinaturas de Schnorr, que terão diversos benefícios, principalmente para contratos autônomos.

Atualmente, o Algoritmo de Assinatura Digital de Curvas Elípticas (ECDSA) são usados para assinar transações no blockchain Bitcoin. Geralmente, pesam 72 bytes, enquanto assinaturas de Schnorr não passam de 64 bytes, representando uma redução de 12%.

Quando Satoshi Nakamoto escreveu o whitepaper do Bitcoin, assinaturas de Schnorr não estavam disponíveis em bibliotecas comuns da rede e não eram disponíveis para uso comercial, já que eram protegidas por uma patente americana.

Caso estivessem disponíveis anteriormente, sugere-se que Nakamoto optaria por assinaturas de Schnorr, não apenas por seu tamanho reduzido.

Assinaturas de Schnorr permitem o agrupamento de assinaturas por meio da Taproot, combinando diversas chaves privadas em uma única “chave privada mestre” que pode assinar transações.

Esse agrupamento deve reduzir taxas de transação, diminuir o custo operacional de um nó e melhorar a escalabilidade. Taproot é muito útil para plataformas que usam contratos autônomos sofisticados, como corretoras que dependem de carteiras de multiassinaturas (“multisig”).

Em vez de usar um design de carteira entre duas ou três multiassinaturas com uma chave “quente” (conectada à internet), uma chave terceirizada e confiável, uma carteira “fria” (não conectada à internet) como segurança, onde participantes terão de transmitir todas as três chaves para gastar as moedas, Taproot agrega essas chaves em uma única assinatura de Schnorr, possivelmente reduzindo as taxas da rede para corretoras em até 30%.

O documento técnico para a BIP 340 das assinaturas de Schnorr está disponível no GitHub.

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Taproot irá minimizar as impressões digitais deixadas em qualquer transação única e tornar a rede de pagamentos mais opaca e menos vulnerável à censura (Imagem: Freepik)

Um passo em direção à privacidade do Bitcoin

Embora a mídia convencional geralmente fale do bitcoin como uma moeda anônima que não pode ser rastreada, esse não é o caso. Por conta do fato de o Bitcoin ser um registro público aberto, todas as transações são públicas e podem ser analisadas usando um explorador de bloco.

Empresas de análise em blockchain como Chainalysis são adeptas ao rastreamento de transações de bitcoin e ligando-as às identidades de pessoas privadas.

Embora as novas mudanças não irão transformar o Bitcoin em uma moeda genuinamente irrastreável, Taproot representa um passo importante em direção à privacidade.

Embora a atualização não seja especificamente para privacidade, vai melhorar a fungibilidade do Bitcoin — a propriedade essencial do dinheiro em que cada unidade individual é indistinguível de qualquer outra.

Com Taproot, todos os pagamentos vão parecer os mesmos e nenhuma distinção poderá ser feita de um pagamento enviado para um endereço público ou para um endereço de contrato inteligente, como um canal na Lightning Network.

Isso minimiza as impressões digitais deixadas em qualquer transação única e torna a rede de pagamentos mais opaca e menos vulnerável à censura.

Empresas de pesquisa em blockchain terão mais dificuldade em entender quantas partes estavam envolvidas em cada transação ou detectar se foi apenas um pagamento simples ou uma operação complexa de contrato inteligente.

Em setembro, desenvolvedores do Bitcoin enviaram, com sucesso, a BIP 340 com a biblioteca mestre de códigos do Bitcoin, um marco histórico importante na implementação.

O desenvolvedor do Bitcoin Nicolas Dorier tuitou que a parte “mais complicada” do processo esteve completa e “deixando isso no passado, eu espero que o restante da atualização Taproot aconteça de forma tranquila”.

O próximo na atualização será a fusão de solicitações após a bifurcação, caso esta seja bem-sucedida. Mineradores e usuários do Bitcoin precisarão aprovar a bifurcação.

As atualizações v0.19.1, v0.20.0 e v0.20.1 do Bitcoin Core foram lançadas este ano para fornecer diversos consertos de falhas e melhorias ao desempenho.

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