Internacional

O recado da China a Javier Milei

22 nov 2023, 18:59 - atualizado em 22 nov 2023, 18:59
Xi Jinping China Argentina Javier Milei
China adverte Milei sobre interrupção de relações comerciais entre os dois países (Imagem: REUTERS/Florence Lo)

Javier Milei era ainda candidato à presidência da Argentina quando disse que, sob sua gestão, o paós não iria ter mais relações com o China.

À época, Milei defendia o corte como uma questão de “moralidade”, já que “não se podia confiar em comunistas” e que a Argentina deveria se voltar para “lado civilizado”, representado, na visão dele, pelos países do Ocidente.

Meses se passaram e Javier Milei agora é o presidente eleito, e as dúvidas sobre como ele pretende conduzir as relações com o segundo parceiro comercial mais importante do país cresceram.

Diana Mondino, uma das cotadas para assumir a pasta de Relações Internacionais de Milei, moderou em partes o tom inflamatório do presidente eleito ao dizer que o país não irá romper relações com Brasil e China, mas sim “parar de interagir”.

Não demorou muito para que o burburinho causado pelo novo governo argentino chegasse à Pequim. Em declaração feita ontem (21), a porta-voz do ministério de Relações Exteriores da China, Mao Ning, falou de um “erro grave” se a Argentina cortar as relações com o país asiático, ou mesmo o Brasil.

“Seria um grande erro diplomático para a Argentina cortar laços com grandes países como China ou Brasil (…) queremos continuar trabalhando com a Argentina para manter estáveis as relações. Há um grande sentido de cooperação econômica”, acrescentou.

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“Argenchina”: reservas em yuan e participação no “BRI” coloca Argentina na órbita chinesa

A China tem aumentado consideravelmente a sua influência na economia Argentina, a ponto de ter superado o Brasil como país que mais investe no país platino. Segundo o Conselho Empresarial Brasil China (CEBC), Pequim investiu cerca de US$ 1,34 bilhão na Argentina, contra US$ 1,30 bilhão vindo do Brasil.

Cabe mencionar que a Argentina é um dos país latino-americanos que compõem os acordos de infraestrutura dentro do contexto da Iniciativa Cinturão e Rota (BRI, na sigla em inglês), também conhecida como “A nova rota da seda”.

Além disso, outra dificuldade posta a Milei com relação a um possível afastamento com o gigante asiático é o fato de que 81% das reservas internacionais da Argentina estão em reinmibi, a moeda chinesa.

Os contratos de swap cambial reinmibi-peso foram firmados primeiramente ainda durante a presidência de Cristina Kirchner, em 2009. Depois, foram ampliados em 2018 por Mauricio Macri, que pode se tornar uma figura central no futuro governo de Milei.

O objetivo dos contratos é permitir que Argentina e China mantivessem relações comerciais, sem recorrer ao dólar.

Estagiário
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
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