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Oi (OIBR3): Os tubarões do mercado estão comprando?

01 fev 2023, 15:18 - atualizado em 02 fev 2023, 11:15
Oi (OIBR3;OIBR4)
Oi: Entrada de fundos de investimentos podem estar por trás da disparada das ações (Imagem: Gustavo Gomes/Bloomberg)

Os investidores que acompanham as ações da Oi (OIBR3) estão acostumados com a volatilidade do papel. A qualquer fato relevante ou notícia, a ação subia 10% a 15% e caía mais 20% no outro dia.

Porém, o movimento visto em janeiro chamou a atenção de analistas e até da própria CVM (Comissão de Valores Mobiliários), que questionou a empresa devido ao aumento do volume de negociação de suas ações.

Desde dia 19 de janeiro, quando o papel ordinário estava cotado a R$ 1,10, a ação disparou incríveis 111%, a R$ 2,33. O preferencial (OIBR4), que possui menos liquidez, subiu em menor proporção, acumulando alta de “apenas” 50%.

Em resposta, a Oi se limitou a dizer que não há atos relevantes que, em seu entendimento, possam justificar possíveis oscilações atípicas no número de negócios e na quantidade negociada de ações da companhia, além daqueles amplamente já divulgados ao mercado.

Ocorre que, assim como a empresa, os analistas que conversaram com o Money Times também não têm uma explicação clara para o salto.

Nesse meio tempo, a Oi não divulgou nenhum fato relevante que explicasse o otimismo. Pelo contrário, no dia 16 de janeiro, a empresa descontinuou as projeções (guidance) que previam receitas de até R$ 15 bilhões até 2024 por conta do cenário ruim da economia.

Outro ponto negativo foi o corte de preço-alvo do UBS-BB em 78%, com recomendação neutra. No relatório, o banco disse que há vários pontos a resolver, mesmo após terminar o processo de recuperação judicial.

Fim da recuperação judicial: volta dos fundos?

Em dezembro do ano passado, a Oi, enfim, encerrou o processo de recuperação judicial que durava mais de seis anos. A ação bem que mostrou alguma reação, mas não subiu como o esperado.

Uma das possíveis explicações para a alta recente é a entrada de fundos de investimentos no papel. O analista Fabiano Vaz lembra que, com o fim do processo, muitos fundos que não podiam investir em empresas em RJ agora estão liberados para fazê-lo.

Além disso, a Oi também se qualifica para entrar em índices. Porém, o analista recorda que isso não é um processo feito da noite para o dia.

“Temos que acompanhar tudo com calma, quais são as características dos fundos, se estão acreditando na empresa e no longo prazo”, completa.

Especulação?

Outro fator apontado por analistas é a mais pura e simples especulação, algo comum em papéis com carregados de incerteza. Segundo Guilherme Ishigami, broker da RJ Investimentos, a alta pareceu mais especulativa do que fundamentada por algum motivo.

“O evento mais recente foi a recuperação judicial, mas isso não era uma novidade, e mesmo assim não foi uma notícia tão positiva, dado que a empresa saiu com uma dívida bruta de R$ 22 bilhões e uma alavancagem de 3x. É mais uma especulação, seguindo o bom humor do mercado em geral”, discorre.

Ele lembra ainda que a Oi negocia a um preço baixo de R$ 2, “então, qualquer centavo de variação tem percentual relevante”.

Hora de entrar no papel da Oi?

Mesmo com a disparada, a recomendação dos analistas ouvidos é de não se deixar levar somente pela valorização, já que a tese da Oi continua a mesma.

“Não há nada de novo que crie valor para a companhia. Diante de um cenário que há vários ativos baratos, não vejo motivos para estar alocado em uma empresa com incertezas”, discorre Ishigami.

Charo Alves, especialista da Valor Investimentos, argumenta que o investidor precisa ter cautela, dado o alto grau de endividamento da tele.

“Não é uma notícia ou outra que vai virar o fundamento da companhia. A alta pode ser o excesso de desconto, dando um fluxo de compra no papel, mas sem uma mudança nos fundamentos”, diz.

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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