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Oi (OIBR3): Por que as ações derreteram 25% após a aprovação do Cade?

02 mar 2022, 12:33 - atualizado em 02 mar 2022, 12:33
Ação da Oi não conseguiu manter trajetória de alta após a aprovação do Cade da venda da sua operação móvel.

Desde que foi aprovada a venda da Oi Móvel pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômico) para Vivo (VIVT3), TIM (TIMS3) e Claro, as ações ordinárias da Oi (OIBR3) acumulam queda de 25%.

A confirmação do negócio, uma das maiores reestruturações de empresas do Brasil, era tida como essencial para a companhia sair do atoleiro, além de significar um gatilho de alta para os papéis.

Porém, até o momento, isso não ocorreu. 

Na sexta, a B3 autorizou a Oi a negociar suas ações abaixo de R$ 1, as chamadas penny stocks, por mais três meses, o que mostra a dificuldade da empresa em firmar o preço de seus papéis.

Por que caiu?

Entre os fatores lembrados pelos analistas que conversaram com o Money Times está a própria aprovação do Cade.

Na sessão, o sinal verde foi dado por quatro votos favoráveis e três contrários, em votação considerada apertada. O voto de minerva ficou a cargo do presidente do conselho, Alexandre Cordeiro.

“A venda foi aprovada, mas com muitas restrições. E foi por um placar bem apertado. Isso assustou um pouco o mercado, deixando-o cético quanto aos desdobramentos.  A aprovação já estava precificada mesmo antes da assembleia. A discussão era na forma e com quais condições seria aprovada a venda. E as condições desagradaram o mercado”, argumenta o head de renda variável da Vitreo Marcel Andrade.

Já Virgílio Lage, especialista da Valor Investimentos, destaca que com a venda da Oi Móvel, a tele perdeu a parte que mais gerava receitas. 

“A parte que a Oi herdou é a parte que gera mais prejuízo e o mercado entendeu isso como negativo, perdendo a capacidade de sair da recuperação judicial no curto prazo”, argumenta.

João Abdouni, analista da Inversa, lembra que a Oi tem alguns ativos valiosos e, ao mesmo tempo, uma situação de dívida complicada.

“Um movimento que tenho visto são de alguns investidores institucionais buscando comprar participações em ativos, como foi no caso da V.tal”, pontua.

A empresa, que possui 42% de participação da Oi e 60% do BTG e atua no valioso mercado de fibra ótica no Brasil, é a principal aposta da tele para se reerguer. 

“Os investidores profissionais que gostam do case podem estar adotando essa nova abordagem, que ir direto nas ações de OIBR4, por exemplo”, completa. 

Ele diz ainda que os investidores podem optar por investir na dívida de bonds da Oi do que no equity diretamente.

Na opinião de Cristine Fensterseifer, analista da Empiricus, o movimento de queda é natural, considerando a elevação dos juros e o medo com o conflito da Ucrânia.

“Tudo isso afasta investidores de ativos mais arriscados, como a Oi. Não teve muita novidade na aprovação nem após ela, então, na minha opinião, é um movimento de mercado mesmo”, completa.

Oi OIBR3
Com a venda da operação móvel, a Oi deverá receber R$ 15,8 bilhões e poderá pagar parte considerável de suas dívida (Imagem: Money Times/ Gustavo Kahil)

Próximo passo: saída da recuperação judicial?

Na visão do BTG, em relatório publicado após a aprovação do negócio, o próximo passo para Oi é a saída da sua recuperação judicial. A reunião está marcada para 31 de março.

Com a venda da operação móvel, a Oi deverá receber R$ 15,8 bilhões e poderá pagar parte considerável de suas dívidas, incluindo BNDES (R$ 4,5 bilhões) e empréstimo-ponte (R$ 2,1 bilhões), lembram os analistas Carlos Sequeira, Osni Carfi e Vitor de Melo.

“A venda de suas operações móveis, combinada com a venda dos ativos de fibra, deve ajudar a Oi a ajustar sua estrutura de capital, sair da recuperação judicial e focar no crescimento de sua base de clientes”, coloca.

Mesmo assim, alguns analistas dizem que para ganhar a confiança do mercado, a Oi terá que entregar resultados. De acordo com Addouni, da Inversa, a Oi ainda queimará muito caixa, mesmo com a saída da recuperação judicial.

“Sair da RJ não necessariamente é um fator favorável, dado que com a recuperação judicial a empresa ganha prazos maiores para pagar seus fornecedores. A empresa precisará apresentar resultados melhores antes do movimento de alta ser algo mais robusto, como os investidores do papel esperam”, afirma.

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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