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Oi (OIBR3): Saída da recuperação judicial pode atrair tubarões do mercado e colocar fim à volatilidade das ações?

21 jan 2022, 14:11 - atualizado em 21 jan 2022, 14:21
Oi OIBR3
Oi: Com fim da recuperação judicial, a empresa ficaria mais interessante, apontam analistas (Imagem: Money Times/ Gustavo Kahil)

Os papéis da Oi (OIBR3) dispararam nesta semana com a notícia de que o Cade, enfim, irá definir o futuro da venda da Oi Móvel para o consórcio formado por TIM (TIMS3), Claro e Vivo (VIVT3).  

O mercado espera que o órgão aprove a operação, sem maiores dores de cabeça. Segundo analistas consultados pelo Money Times, os investidores ainda não precificaram esse movimento, o que explica a disparada do papel.

Mas qual o motivo do “ok” do Cade ser tão importante para a Oi? 

A avaliação é de que o negócio é fundamental para que a tele possa respirar e ter capacidade de diminuir a dívida e força para investir onde importa: no disputado segmento de fibra óptica, como o traçado em seu plano de investimento. 

“Ela precisa desse dinheiro para diminuir o endividamento e aumentar a capacidade de investimento. Se essa decisão sair, é uma ação que pode valer até R$ 3”, estima Flavio Conte, analista da Levante.

Fim da recuperação judicial?

De acordo com a analista da Empiricus, Cristiane Fensterseifer, a aprovação do Cade é um passo a mais para que a empresa tenha fôlego para sair da sua recuperação judicial, que corre na justiça desde 2016.

“O fim da recuperação judicial foi determinado para março de 2022 pelo juiz ou quando forem concluídas as vendas da V.tal e da Móvel”, coloca. Segundo Fensterseifer, a Oi precisa se desfazer desses dois ativos para não correr o risco de carregar alguma obrigação sobre as unidades. 

O que o fim da recuperação judicial significa?

Para Cristiane, mais do que resolver as pendências na Justiça com credores, o fim da recuperação judicial da Oi colocaria a tele em outro patamar. 

“O fato de a Oi ainda estar em RJ tem grande impacto na base de acionistas e impede que muitos fundos institucionais invistam na empresa, tanto nacionais como estrangeiros”, coloca. 

Ou seja, a empresa poderia atrair os tubarões do mercado, jargão utilizado para se referir aos investidores institucionais, fazendo com que a ação tivesse mais consistência. 

“A Oi hoje é uma das empresas com maior participação de pessoas físicas na negociação diária, tipo de investidor que amplia em geral a volatilidade, pois em geral costuma olhar mais fatos de curto prazo do que fundamentos de longo prazo, diferentemente de fundos e institucionais”, coloca.

Segundo Everton Medeiros, especialista da Valor Investimentos, o fim da recuperação judicial “com certeza” trará investidores institucionais. “Se torna uma empresa menos volátil e aumenta a previsibilidade”, completa.

Ele afirma ainda que a Oi vem cumprindo todo o processo de recuperação judicial de forma assertiva. “Isso é outro ponto positivo da empresa”.

Na visão da Régis Chinchila, da Terra Investimentos, os investidores institucionais podem fazer parte desse novo aporte, principalmente porque o modelo da Oi visa renegociação com os credores.

“Mas os desafios seguem pressionando a tese de investimentos, principalmente a redução de dívidas, melhorias operacionais e margens de crescimento. Esse fator ficará mais evidente nos próximos balanços da empresa”, afirma.

Oi OIBR3
Mesmo com o fim da recuperação, Oi precisa entregar resultados

Oi terá que mostrar resultados

Mesmo assim, alguns analistas afirmam que a companhia terá que mostrar resultados se quiser ganhar a confiança do mercado. De acordo com João Addouni, da Inversa, a Oi ainda queimará muito caixa, mesmo com a saída da recuperação judicial.

“Sair da RJ não necessariamente é um fator favorável, dado que com a recuperação judicial a empresa ganha prazos maiores para pagar seus fornecedores. A empresa precisará apresentar resultados melhores antes do movimento de alta ser algo mais robusto, como os investidores do papel esperam”, afirma.

Chinchila, da Terra Investimentos, prevê que a volatilidade das ações deve continuar por um bom tempo, até a empresa conseguir entregar melhores resultados. Já Medeiros, especialista da Valor Investimentos, enxerga na ação potencial de alta.

“Faz sentido o investidor ter na carteira, mas é importante destacar que, até pelo histórico de recuperação judicial, ela deve representar sempre a minoria do capital investimento, de 0,5% a 1%”, ressalta.

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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