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Os motivos por trás da disparada do arroz em 2023; altas vão se manter em 2024?

28 dez 2023, 11:10 - atualizado em 28 dez 2023, 11:10
arroz alimentos
Os preços do arroz nos supermercados estão em patamares próximos dos registrados durante a pandemia de covid-19 (Imagem: Pixabay/ImageParty)

Como você acompanhou aqui no Money Times na última semana, durante o primeiro ano do terceiro mandato do presidente Lula, diversos alimentos apresentaram inflação em 2023.

Um dos destaques fica por conta dos preços do arroz, que subiram 17,7% no acumulado do ano até novembro. De acordo com dados divulgados hoje no IPCA-15, o produto acumulou alta de 5,46% em dezembro.

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Dessa maneira, ouvimos um especialista no mercado do cereal, que explicou os motivos por trás do avanço expressivo.

O mercado do arroz em 2023

Segundo Evandro Oliveira, analista na Safras & Mercado, os preços mais firmes para a cultura são reflexo do mau momento vivido em temporadas anteriores.

“Enfrentamos temporadas de prejuízos e margens apertadas, com o baixo incentivo aos produtores resultando em migração para culturas outrora mais rentáveis, como soja e milho. Diante disso, registramos a menor área em aproximadamente duas décadas na safra 22/23 e menores estoques em cerca de 15 anos, com impactos do La Niña e a pior seca na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul”, explica.

Soma-se a isso os bons volumes exportados nessa temporada, totalizando cerca de 1,4 milhão de toneladas de março até novembro, ante 1,5 milhão na temporada anterior, que foi de exportações recordes, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).

Restrições na Índia, El Niño e preços recordes

Um dos principais fatores que mexeu com os preços ao longo do ano fica por conta da restrições dos embarques de arroz pela Índia, principal exportador global do cereal, na tentativa de conter sua inflação, assim como os problemas na safra da Tailândia, segundo maior exportador global.

“Com isso, os preços asiáticos atingiram os maiores patamares em cerca de 15 anos, principalmente o Vietnã, terceiro maior exportador que foi pressionado por conta da maior demanda. Para completar o cenário altista, o El Niño está castigando as lavouras em toda zona produtiva do arroz do Mercosul neste início do plantio da safra 2023/2024, principalmente no Rio Grande do Sul, maior estado produtor do Brasil”, pontua.

Assim, a média da saca gaúcha segue renovando recordes nominais, cotada atualmente acima de R$ 125. Em Santa Catarina, segundo maior estado produtor, as indicações já passam de R$ 112. “Momento único para a cultura, arroz mais caro que soja”, completa.

O que esperar para os preços em 2024?

Para Oliveira, os preços devem cair apenas com o ingresso da safra nacional no mercado e maior volume de importações do Mercosul em meados de março.

“2024 tem tudo pra ser o ano das culturas irrigadas, com o feijão também passando por situação semelhante, onde cerca de metade das lavouras da primeira safra 2023/24 correm risco de perdas”, analisa.

O analista destaca que altas graduais têm ocorrido nos supermercados, com o pacote de 5kg do arroz branco Tipo 1, alcançando R$ 30 para marcas comerciais e R$ 40 marcas nobres — níveis vistos apenas no pico da pandemia de Covid-19.

“A nova temporada não deve ser tão diferente, lembrando que devemos iniciar com estoques ao redor de 700 mil toneladas, suficiente para apenas um mês de beneficiamento. Devemos ter mais um ciclo de preços firmes e estoques apertados, o que pode nos reservar novas surpresas a nível de preço”, avalia.

Por fim, com margens mais satisfatórias aos produtores, Oliveira enxerga uma grande oportunidade de reinvestimento para o arroz e recuperação de importantes áreas perdidas para outras culturas.

Repórter
Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil, que cobre o ciclo da oleaginosa do plantio à colheita, e do Agro em Campo, programa exibido durante a Copa do Mundo do Catar e que buscava mostrar as conexões entre o futebol e o agronegócio.
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Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil, que cobre o ciclo da oleaginosa do plantio à colheita, e do Agro em Campo, programa exibido durante a Copa do Mundo do Catar e que buscava mostrar as conexões entre o futebol e o agronegócio.
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