Sucroenergia

Paraná volta a produzir mais açúcar e Alcopar reconhece que fim da barreira chinesa tem alcance limitado

24 maio 2020, 11:08 - atualizado em 24 maio 2020, 12:24
Índia ainda leva vantagem nas exportações de açúcar de cana à China (Imagem: REUTERS/Amit Dave)

Enquanto observam a China retirar as salvaguardas contra o açúcar brasileiro (de efeito limitado) e fazem as contas já para a safra seguinte, as usinas paranaenses confirmam que voltam à tradição de produzir mais a commodity do que etanol. Dois milhões de toneladas para 1,5 bilhão de litros de hidratado e anidro (500 milhões/l).

Os ganhos somente em dólar do açúcar nesta safra de pandemia (destruindo os preços do etanol), já que Nova York anda de lado sem força para sair da estreita margem do custo de produção – abaixo dos 11 centavos de dólar por libra-peso – ajudam contra as pressões sobre o ciclo 20/21. Mas não muito.

O real depreciado, que favorece as exportações atualmente, penaliza, por outro lado, os produtores na compra de fertilizantes, principalmente, para a cana que vai cortada em 2021, diz Miguel Tranin, presidente da entidade que representa as indústrias do Paraná, a Alcopar.

Se a China entrar mais forte no mercado brasileiro, sem a tarifa extracota de 85% (já foi de 95% entre 2017/2018, quando as vendas caíram para pouco mais de 100 mil/t), ainda este ano há uma chance maior de o açúcar obter ganhos na bolsa de futuros. Mas não é uma equação tão simples e de efeito relativamente curto nos embarques, admite Tranin.

A cota é de 1,9 milhão/t e o Brasil exportou pouco mais de 890 mil/t na temporada 19/20 a 15% de tarifa de importação. Com o fim da barreira no topo, atendendo negociação com o Brasil para não haver disputa na Organização Mundial de Comércio, volta a extracota de 50%.

Dificilmente os exportadores brasileiros superarão os embarques acima do limite ou mesmo superior ao que foi o ano passado.

Primeiro, há a desaceleração econômica chinesa nos três meses de pico da pandemia do novo coronavírus, além do efeito que gera até que a situação geral vá se normalizando, o que levará tempo, de acordo com informações do próprio governo chinês.

Em segundo, a China já fez acordo para a compra de açúcar da Índia, que está chegando a 3 milhões/t, como Money Times deu em várias edições em 2019 (veja a última, em dezembro).

Para completar, lembra o presidente da Alcopar, a China está investimento na África, em projetos de irrigação, incluindo outros produtos, numa tendência de aumentar sua própria produção multinacional, como já tem no Brasil com a Cofco.

“A estratégia chinesa e diminuir o grau de dependência de vários países, aumentar a concorrência entre eles, e ir aos poucos aumentando sua produção própria”, acrescenta Miguel Tranin.

Repórter no Agro Times
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
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