Petrobras (PETR4): BTG corta R$ 14 do preço-alvo; qual motivo do pessimismo? Veja potencial

O ano parecia promissor para a Petrobras (PETR4). As ações caminhavam para renovar máximas, impulsionadas por bons resultados. Porém, a empresa não contava com o impacto das tarifas impostas por Donald Trump, que derrubaram o preço do petróleo de US$ 85 para a casa dos US$ 60.
Para analistas, a commodity deve permanecer nesse patamar por um bom tempo. Esse cenário levou o BTG Pactual a revisar para baixo o preço-alvo da ação em R$ 14, de R$ 58 para R$ 44 — ainda assim, potencial de alta de 37%. A recomendação segue de compra.
Nesta terça-feira (20), PETR4 encerrou a sessão com alta de 0,41%, a R$ 32,11. No ano, a ação acumula queda de 9,14%.
Queda do Brent
Os analistas agora projetam o petróleo Brent a US$ 65, ante os US$ 70 anteriores, com custos de extração ligeiramente acima das expectativas e uma trajetória de capex (investimentos) mais alinhada ao guidance (projeções) da companhia.
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Esse novo cenário resulta em maior alavancagem e menor flexibilidade para distribuição de dividendos, segundo o banco.
“Continuamos vendo a Petrobras como uma operadora de alta qualidade, mas com um potencial de valorização mais contido no curto prazo”, escrevem os analistas.
Dividendos em risco?
De acordo com o BTG, como em qualquer empresa do setor, o potencial de dividendos da Petrobras está diretamente ligado ao preço do petróleo.
“Com o petróleo mais baixo e maior intensidade de capex, por conta da estratégia de adoção de FPSOs (Unidade Flutuante de Produção, Armazenamento e Transferência de Petróleo e Gás, em português) próprios (em vez de leasing), a margem para distribuições agora é mais estreita.”
Os analistas estimam um dividend yield de 12% para 2025 e de 14% para 2026, mas alertam que o balanço de riscos está enviesado para o lado negativo.
“Embora a mudança para FPSOs próprios possa reduzir custos no longo prazo, ela exige maiores desembolsos iniciais de capital — justamente em um momento de pressão sobre os preços do petróleo.”
O que pode mudar a visão sobre a Petrobras?
Na visão do BTG, três cenários poderiam melhorar a perspectiva da companhia:
- recuperação do Brent para a faixa entre US$ 70 e US$ 75, o que aumentaria de forma significativa a capacidade de pagamento de dividendos;
- capex abaixo das estimativas, algo historicamente comum na Petrobras, o que poderia liberar caixa no curto prazo;
- ciclo eleitoral de 2026, que pode começar a influenciar positivamente o sentimento de mercado, a depender de maior visibilidade macroeconômica e fiscal — com impacto direto no risco-país e no custo de capital do acionista.
“A Petrobras pode não ser mais o destaque óbvio de antes, mas continua atrativa. A combinação de ativos de base sólidos, competitividade em custos e um dividend yield razoável ainda oferece valor dentro do setor de produção na América Latina”, conclui o BTG.
PRIO ganha preferência
Apesar de manter uma visão construtiva sobre a Petrobras, o BTG prefere a PRIO (PRIO3), citando maior potencial de valorização e flexibilidade no capex, o que proporciona maior alavancagem ao preço do petróleo, mesmo em um cenário macroeconômico desafiador.
Na semana passada, o banco reduziu o preço-alvo da PRIO de R$ 68 para R$ 65, o que ainda representa um potencial de valorização de cerca de 60%.