Petróleo

Petrobras (PETR4): De Rússia à Argentina, as petrolíferas que já foram privatizadas no mundo

31 maio 2022, 15:47 - atualizado em 31 maio 2022, 15:47
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Privatização da Petrobras está sendo estudada (Imagem: Tânia Rêgo/Agência Brasil/Flickr)

A discussão sobre uma possível privatização da Petrobras (PETR3; PETR4), ganhou corpo nesta terça-feira (31), com a inclusão da estatal na lista de estudos para empresas a serem privatizadas.

O pedido foi feito formalmente pelo Ministério de Minas e Energia (MME) ao Ministério da Economia na segunda-feira (30), mas o atual ministro, Adolfo Sachsida, já havia dado indícios desde o começo de seu mandato, no início de maio, de que a privatização da petrolífera era uma prioridade de sua gestão.

Segundo o BTG, o mercado financeiro está mais focado nas potenciais mudanças na diretoria e no conselho de administração da companhia do que em uma eventual privatização da empresa.

A maior empresa do setor, no entanto, é uma estatal com capital misto — assim como a Petrobras é atualmente. O governo da Arábia Saudita é o maior acionista da Saudi Aramco, dono de 98% das ações.

Atualmente, o valor de mercado da companhia árabe é de US$ 9,214 trilhões; a Petrobras, por sua vez, vale US$ 91,475 bilhões.

Mas a Petrobras não é a primeira (e nem a última) petrolífera a ser privatizada no mundo. Os casos de desestatização vão de Rússia à Argentina e mostram o que deve ser feito (ou não) no Brasil, embora não exista uma receita perfeita.

Entre os maiores exemplos de privatização estão a Rússia após o final da União Soviética (URSS), a YPF na Argentina e a BP no Reino Unido.

Confira:

A Petro-Canada no radar

(Imagem: Unsplash/Hermes Rivera)

A Petro-Canada, fundada em Ontario, em 1975, foi uma companhia controlada pelo estado canadense até 1991, quando o governo do ex-primeir0-ministro Brian Mulroney realizou a sua privatização.

No início, as ações da petroleira foram vendidas no mercado aberto a cerca de US$ 13.

Então, o governo começou a deixar o governo da companhia aos poucos, mantendo uma participação de 19% e proibindo qualquer acionista de possuir mais de 10% de ações da Petro-Canada.

Outra regra instaurada pelo governo era a de que estrangeiros não podiam ter mais de 25% do controle da empresa.

No primeiro ano de privatização, as ações caíram para US$ 8, enquanto a Petro-Canada perdeu US$ 603 milhões pela desvalorização de alguns de seus ativos.

Em 2004, o ministro das finanças canadense Ralph Goodale pediu para vender todas as ações remanescentes da Petro-Canada, obtendo cerca de US$ 3,2 bilhões. Em 2007, os maiores acionistas da empresa eram a Capital Research and Management Company, dona de 7,3% da empresa e a Barclays, com 4%.

Atualmente, a petrolífera Suncor Energy é a dona da Petro-Canada.

O vai e volta da YPF

YPF
(Imagem: Facebook/YPF)

A estatal Yacimientos Petrolíferos Fiscales (YPF), fundada em 1922, foi privatizada em 1999, no governo de Carlos Menem.

Segundo a Enciclopédia Latino-Americana, naquele ano, a “Repsol adquiriu as ações do governo argentino na YPF e fundiu-se com a subsidiária, tornando-se uma petroleira internacional de porte médio: suas reservas de petróleo saltaram de 1 bilhão para 3,5 bilhões de barris (incluindo gás natural). A nova Repsol-YPF passou a deter 56% do mercado argentino de refino e 48% da distribuição, além de continuar a controlar 59% do refino e 47% da distribuição na Espanha”.

Mas, em 2012, durante o governo de Cristina Kirchner, a companhia voltou a ser uma estatal. Com ampla aprovação do congresso argentino, o projeto de Kirchner, que declarava ser “de utilidade pública e sujeito à expropriação” a detenteção do governo de 51% do capital da YPF.

Uma análise feita pelo jornal argentino El Clarín mostra que as ações da atual estatal caíram 75% em dez anos.

Privatização em massa na Rússia

(Imagem: REUTERS/Maxim Shemetov)

Com o final da União Soviética, veio também o final de uma boa parte das empresas comandadas pelo estado que, no regime comunista, tinha controle total das companhias do país.

Ao contrário do que acontece atualmente no mundo, as privatizações à época eram feitas com vouchers que foram distribuídos igualmente entre a população e correspondiam a uma parcela da riqueza nacional.

Os russos, então, começaram a vender os vouchers que poderiam ser trocados por ações das companhias privadas, o que gerou uma concentração de ativos das ex-estatais nos conhecidos oligarcas russos, como o ex-dono do Chelsea, Roman Abramovich.

Segundo o site Russia Beyond, de 1992 a 1994, 15 mil empresas deixaram de ser controladas pelo estado para serem privatizadas por meio dos vouchers.

A desestatização do setor de óleo e gás, por exemplo, foi decretada por lei em 1992, durante o governo do presidente Boris Yeltsin.

A Lukoil, uma das companhias, foi fundada em 1991 com a junção de três estatais da Sibéria. Como cita a BBC, em 1993, ela foi privatizada e transformada em capital aberto.

A Gazoprom foi privatizada da mesma forma, mas retornou às mãos do governo de Vladimir Putin no ínicio de 2000. Em 2021, produziu 68% do gás russo.

A mão-de-ferro de e a BP

Combustíveis Gasolina Diesel BP
(Imagem: REUTERS/Carlos Jasso)

Conhecida como dama de ferro, a ex-primeira ministra britânica Margaret Thatcher foi a responsável pela privatização da BP, multinacional sediada no Reino Unido que opera no setor de energia, sobretudo de petróleo e gás.

A privatização da companhia foi feita em fases entre os anos de 1979 e 1987, com a venda gradual das ações que o governo possuía.

Em 1979, segundo a BBC, Thatcher vendeu cerca de 5% das ações, reduzindo a participação do governo na empresa para 46%. Em 1987, a privatização havia sido concluída — e o governo deixou de possuir ações da BP.

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Jornalista formada pela Faculdade Paulus de Comunicação (FAPCOM) e editora do Money Times, já passou por redações como Exame, CNN Brasil Business, VOCÊ S/A e VOCÊ RH. Já trabalhou como social media e homeira e cobriu temas como tecnologia, ciência, negócios, finanças e mercados, atuando tanto na mídia digital quanto na impressa.
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