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Petrobras (PETR4): Petróleo mais barato pesa, mas produção recorde mantém tese de dividendos atrativa em 2025

17 dez 2025, 7:00 - atualizado em 16 dez 2025, 20:16
Petrobras PETR4 dividendos
(Imagem: Tânia Rêgo/Agência Brasil/Flickr)

A Petrobras (PETR4) caminha para fechar 2025 no vermelho. Até 16 de dezembro, as ações acumulavam queda de 16%, acompanhando de perto o tombo de 20% do Brent no ano. Não foi só o petróleo mais barato que pesou no humor do mercado: a expectativa em torno do novo plano estratégico, divulgado em novembro, e dividendos menos generosos do que nos anos dourados também ajudaram a esfriar o apetite dos investidores.

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Lá fora, o cenário seguiu pouco amigável. Em outubro, análises de mercado chamaram atenção para a combinação nada favorável de demanda mais fraca, produção elevada e ruídos geopolíticos. A XP Investimentos, por exemplo, disse ter sido pega de surpresa pelo avanço da produção nos Estados Unidos e apontou preocupação com os possíveis efeitos macroeconômicos de uma escalada da guerra comercial entre EUA e China.

Agora, há o temor de que uma sobreoferta atinja o mercado de petróleo a partir de 2027. O cenário combina a retomada da produção, a redução dos cortes da Opep e uma desaceleração do crescimento da demanda global.

Com esse pano de fundo, a Petrobras precisou jogar na eficiência para tentar compensar o petróleo mais barato. Mesmo com a demanda perdendo fôlego, a estatal elevou a produção para mais de 2,5 milhões de barris por dia, o que ajudou a amortecer parte das perdas.

Resultados robustos, mas dividendos menores

A companhia seguiu dando lucro, mas pagou menos dividendos — e isso não passou despercebido. Segundo o Itaú BBA, muitos investidores globais aproveitaram para reduzir posição. Ainda assim, os números operacionais continuaram robustos: nos nove primeiros meses de 2025, a Petrobras lucrou R$ 94,6 bilhões. O Ebitda ajustado chegou a R$ 177,3 bilhões, enquanto o fluxo de caixa livre somou R$ 72,3 bilhões.

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O motor desses resultados continuou sendo o segmento de Exploração e Produção. A receita da área cresceu 3,6% no ano, para R$ 255,5 bilhões. Já a produção de óleo, LGN e gás natural alcançou 3,14 milhões de barris de óleo equivalente no terceiro trimestre, alta de 8% em relação ao trimestre anterior.

O grande protagonista foi Búzios. O FPSO (navio-plataforma) Almirante Tamandaré bateu a meta de 225 mil barris por dia três meses antes do previsto e, em outubro, foi além: chegou a 270 mil barris diários, acima da capacidade nominal. No mesmo mês, o conjunto das unidades do campo superou a marca de 1 milhão de barris por dia. A UEP P-78 também entrou no jogo em 2025, com capacidade para produzir 180 mil barris por dia.

Com mais óleo disponível, as exportações dispararam e bateram recorde no terceiro trimestre, com 814 mil barris por dia enviados ao exterior.

Os investimentos — um dos principais pontos de atenção do mercado — também cresceram. O capex somou US$ 14 bilhões no acumulado do ano, alta de quase 29% em relação a 2024. A maior fatia ficou com o E&P, que recebeu US$ 4,7 bilhões apenas no terceiro trimestre, concentrados no pré-sal da Bacia de Santos e na construção de novos FPSOs em Búzios, Atapu e Sépia. Já em Refino, Transporte e Comercialização, os aportes chegaram a US$ 600 milhões, incluindo contratos do Projeto Refino Boaventura.

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No braço de Gás e Energias de Baixo Carbono, as receitas alcançaram R$ 35,56 bilhões. Um dos destaques foi a antecipação da entrega de 1,12 GW de potência das usinas termelétricas Ibirité e TermoRio, reforçando a segurança do sistema elétrico.

Do lado financeiro, a dívida bruta chegou a US$ 70,7 bilhões em setembro, alta de 3,9%, refletindo captações para reforço de caixa. A dívida líquida ficou em US$ 59,1 bilhões, com prazo médio confortável de 11,36 anos.

Margem Equatorial e o que vem pela frente

A Margem Equatorial voltou ao centro das atenções em 2025, especialmente pelo debate ambiental. Em outubro, a Petrobras recebeu do Ibama a licença para perfurar um poço exploratório no bloco FZA-M-059. O mercado, no entanto, não vê impacto relevante de curto prazo para as ações.

Após a divulgação do plano estratégico 2026–2030, em novembro, a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, reforçou que a companhia mantém foco em segurança energética e preservação ambiental, alinhada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e ao Acordo de Paris.

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O plano prevê a entrada de nove novas plataformas, a contratação de 20 embarcações para cabotagem — sendo 18 barcaças —, além da retomada das Fábricas de Fertilizantes Nitrogenados da Bahia e de Sergipe. Também estão no radar projetos de fertilizantes e a expansão do refino.

Segundo Chambriard, a produção cresceu 11% no último ano, puxada pelo pré-sal e pelo sistema Almirante Tamandaré, que hoje opera com capacidade de até 270 mil barris por dia.

Diante da queda de cerca de US$ 20 no preço do petróleo em relação ao ano anterior, a executiva afirmou que a Petrobras reforçou a disciplina de capital, revisando projetos e simplificando operações. A estimativa é de uma economia de US$ 12 bilhões até 2030 — corte de 8,5% frente ao plano anterior.

A presidente reiterou que a empresa seguirá pagando dividendos, mantendo endividamento em nível considerado saudável e focando no aumento da produção até 2027. Os investimentos aprovados ficaram cerca de 1,8% abaixo do plano anterior, refletindo tanto o petróleo mais barato quanto a busca por disciplina financeira.

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O ajuste pesou mais sobre iniciativas de baixo carbono e descarbonização. Já a área de Exploração e Produção foi preservada — e pode até ganhar mais recursos se o Brent colaborar.

O que dizem os analistas

Apesar de um ano difícil na Bolsa, a Petrobras segue no radar como uma tese de dividendos. O Safra, por exemplo, mantém recomendação de compra (outperform) e preço-alvo de R$ 43.

Para o banco, o novo plano estratégico funciona como um “bom roteiro”, ao oferecer mais flexibilidade para lidar com um petróleo mais barato, manter o foco em E&P e avançar na otimização de custos.

A Empiricus Research também vê valor no papel, destacando que a ação negocia a cerca de 4 vezes o lucro, com dividend yield de dois dígitos.

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“Os ajustes — nada triviais para uma estatal em véspera de eleições presidenciais — mostram que a gestão está atenta e sensível a um ambiente desafiador”, afirmou o analista Ruy Hungria.

O plano para os próximos cinco anos prevê uma distribuição de dividendos entre R$ 45 bilhões e R$ 50 bilhões, praticamente em linha com o plano anterior, mesmo com um Brent bem mais barato. A diferença é que, desta vez, a Petrobras não colocou na mesa a possibilidade de dividendos extraordinários.

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Editor
Jornalista formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), com MBA em mercado financeiro. Colaborou com revista Veja, Estadão, entre outros.
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