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Petrobras (PETR4): Petróleo sobe próximo a US$ 90 e gasolina tem defasagem de quase R$ 1; entenda os reflexos

03 abr 2024, 13:04 - atualizado em 03 abr 2024, 18:51
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Para especialista, além de atender interesses políticos, a Petrobras usa de estratégias para eliminar sua concorrência no mercado interno (Imagem: Agência Petrobras)

Os preços do petróleo seguem subindo no mercado internacional, a medida que as tensões entre Israel e Hamas avançam, com risco para que o conflito se espalhe no Oriente Médio.

Na manhã desta quarta-feira (3), o petróleo Brent, com vencimento para junho, avançava 0,75%, em US$ 89,58. No mesmo horário, os preços do West Texas Intermediate (WTI), com vencimento em maio, subiam 0,74%, em US$ 85,78.

Os preços da gasolina e o diesel no Brasil, praticados pela Petrobras (PETR4), seguem defasados no mercado interno.

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Segundo dados da Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), os preços da gasolina estão com uma defasagem de 25,35% (R$ 0,9592/L), enquanto o diesel fica em 7,72% (R$ 0,2944).

De acordo com Pedro Rodrigues, diretor do CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura), em entrevista ao Money Times, essa defasagem afeta principalmente os importadores de petróleo.

“Isso afeta empresas com a Raízen (RAIZ4), Ipiranga e outras empresas. O Brasil conta com mais de 150 distribuidoras e quando a Petrobras, que tem 85% – 90% da capacidade de refino no mercado nacional, começa a vender abaixo dos preços internacionais, isso prejudica os importadores. Isso prejudica também a Acelen, dona de refinaria na Bahia, que precisa vender os derivados mais baratos que no mercado internacional”, explica.

Risco de desabastecimento e fim da concorrência da Petrobras

Rodrigues ressalta que se essa defasagem se manter no longo prazo, há risco para desabastecimento.

“Se deixarem de importar, por não ser vantajoso, faltará produto no mercado. No passado, a Petrobras importava e tomava prejuízo, algo que não é mais permitido nas regras da empresa”, pontua.

O diretor do CBIE comenta que a Petrobras não vê espaço no momento para um reajuste, já que a estatal não tem visto prejuízo, porque ela tem custos menores que da importação.

“A Petrobras faz isso por dois motivos, com o primeiro sendo para aniquilar seus concorrentes, vendendo mais barato, fazendo com que outras empresas não consigam importar e tomando o mercado, algo que, na minha visão, deveria ser controlado pelo CADE. O segundo motivo é político. Quando a estatal não reajusta os preços, ela ajuda o Governo no controle da inflação”, discorre.

Por fim, Rodrigues aponta que a política comercial da empresa segue obscura desde o fim da política de paridade internacional.

“Não sabemos quando eles podem ajustar os preços, virou uma grande ‘caixa preta’. O reajuste faz sentido com base na antiga paridade, mas com base nessa política atual, que o mercado não consegue entender, é difícil dizer quando teremos um novo reajuste”, conclui.

Posição da Petrobras

O Money Times entrou em contato com a Petrobras, pedindo um posicionamento sobre o tema. Sobre o assunto, a estatal destacou os seguintes pontos:

A nova estratégia comercial aprovada pela Diretoria Executiva da Petrobras em maio de 2023 passou a incorporar as nossas melhores condições de produção e logística para a definição dos nossos preços de venda de gasolina e diesel às distribuidoras. A estratégia comercial usa referências de mercado como: (a) o custo alternativo do cliente, como valor a ser priorizado na precificação, e (b) o valor marginal para a Petrobras.

O custo alternativo do cliente contempla as principais alternativas de suprimento, sejam fornecedores dos mesmos produtos ou de produtos substitutos, já o valor marginal para a Petrobras é baseado no custo de oportunidade dadas as diversas alternativas para a companhia dentre elas, produção, importação e exportação do referido produto e/ou dos petróleos utilizados no refino.

Tal estratégia nos permite praticar preços competitivos frente a outras alternativas de suprimento e mitigar a alta volatilidade do mercado internacional, proporcionando períodos de estabilidade de preços para os nossos clientes. Fazemos isso em equilíbrio com os mercados nacional e internacional, e operando os nossos ativos de maneira segura, otimizada e rentável.

Importante destacar que os preços praticados pela Petrobras observam o ambiente no qual a companhia está inserida, os condicionantes legais e a lógica econômica do mercado brasileiro, no qual, desde 2002, vigora o regime de livre competição.

Os preços da Petrobras são acompanhados pelo Conselho de Administração e pelo Conselho Fiscal, órgãos com representantes dos acionistas majoritários e minoritários da Companhia, conforme a Diretriz de Formação de Preços, aprovada em 27 de julho de 2022. Além disso, a Petrobras publica diversas informações sobre seus preços e a formação dos preços ao consumidor final.

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Repórter
Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, também participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil e do Agro em Campo.
pasquale.salvo@moneytimes.com.br
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