Entre Altas e Baixas

Petrobras (PETR4) prega peças com investidor e evidencia o poder da diversificação; entenda

17 maio 2023, 10:06 - atualizado em 17 maio 2023, 10:06
Petrobras
Quem apostou pesado na baixa das ações da Petrobras (PETR4) perdeu um bom dinheiro. Por isso, colunista destaca o poder da diversificação. (Imagem: REUTERS/Paulo Whitaker)

Já comentei em outras colunas, gosto bastante da forma de pensar do Howard Marks, que é sócio fundador e vice-presidente da Oaktree Capital Management, uma das maiores empresa de private equity do mundo. E ajuda a entender o que acontece com a Petrobras (PETR4) agora.

O livro “The Most Important Thing”, ou, “O mais importante para o investidor” em sua versão em português, que foi escrito por Marks, traz algumas lições muito importantes para o investidor, do iniciante ao mais experiente.

Me lembrei de um dos seus grandes ensinamentos assistindo ao jogo entre Bahia x Flamengo no último final de semana.

Como bom flamenguista, tenho acompanhado com grande expectativa o início da trajetória do técnico Jorge Sampaoli.

Aparentemente ele tem tudo para conduzir o Flamengo novamente ao primeiro lugar dos principais campeonatos nacionais e internacionais – sem clubismo aqui.

Petrobras no futebol

Contudo, um fator importante me chamou a atenção durante o jogo Bahia x Flamengo no último final de semana.

E mais especificamente falando na volta das equipes para o segundo tempo.

Ganhando de 3×1, o novo treinador do Flamengo sacou cinco jogadores ao mesmo tempo e escalou outros cinco para entrarem nos 45 minutos seguintes.

Essa foi a primeira vez na história do nosso futebol que houve tamanha mudança de equipe no intervalo do jogo.

Além do fator desentrosamento, que por si só já seria motivo suficiente para não fazer esse tipo de alteração, o que mais me chamou atenção foi a falta de gestão de risco.

Portanto, a equipe ficou exposta, sem mais direito a nenhuma alteração.

Veja, não estou nem criticando o resultado final, até porque foi de vitória do Flamengo por 3×2. O ponto recai sobre a estratégia, o processo.

Gestão de risco

Posteriormente, depois do final da partida, ao ser questionado pelo movimento ousado, o técnico rubro negro argumentou que todos os ajustes haviam sido realizados por conta de contusões.

Em sendo o caso, aí podemos explorar uma outra questão dentro do tema “gestão de risco”.

Ou o clube teve muita má sorte para ter cinco jogadores com problema físico ao mesmo tempo ou os jogadores escalados já não estavam em sua melhor forma antecipadamente.

Se for o segundo caso, houve falha na gestão de risco no momento da escalação, pois deixou os
jogadores expostos e o resultado final poderia ter sido bastante diferente.

Essa mesma moral podemos aplicar para o mundo dos investimentos.

Alocação excessiva

Um exemplo de falta de gestão de risco em um portfólio de investimentos seria a alocação excessiva de recursos.

Portanto, o mesmo que se concentrar em um único setor ou em ativos altamente voláteis sem considerar a diversificação adequada.

Vamos supor que um investidor decida alocar a maior parte de seu portfólio em ações de uma única empresa de tecnologia, sem considerar outras classes de ativos ou setores diferentes.

Isso pode expor o investidor a um risco significativo caso haja um revés no desempenho da empresa ou no setor de tecnologia como um todo.

Além disso, se o investidor não acompanhar de perto as condições do mercado, não estabelecer limites de perda ou não tiver um plano de saída definido para os seus investimentos também pode ser danoso.

Outro exemplo seria ignorar os princípios básicos da diversificação, investindo apenas em uma única classe de ativos, como ações, sem considerar a inclusão de outros tipos de investimentos, como renda fixa, fundos imobiliários ou commodities.



E, engana-se que diversificação reduz o retorno potencial de um portfólio de investimentos.

No ano, enquanto o Ibovespa opera perto da estabilidade, o Ouro sobe quase 10%, o CDI sobe aproximadamente 5%, enquanto o IFIX avança 4%.

Caso Petrobras

E não podemos deixar de lembrar que o próprio mercado prega peças com o investidor, veja o recente caso de Petrobras (PETR4).

Depois de anos blindada pelo governo, a companhia se reestabeleceu e passou a pagar gordos dividendos.

Com a volta da esquerda ao poder, muito se falava em intervenção política na companhia, na volta da fase dos grandes investimentos em ativos não core e no fim da política da paridade de preços internacional – todos os casos seriam bem nocivos para a companhia.

Ontem (16), a empresa aprovou uma mudança na estratégia de precificação de combustíveis, assim como já era amplamente esperado pelo mercado.

Contudo, o grande receio do mercado não se concretizou e o que ocorreu foi que o papel subiu no pregão.

Na margem, a notícia acabou sendo melhor do que era esperado e, por conta disso, o papel acabou tendo esse bom desempenho.

Quem perdeu dinheiro

Um investidor que estivesse convicto que a intervenção viria e tivesse concentrado o seu portfólio para apostar na baixa do papel por conta dessa notícia certamente teria se frustrado e perdido um bom dinheiro.

O oposto também ocorre.

Muitas vezes uma empresa está passando por um bom momento e, mesmo que divulgue um bom resultado trimestral, pode acabar caindo bastante, prejudicando o retorno de um investidor que tivesse concentrado o seu portfólio nessa tese de investimentos.

Para quem quiser entender melhor o poder da diversificação, sugiro assistir a esse vídeo produzido por Ray Dalio, fundador da Bridgewater.

Forte abraço,

*Fernando Ferrer, graduado em Engenharia Mecânica pela UFRJ e com MBA de Finanças pela mesma instituição, atua na Empiricus como analista de investimentos há 5 anos.

Atualmente, é responsável pela série best-seller As Melhores Ações da Bolsa e faz parte da equipe que comanda o Carteira Empiricus, o portfólio multimercado que é o carro-chefe da casa.

Colunista da newsletter Day One, Fernando passou a integrar o time de colunistas do Money Times com sua série semanal Entre Altas e Baixas.

Graduado em Engenharia Mecânica pela UFRJ e com MBA em Finanças pela mesma instituição, Fernando Ferrer atua na Empiricus como analista de investimentos há 5 anos. Atualmente, é responsável pela série best-seller As Melhores Ações da Bolsa e faz parte da equipe que comanda o Carteira Empiricus, o portfólio multimercado que é o carro-chefe da casa. Colunista da newsletter Day One, Fernando passará a integrar o time de colunistas do Money Times com sua série quinzenal Entre altas e baixas.
Graduado em Engenharia Mecânica pela UFRJ e com MBA em Finanças pela mesma instituição, Fernando Ferrer atua na Empiricus como analista de investimentos há 5 anos. Atualmente, é responsável pela série best-seller As Melhores Ações da Bolsa e faz parte da equipe que comanda o Carteira Empiricus, o portfólio multimercado que é o carro-chefe da casa. Colunista da newsletter Day One, Fernando passará a integrar o time de colunistas do Money Times com sua série quinzenal Entre altas e baixas.
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