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Petrobras (PETR4): Tubarões e analistas seguram a ação até os dividendos secarem

01 jun 2022, 15:41 - atualizado em 01 jun 2022, 15:41
Petrobras
A Petrobras paga 60% do fluxo de caixa livre menos os investimentos auferidos  (Imagem: Renan Dantas/Money Times)

Apesar da péssima governança corporativa e das insistentes trocas de CEOs — três em menos de quatro anos — a Petrobras (PETR3;PETR4) segue nas carteiras de gestores e nas recomendações dos analistas.

Até hora, isso tem protegido o papel de quedas maiores — a ação caiu 15% desde 23 de maio, valor distante de quando Roberto Castello Branco saiu na presidência.

O que tem pesado na escolha dos tubarões, jargão utilizado para se referir aos investidores instrucionais, são os gordos dividendos, apurou o Money Times. No primeiro trimestre, a companhia pagou R$ 1,87 por ação e mais R$ 1,85 adicionais, totalizando R$ 3,72 por ação.

A Petrobras segue a seguinte fórmula de pagamento de proventos: 60% do fluxo de caixa livre menos os investimentos auferidos. Ademais, a estatal pode pagar pagamento de proventos adicionais se assim preferir.

Em conversa com Money Times, Leandro Saliba, head de renda variável da AF Invest, diz que empresa ainda vale pelos proventos, com dividend yield de mais de 11%.

Para Waldir Morgado, sócio da Nexgen Capital, a Petrobras é uma empresa que entrega resultados fortes, dividendos e múltiplos baixos. “A Petrobras continua sendo uma empresa para se investir no longo prazo”, coloca.

Atualmente, a estatal é negociada a 2,3 vezes o Ebitda estimado, menos da metade dos múltiplos de 5,4 e 5,9 das gigantes petrolíferas americanas Exxon Mobil Corp. e Chevron Corp., respectivamente, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

Analistas continuam otimistas com Petrobras

Em relatório divulgado no dia 18 de maio, a Ativa reafirmou a recomendação de compra apontando, justamente, os dividendos, mesmo com as questões políticas.

“A sua capacidade de geração de caixa atual, a posição de dívida equalizada e a intenção em remunerar trimestralmente o investidor são motivos para enxergarmos uma relação risco x retorno positivamente assimétrica em seus papéis, sobretudo se considerarmos o panorama global de inflação e aumento de juros que pressionam os mercados de equity”, colocam Ilan Arbetman e Tadeu Lourenço.

Segundo a XP, mesmo com tanto barulho político, a Petrobras ainda é assimétrica, respaldado por um múltiplo muito baixo (2,4x EV/EBITDA 2022 versus 3,4x das grandes petrolíferas ocidentais) e um forte fluxo de dividendos (yield de 24 % para 2022 e ~100% para os próximos 5 anos).

De acordo com o consenso da Reuters, de 11 analistas, oito recomendam compra e três mantém neutralidade. Nenhum possui venda.

Dividendos em risco?

Mesmo assim, a pressão em torno na Petrobras está crescendo. Nesta quarta-feira (1), o Morgan Stanley retirou a companhia das principais ideias de ações latino-americanas, em meio a preocupações crescentes sobre o risco de interferência política na estatal.

“Nós nos preocupamos com possíveis mudanças na atual política de preços da empresa”, estrategistas liderados por Guilherme Paiva escreveram em nota de 31 de maio.

Paiva também destacou que a próxima distribuição de dividendos por parte da companhia deve ocorrer somente no fim do terceiro trimestre, perto da eleição presidencial.

O BTG Pactual também soltou relatório alertando para os riscos crescentes da ação. De acordo com os analistas Pedro Soares e Thiago Duarte, separar a retórica das ameaças reais à política de preços está cada vez mais difícil.

Segundo a dupla, o que segura os investidores na ação da Petrobras são os gordos dividendos. Mas em um cenário de mudanças de preços, esse chamariz fica prejudicado, argumentam.

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Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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