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Petróleo pode disparar em 2024? Não se empolgue tanto; analistas explicam o porquê

18 jan 2024, 16:31 - atualizado em 18 jan 2024, 16:31
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Analistas veem petróleo na faixa dos US$ 70 o barril em 2024 (Imagem: Reuters/Nick Oxford)

O mercado de petróleo marca um início de ano bastante volátil, sem direção certa. Mesmo diante dos desdobramentos do conflito que se instaura no Oriente Médio e com a guerra na Ucrânia ainda mal resolvida, a preocupação com a demanda global tem pesado mais para a commodity, que está longe das máximas do ano passado, quando o Brent superou os US$ 95 o barril.

De acordo com Julius Baer, o foco do petróleo está de fato na ampla oferta do mercado, nas perspectivas de demanda da China e na menor efervescência de cortes por parte das nações petroleiras.

Segundo Norbert Rücker, head de Economics e Next Generation Research do Julius Baer, a demanda chinesa por petróleo pode estar no pico, considerando os desafios econômicos persistentes e a rápida transição do país para a indústria de mobilidade elétrica.

“Enquanto outras economias asiáticas como Índia ou Vietnã crescem de forma robusta, o efeito na demanda por petróleo deve ser mitigado, considerando os diferentes padrões de mobilidade dessas sociedades. Ainda, os [últimos] cortes da Arábia Saudita levantam um aumento de competição entre nações petroleiras por compradores, conforme a oferta de Rússia, Irã ou Venezuela chega com descontos devido a sanções do Ocidente”, afirma, em análise divulgado neste mês.

Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, destaca que, pela falta de maiores desdobramentos envolvendo os conflitos geopolíticos, o mercado deve focar na questão da demanda. Sobre isso, ele ressalta que o petróleo tem uma história de queda no curto prazo, considerando que a China está com problemas para impulsionar seu crescimento e o temor de uma recessão nos EUA ainda persiste.

Petróleo a US$ 70 o barril? Melhor se acostumar…

Para 2024, os analistas entendem que o barril do petróleo não deve encostar nos mesmos patamares vistos em 2023, próximo dos US$ 100.

A avaliação de Julius Baer é de um mercado equilibrado este ano diante de uma economia mais fraca e do crescimento de produção nas Américas.

“Acreditamos que a demanda global de petróleo deve ficar amplamente estagnada este ano, seguindo o forte crescimento relacionado à reabertura da China no ano passado”, diz Norbert Rücker, head de Economics e Next Generation Research do Julius Baer, em análise divulgado neste mês.

O Julius Baer vê o barril do petróleo negociado na faixa mínima dos US$ 70 em 2024 e mantém uma visão neutra para a commodity.

Spiess, da Empiricus, também vê o petróleo negociado a uma faixa de US$ 70-80 o barril, a não ser que as tensões geopolíticas se agravem.

No entanto, Spiess diz que o petróleo “dificilmente furará US$ 70 o barril”. Se isso acontecesse, os EUA voltariam a comprar e a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) cortariam a produção.

De acordo com o analista, vale ter um pouco de exposição ao petróleo (e a petroleiras) na carteira pelo fato de a commodity ter se tornado um “hedge geopolítico”. Além disso, olhando para o longo prazo, Spiess acredita que a tese do petróleo veio para ficar por mais tempo.

“Por conta da falta de investimento nos últimos anos, do receio de que o petróleo acabaria muito antes do que hoje vemos de fato que acabará, não temos tanta oferta estrutural quanto deveríamos ter. Ainda é um mercado atrativo para os próximos anos”, diz.

No entanto, o analista levanta algumas ressalvas.

“Eu teria um pouco na carteira, mas menos do que eu teria se eu estivesse construtivo com o mercado de óleo. Não estou construtivo com o mercado para 2024 por questões de demanda”, reforça.

Editora-assistente
Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
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Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
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