Petróleo

Petróleo tomba 5% em uma das sessões mais negativas do ano

04 out 2023, 17:41 - atualizado em 04 out 2023, 17:41
Extração de petróleo
Petróleo teve sessão fortemente negativa, após relatório de ocm(Imagem: REUTERS/Stringer/Archivo)

Os sinais de fadiga no rali de petróleo dos últimos dias tiveram nesta quarta-feira (4) o episódio mais contundente.

Contratos futuros de WTI e Brent, as duas principais referências do mercado internacional, deslizaram quase 5%, configurando uma das sessões mais negativas de 2023.

Com isso, o o Brent volta marca dos US$ 86 por barril, tocando o menor nível desde o dia 1 de setembro. Já o WTI, referência do óleo americano, cai abaixo dos US$ 85.

O relatório da Agência Internacional de Energia (AIE) influenciou os rumos da negociação, ao indicar um enfraquecimento na demanda global por gasolina. Além disso, ressoou a notícia de que a Rússia pretende voltar a exportar diesel nos próximos dias, revogando o congelamento anunciado em setembro.

Paralelamente, a Opep, que voltou a reunir hoje em Viena, decidiu que irá manter a produção inalterada. Ainda assim, Rússia e Arábia Saudita comunicaram a sua intenção de continuar executando cortes a fim de apoiar os preços da commodity.

Por que rali do petróleo pode ter acabado

Desde junho, a commodity vem renovando altas, em um rali sustentado pela narrativa de restrições na oferta, provocadas por países exportadores de petróleo.

Para Norbert Rücker, economista da Julius Baer, a percepção de que há uma quantidade substancialmente menor de petróleo disponível no mercado deve ser questionada, já que está mais relacionada a um aspecto “político”.

“As nações exportadoras de petróleo alertam para um aperto na oferta devido a um aumento no consumo, e mesmo assim, o grupo permanece fiel aos cortes de produção [ao invés de aumentá-la], alegando ‘medidas de precaução’. Claro, o Ocidente e os mercados emergentes que consomem a commodity sabem que isso nada mais é do que pura política de petróleo”, avalia o economista.

Embora os países da Opep+ permaneçam estrangulando a oferta, dados vindos dos EUA e da Europa e medidas indiretas da China sugerem que os estoques de petróleo nos principais centros de consumo da commodity permanecem em níveis suficientes.

No caso do mercado chinês, que é o principal importador da commodity no mundo, o economista enxerga uma tendência oposta: “O vão entre a produção de petróleo e as imp0rtações para refinarias sugere um aumento nos estoques domésticos.”

A razão da lateralidade dos estoques em 2023 se dá, fundamentalmente, por conta da estagnação no consumo, preso a um ambiente macroeconômico desfavorável. A mobilização para a transição energética e o desbloqueio da produção de países sancionados, como Venezuela e Irã, também atuam na margem para a manutenção da oferta em níveis estáveis.

“Os preços do mercado de petróleo parecem descolados dos fundamentos e o humor está excessivamente otimista”, diz Norbert Rücker.

Há ainda outro fator que tem atuado contrariamente à elevação dos preços do petróleo: o fortalecimento do dólar americano.

A divisa pega carona no descontrole do mercado de títulos dos Estados Unidos, com mais e mais investidores internacionais buscando comprar os ativos soberanos, com as principais taxas de retorno transitando em máximas não vistas desde os preâmbulos da crise financeira global.

Estagiário
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
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