Dólar

Por que e até quando o dólar vai resistir aos R$ 4,90?

15 maio 2023, 14:02 - atualizado em 15 maio 2023, 17:05
Dólar
Dólar operou em queda nesta segunda-feira e parece ter deixado resistência para furar os R$ 4,90 para trás (Imagem: Pixabay/TBIT)

Após oscilar sem direção única, o dólar à vista acelerou a queda na reta final do pregão desta segunda-feira (15) e recuou 0,6% frente ao real, a R$ 4,88 para venda.

Após muita resistência ao patamar de R$ 4,90, esse é o menor valor de fechamento da moeda norte-americana desde 7 de junho de 2022.

Faz algumas semanas que o dólar acomodou-se no patamar ao redor de R$ 5,00, rompido há um mês. Há dias em que moeda estrangeira sobe um pouco mais, há dias em recua um pouco mais abaixo desse valor. Contudo, é notável que o dólar encontrou resistência para romper o patamar abaixo de R$ 4,90.

Dólar ‘seis e meia dúzia’

Ainda assim, o economista André Perfeito avalia que o cenário atual é positivo para o real. “Tanto o seis quanto a meia dúzia são melhores para nós”, comenta, ressaltando que o dólar tem perdido força uma vez que os juros no exterior devem se estabilizar. O que atrai menos recursos para os Estados Unidos.

“Lembrando que o dólar mais fraco é bom para os norte-americanos”, comenta Perfeito, ponderando que no ambiente doméstico uma dinâmica “particular” favorece a moeda local.

4 motivos favoráveis ao dólar

No entanto, Perfeito lista quatro motivos que têm dado essa tal dinâmica favorável ao dólar no mercado doméstico.

  1. Uma eventual queda da taxa de juros (Selic) no Brasil pode fazer o real se apreciar. Segundo ele, isso normalmente não faria sentido uma vez que o efeito da queda dos juros nos ativos locais, em particular na bolsa brasileira, mais do que compensam a redução do diferencial da taxa de juros aqui e lá fora.
  2. O economista ressalta que o “Brasil está barato” e, com isso, a perspectiva é que os ativos locais se apreciem, com o real no meio. “A boa notícia é que está ruim”, brinca.
  3. Perfeito ainda chama a atenção para o desempenho da balança comercial brasileira, que está “amplamente positiva” com um superávit de mais de US$ 26 bilhões no ano.
  4. Por fim, vem a política. Ele diz que, apesar de uma certa demora na aprovação no novo arcabouço fiscal, a expectativa é que o texto seja, de fato, aprovado. “O que reforça a leitura de juros em queda e, por consequência, uma depreciação dólar em relação ao real.

E a resistência aos R$ 4,90?

Perfeito pontua que, caso a moeda americana se mantenha abaixo dos R$ 4,90, conforme gráficos, a faixa de flutuação do câmbio deverá ser entre R$ 4,80 e R$ 4,76. Contudo, ele observa que, saindo desse intervalo, o dólar deve voltar aos R$ 4,60, patamar que não visita desde abril de 2022.

Com isso, o economista pondera que o dólar pode “muito bem” testar tal patamar, em especial, se o arcabouço fiscal for aprovado. Entretanto, uma coisa é a expectativa de corte de juros, outra bem diferente é quando o Banco Central deverá cortar de fato, o que deve ocorrer no segundo semestre.

“Imagino que o dólar vai buscar patamares mais baixos. Porém, uma vez iniciado os cortes, investidores irão ponderar com mais peso a influência dos juros na moeda e, provavelmente o real, irá se depreciar frente ao dólar”, projeta.

Sendo assim, ele prevê que, em outubro, “seis será ligeiramente diferente de meia dúzia”. Isso porque o diferencial de juros tende a ganhar mais relevância do que agora, uma vez que a Bolsa local tem tendência para se recuperar fortemente. “Ou porque o dólar pode se recuperar em parte depois de passada a acomodação dos juros no exterior”, diz.

Repórter
Jornalista mineira com experiência em TV, rádio, agência de notícias e sites na cobertura de mercado financeiro, empresas, agronegócio e entretenimento. Antes do Money Times, passou pelo Valor Econômico, Agência CMA, Canal Rural, RIT TV e outros.
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