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Por que o dólar rompeu os R$ 5? Veja se moeda abaixo desse patamar tem futuro

02 fev 2023, 16:56 - atualizado em 02 fev 2023, 17:05
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Dólar chegou à mínima do dia e de oito meses, de R$ 4,94, com mercado reagindo aos recados de Bancos Centrais (Imagem: REUTERS/Rick Wilking)

Um dos assuntos de destaque desta quinta-feira (02) é o dólar abaixo de R$ 5. Afinal, o que levou a moeda a furar esse importante nível técnico no mercado à vista?

Analistas destacam que as reações de investidores após as decisões de Bancos Centrais, principalmente, nos Estados Unidos e aqui, na última quarta-feira (01), sustentaram a cotação da moeda na casa dos R$ 4,90 por mais de cinco horas.

O operador da Commcor Corretora, Cleber Alessie, avalia que a combinação de apetite ao risco no exterior e um Comitê de Política Monetária (Copom) relativamente mais duro do que o esperado em seu comunicado, mesmo mantendo a taxa Selic em 13,75%, levaram o dólar ao menor patamar em oito meses.

Dólar sente Copom duro e Fed mais suave

Alessie destaca que os mercados passam por um rali nas últimas sessões e esse movimento foi validado pelo presidente do Fed, Jerome Powell, ontem. “Me parece fazer mais preço a sinalização de que o processo de desinflação na maior economia global teria começado, mesmo que com dados ainda resilientes nos Estados Unidos”, diz.

Ele acrescenta que Powell pode até ter tentado controlar o ânimo do mercado. Porém, parece ter sido insuficientemente “duro”, a ponto de reverter ou diluir a disposição de investidores aos ativos de risco.

Entretanto, segundo analistas, o Banco Central brasileiro teve um discurso mais pesado, apontando como risco principal o governo querer mudar meta de inflação.

Caso o novo governo consiga fazer esse movimento, o Copom deverá subir juros novamente. “Este discurso ‘hawish’ [duro], com pressão em cima do governo, foi bem visto pelo mercado por tentar controlar o risco de agenda fiscal“, acrescenta Alessie.

Dólar e o “carry trade”

O sócio da Nexgen Capital, Felipe Izac, ressalta que com tons diferentes tanto do BC quanto do Fed, é possível observar um “carry trade” – diferencial de juros entre os países -, mais forte.

“Isso traz um olhar mais forte para o Brasil e entrada de capital estrangeiro mais forte. O mercado brasileiro, querendo ou não, torna-se queridinho, já que a Bolsa está com múltiplos muito baixos”, observa.

Ele acrescenta que as perspectivas de juros altos por mais tempo e até, quem sabe subindo um pouco mais no futuro, é essencial para a captura de capital.

Overdose de BCs

Hoje, o Banco Central Europeu (BCE) também elevou juros, sendo a principal, em 0,50 p.p., para 3%. Além dele, o Banco da Inglaterra (BoE) elevou os juros para 4%, indicando que a taxa pode ser estar perto do pico.

“O mercado europeu ganhou um pouco de atratividade, fazendo o dólar a perder forças no exterior [nas primeiras horas de pregão]”, diz o analista de investimentos da Benndorf Research, João Lucas Tonello.

Alessie, da Commcor, ressalta que, agora, o mercado monitora a sustentabilidade do rali local em meio às incertezas que o novo governo vem alimentando no front fiscal e, em certo grau, sobre o controle da política monetária.

Repórter
Jornalista mineira com experiência em TV, rádio, agência de notícias e sites na cobertura de mercado financeiro, empresas, agronegócio e entretenimento. Antes do Money Times, passou pelo Valor Econômico, Agência CMA, Canal Rural, RIT TV e outros.
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