Por que o Ibovespa desaba, apesar do arcabouço fiscal?

O Ibovespa tem mais um dia negativo nesta sexta-feira (17), mesmo com a perspectiva de entrega do arcabouço fiscal. Por volta das 12h54, o índice tombava 1,26%, a 102.131 pontos. Na semana, a queda caminha para recuo de 1,64%. Em Wall Street:
Novamente, o fantasma do Credit Suisse e da crise financeira volta a provocar receios em investidores. Para Victor Benndorf, na casa que leva o seu nome, os mercados seguem o mau humor externo.
Ontem, 11 bancos dos Estados Unidos, incluindo gigantes JPMorgan Chase, Bank of America, Citigroup e Wells Fargo, informaram que vão injetar US$ 30 bilhões no First Republic Bank, um banco regional que vinha enfrentando dificuldades desde os recentes eventos com o Silicon Valley Bank (SVB) e o Signature Bank – “o que, pelo menos no curto prazo, reduz as pressões relacionadas à um dos segmentos mais relevantes nos mercados acionários, no Brasil e no mundo”, destaca a Ágora Investimentos.
As ações do Credit Suisse voltaram a recuar fortemente, abandonando ganhos iniciais, em um sinal de que a confiança de investidores continua frágil.
Além disso, os investidores estão no aguardo do desfecho da reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc), que acontece nos dias 21 e 22 de março e da Selic, que ocorre no mesmo dia.
O economista-chefe do Itaú e ex-diretor de Política Econômica do Banco Central, Mario Mesquita, aponta que uma redução da Selic já na próxima reunião pode ser um erro.
Outro fator que pressiona os papéis nesta sessão é vencimento de opções sobre ações “um combustível adicional para a maior volatilidade”, coloca a corretora.
Aqui no Brasil, depois de muita expectativa, parece que o novo arcabouço fiscal finalmente seguirá em frente. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve se encontrar com o ministro Fernando Haddad nesta sexta-feira (17) para aprovar a regra que vai substituir o teto de gastos.
A proposta já recebeu o aval de Simone Tebet e Geraldo Alckmin, sendo despachado para o Palácio do Planalto na quarta-feira à noite. Como Lula teve uma agenda cheia ontem, a reunião com Haddad ficou para hoje. Ainda assim, a reunião será ampla, com a presença do vice-presidente da República e da ministra do Planejamento.
O PP e o União Brasil disputam a relatoria do projeto do novo arcabouço fiscal na Câmara. Arthur Lira defende Aguinaldo Ribeiro (PB) ao cargo, mas membros do União dão como certo que Mendonça Filho (PE) exercerá a função.
“Lembrando: cabe ao relator elaborar um parecer, aprovando ou não, as novas regras de controle dos gastos públicos. A expectativa é que Lula aprove os termos alinhados pela equipe econômica e que o projeto seja então encaminhado à Câmara. Com o projeto relatado por um partido de Centro, o governo espera ter mais facilidade na aprovação”, pontua a equipe da Ajax Asset.
Para o economista e pesquisador do Insper, Marcos Mendes, o texto não irá ancorar as expectativas fiscais.
“Vai ser uma coisa bonitinha, dizendo que temos um arcabouço fiscal de médio prazo para sinalizar a redução da dívida, mas não gerará o controle de despesa no montante que nós precisamos para estabilizar a dívida pública”, declara.
- Entre para o Telegram do Money Times! Acesse as notícias que enriquecem seu dia em tempo real, do mercado econômico e de investimentos aos temas relevantes do Brasil e do mundo. Clique aqui e faça parte!
Ações e Ibovespa
Entre as ações do Ibovespa, a 3R Petroleum (RRRP3) disparava após a Petrobras (PETR4) ter ratificado a continuidade do processo de transição do Polo Potiguar.
Por outro lado, bancos caiam em bloco após o Conselho Nacional da Previdência Social (CNPS) reduzir a taxa de juros do empréstimo consignado para beneficiários do INSS para 1,70% ao mês.
Com Juliana Américo e Reuters