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Pré-Market: China e Yellen podem impactar negócios

14 fev 2017, 9:06 - atualizado em 05 nov 2017, 14:07

Olivia

Olivia Bulla é jornalista e escreve diariamente sobre os mercados financeiros no blog A Bula do Mercado.

Após surpreender com os dados da balança comercial, que apontaram crescimento acelerado tanto das exportações quanto das importações no primeiro mês do ano, a China volta a causar surpresa. Como reflexo do aumento da demanda, externa e interna, os índices de preços ao produtor (PPI) e ao consumidor (CPI) chinês subiram mais que o esperado em janeiro, dando sinais de reativação da economia global.

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A inflação ao produtor na China registrou a maior alta desde 2011 e avançou 6,9% no mês passado, em relação a igual período do ano passado, acima da previsão de +6,5% e ante aumento de 5,5% em dezembro, em base anual. Os números mostram que o maior exportador mundial está elevando as perspectivas para a inflação global.

Nos últimos dez meses, o PPI teve uma reviravolta de cerca de 10%, encerrando uma sequência de mais de 40 meses em território negativo e engatando uma recuperação mais durável dos preços na porta das fábricas. O movimento reflete, em grande parte, o aumento dos preços das commodities, principalmente minério de ferro e petróleo.

Já a inflação no varejo (CPI) teve alta de 2,5%, diante do aumento do consumo por causa das festividades do Ano Novo Lunar. A estimativa era de alta de 2,4%. Esses sinais de uma crescente pressão inflacionária pode levar o Banco Central chinês (PBoC) a uma postura mais firme na política monetária, visando conter o excesso de alavancagem e a saída de capital do país.

Em reação aos dados, a Bolsa de Xangai oscilou em alta, ao passo que os demais mercados na Ásia fecharam no vermelho. Os mercados financeiros deixam de lado os dados da China e repercutem mais a decisão de Michael Flynn de deixar o cargo de assessor de segurança na Casa Branca, após alegações de contatos inapropriados com autoridades da Rússia. – Leia sua carta de demissão

A notícia contamina os negócios e interrompe o rali no exterior. Os índices futuros das bolsas de Nova York estão no vermelho, impactando a abertura do pregão na Europa, em meio à desordem no governo Trump, que coloca em xeque o otimismo com a economia norte-americana e as promessas de combate contra o terrorismo.

Diante dessa sensação, o dólar é o grande perdedor, o que beneficia as commodities – metálicas, principalmente. O cobre é negociado na máxima desde maio de 2015, em meio à paralisação das operações nas duas maiores minas, enquanto o petróleo está de lado, cotado levemente abaixo de US$ 53 o barril.

Nas moedas, o iene lidera os ganhos entre as moedas de países desenvolvidos, ao passo que o dólar australiano é impulsionado pelo salto das condições de negócios no país para o maior nível em nove anos. O won sul-coreano é cotado no valor mais alto desde novembro.  

Esse comportamento das moedas no exterior pode influenciar o câmbio doméstico, que também irá repercutir a decisão do BC local de deixar vencer grande parte dos contratos de swap cambial em março. Ontem à noite, a autoridade monetária anunciou seu retorno ao mercado com um leilão de 6 mil contratos que vencem no mês que vem.

Caso mantenha esse ritmo, o BC irá rolar apenas R$ 2,7 bilhões do estoque total de vencimentos para 1º de março, o que representa menos da metade dos R$ 6,95 bilhões que vencem nesta data. Trocando em miúdos, isso significa dizer que o dólar pode testar o nível de R$ 3,10, com os investidores pressionando o câmbio em busca de proteção no mercado.

Mas enquanto digerem os dados de inflação na China, a significativa saída de Flynn do governo Trump e a decisão do BC brasileiro, os mercados globais aguardam mesmo é a participação da presidente do Federal Reserve, Janet Yellen, em audiência no Congresso norte-americano (13h). A expectativa é de que ela dê sinais sobre a possibilidade de aperto monetário já março ou somente em meados do ano.

Porém, existe uma grande chance de ela não dar pistas sobre o momento exato da primeira alta nos juros norte-americanos em 2017, diante da necessidade de informações adicionais sobre a política econômica do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A sinalização de um comércio internacional mais ativo e de estímulos fiscais ainda são promessas.

Ainda no calendário econômico no exterior, sai o índice de preços ao produtor (PPI) nos EUA em janeiro (11h30). Logo cedo, na Europa, serão conhecidos o índice ZEW de sentimento econômico na Alemanha e a segunda leitura do Produto Interno Bruto (PIB) na zona do euro no quarto trimestre do ano passado (ambos às 8h).

Na agenda doméstica, começam a ser divulgados os últimos indicadores de atividade referentes a 2016 e a dinâmica deve seguir fraca. Hoje, o destaque são as vendas do comércio varejista (9h) em dezembro e no acumulado do ano passado.

O conceito restrito, que desconsidera as vendas dos setores automotivo e da construção civil, deve praticamente devolver a alta de 2% registrada em novembro, quando interrompeu quatro meses seguidos de queda impulsionado pelas compras da Black Friday, e recuar 2% em pleno mês de Natal. Em relação a um ano antes, o varejo deve recuar 4,5%, no 21º resultado negativo seguido (desde abril de 2015).

No front político, deve sair hoje a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) quanto à nomeação de Moreira Franco como ministro da Secretaria-Geral da Presidência. A expectativa é de que ele seja confirmado no cargo – o que seria uma vitória do Palácio do Planalto – mas sem ter direito ao foro privilegiado.

Se confirmado, a Corte estaria criando mais uma “jabuticaba” brasileira à medida que a Lava Jato se aproxima da classe política em Brasília. Resta saber, quais frutos serão colhidos (e selecionados) pela Operação…

Editora-chefe
Olívia Bulla é editora-chefe do Money Times, jornalista especializada em Economia e Mercado Financeiro, com mais de 15 anos de experiência. Tem passagem pelos principais veículos nacionais de cobertura de notícias em tempo real, como Agência Estado e Valor Econômico. Mestre em Comunicação e doutoranda em Economia Política Mundial, com fluência em inglês, espanhol e conhecimento avançado em mandarim.
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Olívia Bulla é editora-chefe do Money Times, jornalista especializada em Economia e Mercado Financeiro, com mais de 15 anos de experiência. Tem passagem pelos principais veículos nacionais de cobertura de notícias em tempo real, como Agência Estado e Valor Econômico. Mestre em Comunicação e doutoranda em Economia Política Mundial, com fluência em inglês, espanhol e conhecimento avançado em mandarim.
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