Colunista Vitreo

Pré-mercado: Dois Bancos Centrais, dois discursos

18 mar 2021, 8:17 - atualizado em 18 mar 2021, 8:21
Um retorno às origens: depois de quase seis anos, o Brasil volta a subir juros / Dark (2017 – 2020)

Bom dia, pessoal!

Com o resultado da Super Quarta em mãos, investidores usarão hoje (18) e amanhã para digerir as novas informações.

Um BC brasileiro contracionista e um Fed expansionista têm algumas implicações, que servirão para ajustar alguns fatores no espectro local — expectativa de inflação, curva de juros e câmbio, principalmente.

As Bolsas europeias iniciam o dia com alta dos índices, em tendência oposta à abertura dos futuros em Wall Street, que caem nesta manhã. A ver…

Cavalo de pau

Depois de quase seis anos sem subir juros, o Banco Central brasileiro divulgou ontem o resultado da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) desta semana: alta de 75 pontos-base na Selic, levando a taxa para 2,75% ao ano.

Como se não bastasse, em um comunicado mais “hawkish” (pró-aperto monetário), já deixou contratada mais uma alta de mais 0,75 ponto percentual, rumo aos 3,5% ao ano.

Para um BC que há dois meses ainda sustentava um “forward guidance” (orientação futura), uma guinada para cima assim soa como um cavalo de pau, comprovando que a autoridade monetária estava “behind the curve” (atrás da curva, em tradução livre) e agora está correndo atrás do prejuízo para evitar uma inflação estrutural elevada no país.

Com o movimento, o BC busca ancorar novamente a inflação, que começava a perder a referência.

Com inflação não se brinca e o BC sabe disso. A curva de juros já deverá ter um ajuste automático hoje, com alta na ponta curta que esperava uma alta de 50 pontos-base. Outros efeitos?

A curva pode se achatar — se não hoje, em um segundo momento —, ajustando os juros mais longos, que estavam estressados, principalmente devido ao fiscal (mais juros hoje significa menos juros amanhã).

Ao mesmo tempo, o dólar também deve corrigir, como fez ontem (17), em um movimento de apreciação do real, uma vez que haverá atração da moeda americana para o Brasil — a combinação de Fed “dovish” e BC “hawkish” atrai dólares. Para a Bolsa, a volatilidade deve estar presente, principalmente pela alteração de discurso do Copom ao longo dos últimos meses.

Uma correção hoje poderia ser aguardada, ao passo que uma alta também poderia se sustentar, na expectativa de entrada de recursos estrangeiros.

Para a surpresa de absolutamente ninguém

O Federal Reserve não fez nada inesperado. Manteve as taxas de juros nos Estados Unidos entre 0% e 0,25% e seu programa de compra de ativos de pelo menos US$ 120 bilhões em títulos por mês.

O presidente do Fed, Jerome Powell, indicou que a instituição não usaria previsões econômicas para mudar a política preventivamente, mas, em vez disso, reagiria aos dados em tempo real — modo “data dependent”, ou “dependente de dados”, em tradução livre.

Ainda assim, ancorou mais uma vez as expectativas para os juros, sinalizando que não haverá uma elevação dos juros até 2023, apesar de uma perspectiva de melhoria e de uma virada neste ano para uma inflação mais alta — o comitê busca agora uma alta de 2,2% neste ano (“moderately overshooting inflation”).

A defesa do Fed é que a inflação verificada nos EUA agora é temporária, discurso parecido com o do BC brasileiro há alguns meses (fomos obrigados a mudar). O medo do mercado é que o Fed, assim como nós, fique “behind the curve” e seja obrigado a subir juros mais rápido.

De olho na Inglaterra

Hoje é a vez de o Banco da Inglaterra divulgar sua decisão de política monetária. Espera-se um sinal claro de nenhuma mudança na política monetária, em linha com o que temos visto no BCE, de Lagarde, e no Fed, de Powell.

O governo do Reino Unido sinalizou que não haverá novas vacinações marcadas em abril, mas que a população deve ser vacinada até julho.

Vale lembrar que o calendário de vacinação da Europa está atrasado, o que prejudica a previsibilidade para a retomada da normalização, evitando mais crescimento econômico. Investidores na Europa devem precificar ao longo do dia novidades vindas da Inglaterra.

Anote aí!

Em agenda esvaziada no Brasil, o mercado deverá reagir às movimentações de ontem do BC, a serem incluídas hoje no preço, e à continuidade dos resultados corporativos.

Entre eventuais indicadores desta quinta-feira, vale atenção para a segunda prévia do IGP-M de março, que será importante principalmente com o foco dos investidores em um retorno da inflação.

No exterior, os pedidos iniciais de auxílio-desemprego nos EUA serão entregues. A expectativa do mercado é que, à medida que as restrições são abandonadas, o mercado de trabalho deve melhorar, assim como está acontecendo na Austrália, que já suspendeu a maioria das restrições domésticas.

Na Europa, por sua vez, além do comunicado do Banco da Inglaterra, tivemos agora de manhã dados da balança comercial, que vieram pior do que o esperado.

Muda o que na minha vida?

A calma dos investidores ao redor do mundo tem dependido do que três pessoas têm a nos dizer: Christine Lagarde, do Banco Central Europeu, Jerome Powell, do Federal Reserve, e Andrew Bailey, do Banco da Inglaterra.

Com a informação de hoje, teremos encerrado o ciclo de comunicados oficiais de decisão monetária, iniciado na semana passada com o BCE.

Os financistas buscam garantias de que os formuladores de políticas pretendem manter as taxas de juros baixas e continuar com os programas maciços de compra de títulos, mesmo com o aquecimento da economia pós-pandemia.

Apesar da acomodação nos mercados, os investidores provavelmente ainda estarão alertas hoje. Os economistas entendem que Bailey precisará encontrar um equilíbrio delicado ao trilhar um caminho intermediário entre o otimismo e a cautela, assim como têm feito o BCE e o Fed.

Espera-se que os BCs sigam enfatizando o compromisso das instituições em preservar as condições de financiamento favoráveis, respondendo aos temores de que os mercados possam ser pressionados se os yields dos títulos continuarem em rápida ascensão.

Powell, em particular, tem precisado dobrar o compromisso do Fed de manter as taxas de juros baixas por algum tempo (até 2023), devido à aprovação do Congresso do pacote de estímulo de US$ 1,9 trilhão do presidente Joe Biden.

Como já conversamos aqui, espera-se que a legislação dê um solavanco para a economia dos EUA, mas também pode desencadear a inflação — mais atividade e mais liquidez na economia (expansão fiscal).

As conversas sobre as taxas de juros são particularmente delicadas, dado o endividamento governamental sem precedentes no ano passado, como acontece no Brasil, onde o fiscal é ponto de atenção dos formuladores de política monetária.

Se os bancos centrais aumentassem as taxas mais cedo do que o esperado, o custo do serviço de montanhas de dívida soberana aumentaria, consumindo fundos do governo que poderiam ser gastos em serviços essenciais ou reconstruindo economias enfraquecidas.

Por isso, acompanhar os comunicados das autoridades monetárias será fundamental para entendermos o humor dos mercados.

Fique de olho!

Está sendo lançado oficialmente nessa quinta-feira (18), o nosso mais novo fundo, o Vitreo Petróleo

O fundo Vitreo Petróleo terá como estratégia inicial a alocação combinada entre ações de empresas do setor, ETFs no exterior e contratos futuros de petróleo, com uma alocação dinâmica e de olho nos preços futuros daquela considerada a principal commodity do mundo.

Ah! E uma boa notícia para quem acompanha aqui o Transparência Radical: a composição do Vitreo

Petróleo não inclui a Petrobras, que é alvo de todo o tipo de volatilidade como a que houve na última troca de comando, que abalou as ações da empresa e da Bolsa brasileira como um todo.

Este fundo foi criado por conta da nossa observação ao mercado mundial da commodity, que mostra sinais de um possível super ciclo de alta do petróleo – mas é bom lembrar que não há qualquer garantia de retorno.

O fundo Vitreo Petróleo é a maneira mais simples e segura para o investidor se expor às melhores empresas do mundo neste setor.

O investimento inicial em nosso Vitreo Petróleo é de apenas R$ 1.000. E o fundo é aberto a todo tipo de investidor.

Chegou a sua chance de lucrar com a tese do último super ciclo de alta do petróleo. Clique no botão abaixo e acesse o documento especial que foi preparado para você conhecer este novo fundo.

[QUERO CONHECER O NOVO FUNDO VITREO PETRÓLEO]

Um abraço,

Jojo Wachsmann

CIO e sócio fundador da Vitreo
Também conhecido como Jojo, George Wachsamnn é CIO e sócio fundador da Vitreo. Economista pela USP, com mestrado pela Stanford University e mais de 25 anos de experiência no mercado, passou pelo Unibanco (onde ajudou a montar a área de fundo de fundos) e anos mais tarde montou a Bawm Investments que foi mais tarde comprada pela GPS - a maior gestora de patrimônio independente do Brasil onde ele também trabalhou por anos, cuidando de fortunas. Jojo lidera a equipe de gestão e ajuda a viabilizar versões mais baratas de produtos antes disponíveis apenas para brasileiros de alto patrimônio. Ele “conversa” com todos nossos clientes semanalmente no Diário de Bordo, o update semanal da Vitreo sobre mercados e produtos.
Também conhecido como Jojo, George Wachsamnn é CIO e sócio fundador da Vitreo. Economista pela USP, com mestrado pela Stanford University e mais de 25 anos de experiência no mercado, passou pelo Unibanco (onde ajudou a montar a área de fundo de fundos) e anos mais tarde montou a Bawm Investments que foi mais tarde comprada pela GPS - a maior gestora de patrimônio independente do Brasil onde ele também trabalhou por anos, cuidando de fortunas. Jojo lidera a equipe de gestão e ajuda a viabilizar versões mais baratas de produtos antes disponíveis apenas para brasileiros de alto patrimônio. Ele “conversa” com todos nossos clientes semanalmente no Diário de Bordo, o update semanal da Vitreo sobre mercados e produtos.
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