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Presidente do Bundesbank, banco central da Alemanha, alerta sobre euro digital

14 jan 2020, 15:11 - atualizado em 24 out 2020, 15:56
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Dr. Jens Weidmann, presidente do Banco Central da Alemanha, afirma que a União Europeia não deve lançar um euro digital (Imagem: Reuters/Lisi Niesner)

Dr. Jens Weidmann, presidente do Deutsche Bundesbank, contou, em entrevista ao jornal alemão Handelsblatt, que um euro digital não era a solução para uma ameaça de criptomoedas baseadas em blockchain como a Libra.

Em vez disso, ele diz que bancos precisam trabalhar para melhorar serviços de pagamento já existentes.

Moeda do BCE? “Nein!”

“Eu não acredito em sempre ter que confiar imediatamente no estado. Em uma economia de mercado, cabe às empresas desenvolver uma oferta adequada aos pedidos dos consumidores”, contou ele ao jornal.

No entanto, Weidmann não reconhece o valor de um sistema de pagamento digital como a Libra em países desenvolvidos. No entanto, ele acredita que euro — em sua forma atual — é uma moeda que se provou estável por décadas.

Enquanto vários de seus colegas, incluindo Christine Lagarde, a atual presidente do BCE, e Benoît Cœuré, membro da comissão executiva do BCE, pensam na introdução de um euro digital no futuro próximo, Weidmann acredita ser muito cedo para apresentar uma “moeda do BCE”.

“Primeiramente, é tudo uma questão de entender os lados positivos e negativos do dinheiro digital de banco central. Então, pode-se decidir se é necessário e se os riscos podem ser controlados”, afirmou ele.

Ele também tem preocupações sobre como uma moeda digital emitida por um banco central (CBDC) que interage com consumidores de varejo pode afetar a estabilidade financeira.

“Dinheiro digital de banco central pode mudar os aspectos fundamentais do sistema financeiro e torná-lo menos seguro. Dependendo do design, consumidores podem migrar de depósitos bancários para dinheiro digital de um banco central em grande escala e privar os bancos de uma fonte importante de finanças. O risco de um banco entrar em crise também poderia aumentar”, ele acrescentou.

Weidmann também não acredita que os atuais sistemas de blockchain são mais eficazes do que os já existentes em sistemas centralizados quando o assunto é pagamentos interbancários entre bancos centrais e bancos comerciais.

No entanto, ele acha que a indústria financeira vai adotar a tecnologia de blockchain por conta de eficiências, como contratos inteligentes que podem permitir transações de valores mobiliários de forma automatizada, por exemplo.

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Em vez de lançar um euro digital, bancos devem melhorar seus serviços de pagamento para competir com o crescente mercado de criptoativos, afirma Widmann (Imagem: Pixabay/heju)

Quando virá a moeda do BCE?

Apesar da posição conservadora do Dr. Weidmann em relação a um euro digital, o fato de que a China está se preparando para lançar um yuan digital vai forçar outras grandes potências a considerarem suas opções.

Enquanto a China tem a capacidade de implementar uma nova criptomoeda bem mais rápido do que qualquer outro país por conta de seu sistema político, e se sua criptomoeda aumentar a habilidade do país em controlar os fluxos de dinheiro e decretar medidas de política monetária, outras nações vão seguir a moda.

CBDCs eram a principal narrativa em 2019, pois vários bancos centrais estavam pesquisando sobre a possibilidade de lançarem uma versão digitalizada de suas moedas fiduciárias.

Em 2020, esperamos que as CBDCs continuem sendo um tópico recorrente, já que criptoativos estão, progressivamente, sendo considerados como uma possível ameaça às estruturas de pagamento existentes.

Ainda não sabemos se a Europa vai ser a próxima região a lançar sua própria criptomoeda, mas, julgando pela rapidez da evolução da tecnologia de blockchain e dos criptoativos na última década, é difícil não pensar nos europeus usando uma “moeda de BCE” em algum momento no futuro próximo.

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