Mercados

Problema de Ibovespa e de todo mundo: Títulos voltam a assombrar mercados

03 out 2023, 16:43 - atualizado em 03 out 2023, 16:44
Wall Street Nasdaq Dow Jones Mercados Estados Unidos
Mercados acionários sentem o peso da disparada dos títulos. (Imagem: REUTERS/Andrew Kelly)

Wall Street e os mercados europeus voltaram a soar os alarmes de incêndio nesta terça-feira (3), com o avanço obstinado das Treasuries, os tesouros públicos americanos.

Nesta tarde, S&P 500, Nasdaq e Dow Jones Industrial Average tombam 1,25%, 1,40% e 1,88%, respectivamente. Na Europa, com exceção de Londres, todos os principais índices acionários finalizaram a sessão com mais de 1,0% de perdas, de volta a mínimas de fevereiro.

Por trás da sangria, estão as taxas dos títulos da dívida de 1o anos, que ultrapassaram a marca dos 4.8%, renovando máximas não vistas desde a segunda metade de 2007.

O motivo para a maior onda vendedora de títulos do governo em 16 anos vem das apostas de que os juros nos Estados Unidos permanecerão elevados por um prolongado período de tempo.

De acordo com as projeções publicadas pelo Fed após a decisão do último dia 21 de setembro, há um risco de que o ciclo de afrouxamento monetário se inicie somente no fim de 2024.

Segundo analistas do mercado americano, outro fator que explica o avanço dos rendimentos no mercado de Treasuries é pressão por maiores compensações que possam cobrir o risco de carregar os ativos ao longo do tempo de maturação destes.

Um mercado revolto

Em entrevista ao Market Watch, Ed Yardeni, presidente da casa de análise Yardeni Research, descreve esses investidores, mais exigentes por altas compensações, como um “bando selvagem” que tomou controle do mercado de Treasuries.

Um sinal dessa migração pode ser observado em outro canto da renda fixa, com um fluxo de evasão de investimento em dívidas corporativas, ativos frequentemente muito procurados devido aos altos retornos.

O aumento da cobrança destes investidores se deve, a parte da ideia de juros mais altos por mais tempo, a uma mudança na percepção da saúde fiscal dos Estados Unidos. A dívida soberana do país gira em torno de US$ 33 trilhões.

Segundo Yardeni, a preocupação é que a escalada da dívida soberana do país fará o governo americano emitir mais títulos, em um ritmo maior do que o mercado seria capaz de suprimir, fato que acabaria levando a uma queda dos preços e aumento mandatório dos rendimentos.

Para o especialista, o nó que trava o mercado de Treasuries poderá ser desatado somente por um remédio: o arrefecimento da inflação e, de maneira correlata, maior vontade política em Washington de domar gastos.

Estagiário
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
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