Internacional

Proibição chinesa de frigoríficos: medo real da covid ou manipulação entre estoques e revisão de preços?

30 jun 2020, 16:00 - atualizado em 30 jun 2020, 16:28
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Persistem dúvidas sobre as reais motivações da China em bloquear compras de carnes de vários países (Imagem: Unsplash/@lanipham)

Dos movimentos chineses na direção dos bloqueios de frigoríficos de todas as proteínas, de países diversos, pode-se aceitar no mínimo duas suposições sobre os motivos: infecção do Sars-CoV-02 através das carnes, como o alegado, ou simplesmente estoques folgados, que ajudariam a cortar gordura dos preços internacionais e forçar negociações vantajosas, com grau de arbitrariedade comercial.

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São 18 plantas de bovinos, aves e suínos, prevalecendo os últimos, de nove países, e com possibilidade de mais indústrias entrarem na lista de proibições da GACC (autoridade alfandegária). O Brasil segue o sério risco de acrescentar novas já que pandemia não dá trégua na interiorização, onde estão as empresas.

Para Caio Toledo Godoy, consultor em Gerenciamento de Riscos da INTL FC Stone, a atitude chinesa não precisa ser vista necessariamente com desconfianças. “Há uma suspeita real e enquanto as investigações deles seguem, pelas dúvidas eles tentam manter certo controle sanitário”, diz.

A suspeita começou com a carne de salmão importado da Noruega, cujo vírus teria sido detectado em um mercado de Pequim, onde, inclusive, as autoridades bloquearam bairros adjacentes e confinaram 500 mil pessoas.

Ainda que os chineses importaram muita carne de bovinos, suínos e aves, nos últimos três meses – incluindo recordes de embarques (porco) dos Estados Unidos – para o consultor não há a menor ideia dos níveis reais de estoques chineses.

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Mas para o ex-vice presidente da Sociedade Rural e ex-negociador internacional para o Brasil, Pedro de Camargo Neto – que admite que o caso do salmão “apavorou os chineses”, quando a pandemia dava sinais firmes de recuo a economia voltava a funcionar -, o país deve ter feito estoques.

Mesmo diante de evidências firmes que os agentes de saúde chineses possam ter do contágio através das carnes, fica a impressão de que a China não sairia paralisando suas importações a toque de caixa se não estivesse com bons inventários.

A par dessa possibilidade, Marcos Jank, professor e pesquisador do Insper, e ex-CEO da Asia-Brazil Agro Alliance, pensa que esse é um jogo bem real da China. “São mestres nisso”, ao qual acrescenta no cálculo “arbitrariedade e xenofobia” por parte do maior comprador mundial de alimentos.

Como para ele não há potencial de transmissão do vírus por carnes ou através dos animais domésticos, a China estaria usando seu poder de pressão e barganha de preços, enquanto está com algum conforto nos volumes guardados.

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Repórter no Agro Times
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
giovanni.lorenzon@moneytimes.com.br
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