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Quantos bilhões a Americanas (AMER3) precisa para se manter? Mais do que Lemann quer pagar, calcula XP

15 jan 2023, 11:13 - atualizado em 15 jan 2023, 21:19
ações americanas
Americanas: Acionistas e bancos ainda não chegaram em acordo para a injeção de capital (Imagem: REUTERS/Sergio Moraes)

A derrocada da Americanas (AMER3), que começou na quarta-feira depois de inconsistências contábeis de R$ 20 bilhões, ganhou mais um capítulo na sexta-feira após a empresa ganhar na justiça uma proteção contra execução de dívidas.

Depois de 30 dias, a varejista terá que decidir se irá entrar com pedido de recuperação judicial (RJ). Segundo informações que circulam pela imprensa, a companhia não deseja pedir RJ, mas terá que fazê-la caso não chegue a um acordo com os bancos.

Tudo começou quando o BTG Pactual (BPAC11) solicitou o adiantamento de R$ 1 bilhão da Americanas. Na última sexta, a companhia realizou uma reunião com bancos para tratar de negociações sobre as dívidas, que segundo a decisão do juiz chegam a R$ 40 bilhões.

Ainda de acordo com a Bloomberg, os bancos aceitam prolongá-las, desde que haja uma injeção de capital.

Os acionistas de referência da Americanas, a 3G Capital, formada pelos bilionários Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, querem R$ 6 bilhões, mas os bancos R$ 10 bilhões.

Porém, para a XP Investimentos nem um nem outro valor será suficiente para tampar o rombo da empresa. Pelos cálculos dos analistas Danniela Eiger, Gustavo Senday e Thiago Suedt, o montante da oferta de ações deveria ser de R$ 12 bilhões a R$ 21 bilhões.

Eles assumiram diferentes níveis de alavancagem e margem Ebitda, dada a falta de visibilidade quanto às demonstrações financeiras após os eventos recentes.

E se a Americanas solicitar recuperação judicial?

A corretora elencou quatro consequências caso a empresa decida realizar uma recuperação judicial, o que pode ser considerada a alternativa mais provável segundo a XP, dado o tamanho da dívida da Americanas e da potencial necessidade de capital, além do número de credores envolvidos.

Os analistas recordam ser um processo longo, com duração média de três anos, mas excedendo esse prazo em muitos casos — a Oi (OIBR3), o maior caso de recuperação judicial do Brasil, demorou seis anos.

Outra consequência seria a saída do Ibovespa, já que de acordo com a metodologia da B3, as companhias em RJ não são elegíveis para entrar no índice, o que pode impactar negativamente a liquidez da varejista.

Além disso, segundo os analistas, as ações tendem a sofrer com a volatilidade durante processos de recuperação judicial, uma vez que as medidas são focadas nos credores e são geralmente diluitivas aos acionistas.

Entre as soluções para a saída do processo estão o desinvestimento de ativos, renegociação de dívidas, conversões de dívidas em ações e aumento de capital.

A Natural da Terra, hortifrúti comprada pela Americanas em 2021, e a rede Vem Conveniência, joint venture com a Vibra (VBBR3), estão entre os ativos que podem ser vendidos, segundo informações do Valor Econômico.

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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