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Quem são os “Degen” da Web 3.0? Entenda como eles podem te ensinar a lucrar, e que cuidados tomar

11 dez 2022, 18:00 - atualizado em 09 dez 2022, 8:33
Degens Web 3.0 NFT criptoativos
A comunidade do “submundo” da Web3 pode fornecer bastante oportunidades, mas também muitos prejuízos ao investidor comum (Imagem: Twitter/Reprodução)

Redes sociais como o Twitter, Discord e Reddit são sem dúvida plataformas muito usadas para discutir sobre tecnologia, inteligência artificial, filosofia e claro, criptoativos e blockchain.

Mas, vez ou outra, é a raiz do surgimento de criptoativos memes, as “memecoins”, e até mesmo fraudes, golpes e falsas promessas de rápidos retornos.

Isso acontece porque o mercado cripto é composto por um público, em sua maioria do varejo, jovem e entusiastas por tecnologia, que podem acabar prejudicando um ao outro no processo de aprendizagem.

A comunidade mais intrínseca dentro deste mercado se auto-intitula de “Degens”, ou “Degenerate”, que significa degenerados em português. São eles que mais estão por dentro do que acontece no universo da Web 3.0, e que podem te fazer ganhar dinheiro.

Entretanto, além de entender seu vocabulário único, é preciso saber como separar suas informações. Os “Degens”, se seguidos cegamente, também podem causar prejuízos inestimáveis aos investidores comuns.

Nessa reportagem, o Crypto Times explica quem são os “Degens”, como evitar que façam o investidor comum perder dinheiro, e alguns exemplos de como usufruir dessa comunidade para estar atento a oportunidades de lucro.

Quem são os Degens?

“Degens” é um termo utilizado entre a comunidade de investidores de criptoativos e NFTs. O termo significa Degenerate e existem duas definições.

A primeira é usada para definir aqueles que estão sempre conectados com as novidades, buscando novas formas de lucrar, e podem ser vistos como personagens positivos no mercado.

Já a segunda definição, é usada para classificar aqueles que compram um ativo não porque vê valor, mas sim com a crença de que outros se juntarão a eles e irão especular sobre as oscilações de preço.

Para Lugui Tillier, construtor em Web3 da Lumx Studios, os “Degens” fazem parte de uma comunidade que pode ajudar o investidor a localizar-se e se encontrar no mercado cripto, ao menos enquanto existem.

“Sempre brinco que precisamos aproveitar o melhor deles enquanto dura. Quanto mais ‘mainstream’ [comum] cripto se tornar, menos Degens teremos”, diz. 

O motivo do porque isso acontece é “simples”, esse mercado teve início no varejo, em fóruns da Internet onde entusiastas de tecnologia debatiam entre si sobre descentralização das coisas.

“É curioso. Não vemos ‘Degens’ na bolsa de valores. Óbvio que existe o cara que se arrisca em IRB (IRBR3), Oi (OIBR3) e Via Varejo (VIIA3) que são teses mais arriscadas e com baixos fundamentos só pelo fato de exitirem influenciadores que através de lives, memes e piadas convergem milhares de investidores a comprarem a ação. Mas isso está longe de ser a essência do ‘Degen’ de cripto. Diria que é uma persona com várias camadas e níveis de profundidade que habitam nesse universo da Web3”, explica.

Além do público, a tecnologia também favorece a cultura. O fato de que “qualquer um” com experiência em programação possa criar um token em uma rede blockchain acaba diversificando bastante os tipos de ativos e NFTs que existem no ecossistema.

Não obstante, a globalização desse mercado – pode ser negociado sem fronteiras – e não existir um “fechamento de mercado” são fatores que também impulsionam os perigos, tanto quanto as vantagens.

“GM, Frens! WAGMI….Wen lambo?”

Se por acaso não tiver entendido o texto acima, um “Degen” saberia te explicar. A tradução seria “Boa noite, amigos. Vamos todos passar por isso. Quando ficaremos ricos?”.

Entre o vocabulário da comunidade estão expressões como “GM” e “GN” [Good Morning e Good Night]; “WAGMI” [We All gonna Make It, ou “vamos todos conseguir passar por isso”] e “NAGMI” [Not Gonna Make It, ou “não vamos conseguir].

A comunidade é muito reforçada por bom humor e piadas, e a brincadeira de que um investimento em uma criptomoeda dará como retorno uma lamborghini, “lambo”, é recorrentemente utilizada.

“Acredito que algumas dessas características [do Degen] seriam justamente uma pessoa muito ligada à cultura dos memes, e demonstra um senso de despreocupação muito grande. Um otimismo muito forte, que pode ser até que seja uma ignorância, sobre tudo que acontece”, explica Tillier.

O mercado cripto pode levar socos e mais socos, crises como a da FTX podem desanimar o investidor comum, mas para os “Degens”, é motivo de fazer piada, e demonstrar que tudo vai acabar bem no final.

“Existe também a questão do ‘underground’. Geralmente os ‘Degens’ vivem, se comunicam e expressam sua voz em plataformas de informação muito rápidas como Twitter, Reddit e agora Discord. É ‘um cara’ muito impulsivo, que age no mercado momentâneo, e nem sempre olhando o longo prazo, ou com calma para validar alguma coisa”, alerta.

Os “Degens” são dinâmicos, e geralmente são capazes de gerar FOMO (medo de ficar de fora de uma oportunidade) no investidor comum. “É instintivo, ele está sempre tentando acompanhar o mercado em sua velocidade total, não só consumindo como também falando sobre”, diz.

“DYOR, Don’t trust, verify”

É nesse ponto que é preciso ter cuidado, e entender duas expressões conhecidas entre a comunidade que investe em criptomoedas. DYOR, sigla para “faça sua própria pesquisa” em inglês, e “não confie, verifique”.

“Existe a questão do vínculo [dos ‘Degens’] à especulação e especulações financeiras. Vai ser ‘o cara’ que muitas vezes está menos ligado aos fundamentos e o motivo de algo ter surgido, mas sim em quanto isso pode valorizar. Essa é uma métrica muito forte para o ‘Degen’, o que faz muitas vezes uma pessoa virar um ‘Degen’ é a busca por retorno financeiro muito rápido”, diz Tillier.

O fato dessa comunidade buscar transmitir informações em tempo real, e de forma muito rápida, sem antes verificar pode resultar em oportunidades de lucros, uma vez que o mercado é líquido e dinâmico. Mas também pode acarretar a desinformação e prejuízos financeiros.

“Existe o ‘Degen’ que é completamente detrator, e compartilha um monte de links, [esse ‘Degen’] é eufórico. Quando o Bitcoin ‘tá’ subindo ele diz que o Ethereum vai chegar em US$ 10 mil, e no dia seguinte acredita que acabou tudo”, diz.

Tillier explica que é tudo muito líquido para essa espécie de “Degen”, não só as criptomoedas dele, como as informações e o compromisso com a verdade.

“O novo analista financeiro”; troque seus ternos por um NFT caro

Em meio a esta comunidade dinâmica, pouco confiável, que utiliza meios pouco convencionais para se comunicar, existem “Degens” famosos que podem ser um excelente ponto de partida para ficar atento aos movimentos deste mercado.

Um deles, atua como anônimo, e se identifica através de seu NFT do CryptoPunks”. O “punk6529” possui mais de 420 mil seguidores em seu Twitter e constantemente divulga suas análises e pensamentos sobre o mercado.

“É um cara que tem muito dinheiro, mas a comunicação não é voltada paraa parte financeira. Ele traz justamente muitas reflexões sobre o mercado, a questão do otimismo e também traz a questão do meme. Ele tem até uma coleção que chama ‘The Memes by 6529’ e é muito ligado à raiz da cultura da Web3”, diz.

Tillier comenta que o “Degen” com mais de 420 mil seguidores é visto como um porta-voz, e canal de comunicação, entre o “submundo” do mercado com o restante da comunidade. 

“Ele sabe das coisas super antigas, e das que acontecem somente no Reddit, e traz de uma maneira um pouco mais curada”, diz.

Para Tillier, seguir bons “Degens” é útil, uma vez que acontece sempre muita coisa nova no mercado de criptoativos, e ter acesso à análises aprofundadas quase que em tempo real é uma maneira de estar atento a oportunidades.

Por outro lado, os mais desesperados, e até mal-intencionados, podem influenciar as pessoas a investirem em projetos ruins, muitas vezes apenas para que ele mesmo consiga vender seus ativos – tática chamada de exit liquidity, ou saída de liquidez.

Outro “Degen” bastante seguido é o Crypto Kaleo. O perfil no Twitter contabiliza 551 mil seguidores e suas análises sempre são recompartilhadas na rede social.

No que tange investigação de fraudes, Mike Burgersburg, pseudônimo do investigador por trás da Dirty Bubble Media, é um dos mais conhecidos. O investigador estuda sobre fraudes e criptomoedas, sendo ele um dos agentes que ajuda em investigações sobre a FTX.

Para o mercado de NFTs, um dos analistas mais comentados é outro membro da comunidade dos CryptoPunks. O “punk9059”, ou NFTstatistics.eth, conta com mais de 67 mil seguidores atentos em suas análises.

O “Degen” também é diretor de pesquisas em NFTs de uma comunidade com quase 100 mil seguidores, o proof_xyz.

A construção de marca em volta do NFT, e de bons conteúdos de análises em alguns casos, geralmente resultam em um anonimato natural. Os seguidores muitas vezes não se incomodam com o fato de não saberem ao certo quem são.

Algo que pode justificar esse comportamento, em cenários de conteúdos legítimos, é que as informações dadas são verificáveis por blockchain, e o próprio autor tende a reforçar: “Não confie em mim, verifique”.

Repórter do Crypto Times
Jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Repórter do Crypto Times, e autor do livro "2020: O Ano que Não Aconteceu". Escreve sobre criptoativos, tokenização, Web3 e blockchain, além de matérias na editoria de tecnologia, como inteligência artificial, Real Digital e temas semelhantes. Já cobriu eventos como Consensus, LabitConf, Criptorama e Satsconference.
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Jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Repórter do Crypto Times, e autor do livro "2020: O Ano que Não Aconteceu". Escreve sobre criptoativos, tokenização, Web3 e blockchain, além de matérias na editoria de tecnologia, como inteligência artificial, Real Digital e temas semelhantes. Já cobriu eventos como Consensus, LabitConf, Criptorama e Satsconference.
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