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Real Investor cresce, aposta nos ‘bancões’ e fica mais seletiva

09 set 2020, 11:37 - atualizado em 09 set 2020, 11:37
Banco do Brasil BBAS3
Após “fazer a feira” em meio à turbulência do mercado no primeiro semestre e ficar com entre 30 e 35 nomes na carteira, Paiva diz ter adotado uma postura mais seletiva (Imagem: Wikimedia Commons)

Bancos, empresas de serviços de utilidade pública, propriedades comerciais e a mineradora Vale (VALE3) estão entre as principais apostas da gestora Real Investor na bolsa brasileira.

O fundo Real Investor FIA BDR Nível I viu o total de ativos multiplicar por dez ao longo dos últimos dois anos e é gerido por Cesar Paiva, 37, que começou a Real Investor como um clube de investimentos em 2008.

Baseado em Londrina — cidade onde nasceu — e adepto do ‘value investing’, Paiva chegou a atuar como bancário e agente autônomo de investimentos.

Após “fazer a feira” em meio à turbulência do mercado no primeiro semestre e ficar com entre 30 e 35 nomes na carteira, Paiva diz ter adotado uma postura mais seletiva. O fundo, que chegou a ficar quase 100% comprado, está carregando um pouco mais de caixa.

O Banco do Brasil (BBAS3) — “barato demais para ignorar” — é sua maior posição. Paiva destaca os cortes de custos da gestão atual do banco, sua carteira de crédito mais conservadora e múltiplos atrativos — o papel hoje negocia perto de 0,8 vezes o seu valor patrimonial. Outros nomes no setor incluem Bradesco (BBDC4) e Banrisul (BRSR6). 

“Os grandes bancos têm desafios pela frente e a parte de receita com serviços está sendo atacada”, disse Paiva. “Mas a dose da queda foi exagerada”, diz. Em relatório recente, o Bank of America disse que o setor financeiro está “suficientemente negligenciado”, adicionando que o ruído sobre possíveis mudanças regulatórias e tributação parece ter diminuído.

O segundo maior investimento do fundo é em Vale, que acumula alta de 13% no ano. A posição foi montada logo após o desastre de Brumadinho e aumentada durante a crise. “A Vale errou e está buscando corrigir o erro”, disse.

No fim de julho, a empresa anunciou o restabelecimento da política de remuneração aos acionistas que fora suspensa em janeiro do ano passado.

Paiva também gosta de Aliansce Sonae (ALSO3) por conta de sua baixa alavancagem e diz que a BR Properties (BRPR3) está com “o melhor portfólio de sua história”. Entre as utilities, os nomes preferidos são Sanepar (SAPR4), Energias do Brasil (ENBR3) e Neoenergia.

O gestor prefere ficar longe do ‘trade de tech’ por conta do valuation esticado. “Alguns gestores costumam justificar o investimento em empresas de tecnologia com projeções de dez, quinze anos de crescimento robusto”, disse. “Não me sinto muito confortável em fazer projeção tão longa e secular para determinado nome, ainda mais no Brasil.”

O fundo viu o número de cotistas aumentar de cerca de 15 mil no fim de 2019 para mais de 38 mil em agosto. No ano, o fundo cai 6%, contra uma baixa de 13% para o Ibovespa. A Real Investor tem cerca de 25 funcionários e está se mudando para um novo escritório — com o dobro da metragem atual.

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