Internacional

Exportações da China cairão, pelo menos, 13%, devido ao coronavírus

13 abr 2020, 8:39 - atualizado em 13 abr 2020, 8:50
China Exportações Importações
Previsões apontam para uma queda de 10% ou mais em março tanto para exportações quanto para importações (Imagem: Unsplash/@markuswinkler)

A retração do comércio exterior da China deve continuar ao longo do segundo trimestre, já que a demanda global permanece fraca diante das medidas em vários países para conter o atual surto de coronavírus.

Previsões apontam para uma queda de 10% ou mais em março tanto para exportações quanto para importações, e os dados esperados para terça-feira devem mostrar continuidade das baixas observadas nos dois primeiros meses do ano.

As perspectivas também são sombrias: a Organização Mundial de Comércio agora diz que 2020 poderá registrar o pior colapso do comércio internacional desde a Grande Depressão.

Os embarques da China se estabilizaram em 2019 devido à guerra comercial com os EUA e à desaceleração do crescimento global. E, com o surto de vírus, a China teve o pior início de ano desde 2012: nos dois primeiros meses, as exportações caíram 17,2% em relação ao ano anterior.

Parceiros comerciais como os EUA devem enfrentar muitos mais meses de paralisações antes que o consumo e a manufatura possam voltar ao normal.

“Se os principais mercados de exportação da China, incluindo a União Europeia e os EUA, forem atingidos no segundo trimestre devido à pandemia, é muito provável que as exportações da China sejam duramente afetadas durante o período”, disse Betty Wang, economista sênior do Australia & New Zealand Banking Group, em Hong Kong. “Não será surpreendente se as exportações da China caírem em dois dígitos na comparação anual no segundo trimestre”, mesmo que um aumento dos embarques relacionados à medicina compense um pouco a perda, disse.

Outros especialistas compartilham as estimativas. Ning Zhang, economista do UBS, projeta que as exportações caiam 20% entre abril e junho, citando a perspectiva de recessões nos EUA, Europa, Japão e algumas economias emergentes. Larry Hu, do Macquarie Group, acredita as exportações devem cair ainda mais no segundo trimestre, e sua previsão é de queda de pelo menos 13% em 2020.

No cenário mais otimista da OMC, o volume do comércio internacional pode cair 13% em 2020. A última queda semelhante foi em 2009, quando o volume do comércio encolheu 12% durante a crise financeira. No cenário pessimista, a OMC estima que o volume do comércio global possa diminuir 32% este ano.

Se o caso pessimista se concretizar, as exportações chinesas poderiam encolher muito mais de 13%, segundo Hu, do Macquarie.

Embora grande parte dos fracos dados de fevereiro tenha sido resultado das medidas domésticas da China para conter o surto, a ironia é que empresas retomam as atividades e se aproximam da capacidade total no momento em que os mercados no exterior se fecham.

A maioria dos exportadores chineses havia retomado mais de 70% da capacidade de produção até 30 de março, segundo o Ministério do Comércio, mas as fábricas já registram cancelamentos de pedidos.

A economia chinesa deve mostrar retração de 6% no primeiro trimestre na comparação anual. Seria a primeira queda desde que os dados começaram a ser divulgados em 1992.

A expectativa é de recuperação no segundo trimestre, mas a força de qualquer retomada depende em parte do desempenho do comércio.

O mundo pode enfrentar a pior recessão desde a década de 1930, e metade dos países membros do Fundo Monetário Internacional já solicitou ajuda, o que reduz as perspectivas de que o comércio global melhore em breve.

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