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Risco de default entre aéreas da América Latina é o dobro da média global

18 maio 2020, 8:57 - atualizado em 18 maio 2020, 10:23
A ajuda de governos demora a se materializar na região, o que deixa as empresas mais vulneráveis às restrições de viagens e ao aterramento de aviões (Imagem: Unspash/@pixtolero2)

Companhias aéreas da América Latina têm o dobro de probabilidade de se tornarem inadimplentes no próximo ano do que outras operadoras globais.

A ajuda de governos demora a se materializar na região, o que deixa as empresas mais vulneráveis às restrições de viagens e ao aterramento de aviões.

Há uma probabilidade média de 11% de default entre as maiores companhias aéreas da América Latina ao longo do próximo ano.

O maior risco é o do Grupo Aeromexico, com quase 19% de chance de inadimplência, de acordo com um teste de estresse da RapidRatings International fornecido à Bloomberg. A probabilidade global de default em um ano é de cerca de 5%.

“O verdadeiro desafio é que nenhuma das companhias aéreas tem como prever a duração desta crise”, disse James Gellert, diretor-presidente da RapidRatings, com sede em Nova York, que analisa a saúde financeira de empresas globais. “Companhias aéreas latino-americanas são relativamente fracas.”

A RapidRatings havia identificado a Avianca Holdings como a mais vulnerável antes de a segunda maior aérea da região pedir proteção contra falência em 11 de maio, sob o argumento de que os efeitos da pandemia de Covid-19 obrigaram a uma reorganização.

A empresa planeja continuar operando durante o processo, mas o pedido de recuperação judicial preocupa investidores, que se desfazem de títulos da dívida de operadoras na América Latina e empurram o rendimento dos títulos ainda mais para território distressed, ou de alto risco.

A análise, que leva em conta a queda dos lucros e a deterioração das condições macroeconômicas, mostra que a Azul tem 10% de probabilidade de default no próximo ano, enquanto a Gol (GOLL4) indica chance de 3,3%.

A Gol disse que possui R$ 4 bilhões em liquidez total, o suficiente para cobrir despesas e dívidas por mais de 10 meses.

“A Gol fez as reduções de custos necessárias rapidamente e aumentou a liquidez para enfrentar a crise”, escreveu um representante da empresa em e-mail.

A Gol afirmou que está confiante de que o balanço pode resistir às atuais condições do mercado e que, como companhia aérea de baixo custo e menores tarifas, está “bem posicionada para uma recuperação das viagens aéreas”.

Um representante da Azul não respondeu a um pedido de comentário.

Aviação Latam Gol
A Gol disse que possui R$ 4 bilhões em liquidez total, o suficiente para cobrir despesas e dívidas por mais de 10 meses (Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli)

Em meio à pandemia de Covid-19, os voos na América Latina e Caribe despencaram 93% neste ano até o fim de abril, a maior queda do que em qualquer região fora da África, de acordo com a Associação Internacional de Transporte Aéreo. A demanda deve demorar para se recuperar mesmo após o fim das restrições às viagens.

Com isso, as aéreas correm risco de perder pelo menos US$ 18 bilhões em receita de tráfego de passageiros neste ano.

O setor pediu aos governos ajuda financeira, incentivos fiscais e outras medidas. O Brasil parece ser o primeiro a responder e prepara um pacote de cerca de R$ 4 bilhões em créditos, o que poderia ajudar Azul (AZUL4), Gol e Latam. As aéreas não disseram se aceitarão os termos.

Melhora

Fernando Abdalla, analista do JPMorgan Chase que já havia identificado a Avianca como a mais problemática das aéreas da região em março, quando começaram as proibições de viagens, vê poucas chances de um default generalizado.

“A situação tem melhorado já que as companhias aéreas tomaram medidas para reduzir custos e adiar alguns pagamentos de curto prazo”, escreveu em e-mail.

Operadoras como Azul e Latam tem conversado com bancos para ajustar acordos e garantir que não violem os limites da dívida, disse.

JPMorgan
Fernando Abdalla, analista do JPMorgan Chase que já havia identificado a Avianca como a mais problemática das aéreas da região em março, quando começaram as proibições de viagens (Imagem: Reuters/Mike Segar)

Além da Avianca, o “risco de liquidez para as outras companhias aéreas permanece baixo”, afirmou, “pelo menos por enquanto”.

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